Consumo da energia elétrica no Pará cresceu quase 9% de janeiro a agosto

Conselho Estadual de Consumidores de Energia Elétrica afirma que, com a chegada do verão amazônico, fica ainda mais difícil controlar o consumo.

Natalia Mello
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O consumo da energia elétrica em geral aumentou 8,8% de janeiro a agosto no Pará, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), saindo de 2.511 Megawatts médios para 2.733 MWm, superando os índices registrados no Brasil no mesmo período, que apresentou um crescimento de 6,7% no consumo, saltando de 3.236 para 3.480 MWm. Comparando o mês de agosto de 2020 e 2021, considerado um dos meses mais quentes do ano devido ao verão amazônico, o aumento foi de 5,7% no Estado, sendo o maior consumo da região Norte, contra 3,4% no Brasil.

Para piorar, a tarifa segue no bandeiramento vermelho. Segundo o presidente do Conselho Estadual de Consumidores de Energia Elétrica, Carlindo Lins, também consultor nacional de energia elétrica, o Estado registrou um dos maiores aumentos do período entre as federações. “Houve alguns estados que caíram o consumo, mas o nosso cresceu. A verdade é que nós estamos torrando. O calor está muito forte, e aí o consumo da energia aumenta. Também temos a mineração a toque de caixa, commodities subiram, o comércio está restabelecido, depois de um 2020 parado”, afirmou.

Carlindo lembra que o ano passado foi atípico, com uma paralisação de muitas indústrias por conta da Covid-19, além de setores que precisaram parar, alguns por falta de mercado, outros por decreto. “A verdade é que o governo não ajuda. O setor elétrico afetou muito as empresas que têm contrato de consumo e demanda pessoal de alta tensão, mesmo sem terem consumido absolutamente nada, fecharam por força de um contrato assinado mesmo sem utilizar o serviço. Negociei com a concessionária para parcelar, porque restaurantes, lojas, cinemas, shoppings, as pessoas sem dinheiro, então precisa ter essa sensibilidade”, explicou.

O conselheiro afirma que, devido ao cenário vivenciado, é possível afirmar, sim, a orientação para racionamento. “Quando o governo decretou que os órgãos reduzissem 20% dos funcionários, quando está negociado para as indústrias trabalharem somente no horário de pico, quando você diz para as pessoas economizarem, é porque está tendo racionamento. É quando você diz: ‘ou você desliga a sua luz ou vai pagar isso aqui para mim’. É assustar mesmo, porque se você não controlar, você vai pagar muito alto pela energia”, pontua.

O setor de comércio e serviços, por exemplo, ganhou destaque nesse crescimento, com 22% e 20,4% de aumento no consumo da energia elétrica no comparativo de agosto de 2020 e agosto de 2021. Segundo Carlindo, isso se deve aos setores paralisados por conta da pandemia, que retomaram as atividades com força total neste segundo semestre. “Está associado à flexibilização das medidas restritivas da Covid-19”, concluiu.

Consumidores

A bancária Marcela Sarmanho, de 37 anos, afirma que esse consumo aumentou consideravelmente nos lares. Mesmo sem chuveiro elétrico e pouco uso de ar condicionado, a família sentiu de forma intensa o aumento do consumo e, devido aos últimos reajustes, de 8% no preço do serviço, o impacto foi sentido também no valor pago pela energia elétrica. Ela também lembra que, com o marido e os três filhos, buscam eletrodomésticos com menor consumo de energia, mas, com as atividades obrigatórias, como lavar as roupas, fica difícil economizar.

“Embora saibamos que o aumento é justamente buscando uma diminuição no uso por causa de escassez, temos o fator climático que vem de contra ao ‘não consumo’. Como não usar o ventilador, no meu caso, o dia inteiro com esse calor que faz em Belém? Ainda que abençoados pela chuva diária, também utilizamos o eletrodoméstico, pois as janelas precisam estar fechadas. Vale ressaltar que as crianças em ensino remoto contribui também para o aumento do consumo em casa. Muito difícil pensar em uma estratégia que se adeque à nossa realidade”, concluiu.

Infográfico

Consumo da energia elétrica – mercado livre e regulado

Janeiro a agosto

Pará

Cresceu 8,8%, saiu de 2.511 MWm para 2733 MWm

Brasil

Cresceu 6,7%, saiu de 3.236 MWm para 3.480 MWm

Consumo – mercado livre

Pará (agosto/2020 e agosto/2021)

Aumento de 5,7% (passou de 321 MWm para 341 MWm)

Extração de minerais: - 9% (caiu de 324,7 MWm médios 296,5 MWm médio)

Metalurgia: + 9% (passou de 909,8 MWm para 993,1 MWm)

Comércio: + 22% (passou de 32,84 MWm para 40,23 MWm)

Serviços: + 20,4% (passou de 19,34 MWm para 23,29 MWm)

Pará (Janeiro a agosto de 2021)

Aumento de 14% (passou de 1.311 MWm para 1.493 MWm)

Extração de minerais: + 6,3% (passou de 320,9 MWm para 341,3 MWm)

Metalurgia: + 15,3% (passou de 854,4 MWm para 985,2 MWm)

Comércio: + 28,6% (passou de 29,27 MWm para 37,65 MWm)

Serviços: + 32,7% (passou de 16,21 MWm para 21,51 MWm)

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