Companhias aéreas retomam ofertas de voos e assentos no Pará
Latam vai retomar a rota Belém-Macapá com sete voos semanais

A malha aeroviária paraense reduziu consideravelmente por conta da pandemia de covid-19 em 2020 e 2021, mas aos poucos está ganhando mais voos. A Latam, por exemplo, decidiu retomar agora a rota Belém-Macapá com sete voos semanais e quase 96% da oferta doméstica de assentos no Pará na comparação com o mês de novembro de 2019, antes da pandemia do novo coronavírus. Outras rotas estão sendo ampliadas pela companhia: Belém-Brasília (de 12 para 14 voos semanais), Belém-Fortaleza (de 7 para 14 voos semanais), Belém-São Paulo (de 14 para 20 voos) e Marabá-Brasília (de 6 para 7 voos semanais). A rota Belém-Manaus, que não era operada desde 2020, volta com dois voos semanais
Enquanto isso, a TAP voltou a operar dia 1º de novembro o voo Belém-Lisboa, que terá dois voos semanais às quartas e domingos e é no momento o único voo internacional que parte de Belém do Pará, já que a Latam não indica nenhuma previsão do voo que costumava ir de Belém para Miami antes da pandemia. Além disso, haverá a ampliação das operações nas rotas Marabá-Brasília (de 7 para 10 voos semanais) e Santarém-Brasília (de 7 para 10 voos semanais).
Outro anúncio que animou os paraenses foi o da companhia aérea Azul, que pretende operar voos em 14 municípios paraenses. A primeira fase do projeto já iniciou e contempla destinos no oeste paraense, como Itaituba, Porto Trombetas, Breves, Monte Dourado, Almeirim, Juruti, Monte Alegre, Óbidos e Oriximiná, por meio da subsidiária Azul Conecta e, na maioria dos casos, com escalas em Santarém. Em dezembro de 2021, a segunda fase da expansão prevê a introdução de operações em Tucuruí e Paragominas, também com serviços da Azul Conecta, sem data definida para o início da vendas das passagens. Um outro voo, para Salinópolis, aguarda certificação aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"Embora já consolidada, a operação da Azul no Pará será ainda maior em 2022, com a expansão de voos e destinos no estado, principalmente por meio da Azul Conecta, empresa sub-regional da Azul Conecta. Em novembro a empresa inaugura dois novos destinos e já programa, para março do próximo ano, um aumento expressivo na oferta de assentos em Itaituba e Porto Trombetas", afirma o diretor de Relações Institucionais da Azul, Marcelo Bento Ribeiro.
Já a Gol aumentou a frequência semanal nas rotas entre Belém-Macapá (dois voos diários) e Belém-Santarém (um voo diário). Em novembro, o trecho Carajás-Belo Horizonte iniciou para atender demandas de tráfego corporativo da região e, em dezembro três rotas serão lançadas pela companhia: Belém-Rio de Janeiro, Belém-Salvador e Santarém-Brasília. A Gol quer aumentar ainda em dezembro em 46% a capacidade de assentos no estado, com reforço para alguns destinos como São Paulo e Fortaleza. E o dia 9 de janeiro marca o retorno da oferta internacional para o Suriname, com voos entre Belém e Paramaribo, sempre aos domingos.
Engenheiro florestal há mais de 20 anos, Sandro Lages viaja todos os meses para o oeste do Pará, sempre a trabalho. Ele conta que a oferta de voos foi completamente afetada pela pandemia, o que desacelera a dinâmica econômica do estado, considerando as grandes distâncias da região amazônica. Lages lembra que com o avanço da vacinação alguns voos foram sendo reintroduzidos aos poucos, mas com uma frequência alta de cancelamentos por conta da falta de passageiros.
"A Gol e a Latam só fazem Belém, Santarém e Manaus. A Gol atendia toda a região do sul do Pará. Já a Azul sei que tem os voos para Santarém e Manaus e Parintins que param em Itaituba e aquela cidade da mineradora [MRN, no distrito de Porto Trombetas]. A oferta de voos é muito deficiente e como não tem concorrência as empresas abusam do valor. Tem dias que faço Belém-Santarém por mil reais enquanto Belém-São Paulo é 490. Fica variando e mesmo comprando com antecedência gira em torno, em média, de 600 a 700 reais. Há demanda, pois a economia do oeste do Pará, por exemplo, cresceu muito", afirma.
Ele lembra que a economia de Itaituba gira em torno do minério, como o ouro, a agropecuária e a madeira, bem como a soja do porto de Miritituba. Sandro acredita que o crescimento econômico da região ultrapassou a oferta de voos, já que muitos empresários, investidores e vendedores circulam pelos interiores do Pará. "Para conseguir vaga em hotel por lá é complicado. A demanda é muito grande. Acho que uma companhia que conseguisse nos atender nas cidades de economia mais forte do estado. Em Parauapebas, por exemplo, estão todas as empresas que prestam serviço para a Vale. É muita movimentação. E muito sofrimento também. Daqui para Marabá são 12 anos. Para Parauapebas, 16 horas. Já tive que vir de Santarém para Belém de barco. São três dias. De Santarém para Itaituba são nove horas de barco", lamenta ele.
Antônio Marques é engenheiro de produção e conta que os preços doem no bolso. Ele trabalha em Tucuruí e conta que as passagens podem variar de 300 a 1.000 reais e que a compra das passagens precisa ser planejada com antecedência para caber no orçamento. "O problema da baixa oferta é real, mas os preços são altos também. Se deslocar na Amazônia é caro. E aí tudo fica mais caro aqui, né? Afasta empresa, investimento. Como se explica voos de Belém para São Paulo ou Brasília que custam a metade do preço de um voo aqui dentro do estado? E muitas vezes é a única opção viável", diz ele.
A queixa tem fundamento: os preços das passagens aéreas no Brasil dispararam e marcaram 34,35% no placar da inflação de outubro, quando comparados com os valores de setembro. No acumulado no ano, as passagens aéreas registram alta de 13,26%. Nos últimos 12 meses, o aumento chegou a 50,36%. Por outro lado, um levantamento do buscador de viagens Kayak atesta que os destinos internacionais ficaram mais baratos, com destaque para as cidades de Orlando (-28%), Madri (-22%) e Paris (-21%).
"Existe essa facilidade fora do Pará e fora do Brasil. Temos boas estradas se você for ver em toda a região mais perto de Belém, que é a região nordeste, até Paragominas, Bragança. Mas as distâncias até as cidades mais pujantes do nosso estado, que ditam o tom da nossa economia atualmente, só serão vencidas de avião mesmo. Não tem jeito. Minha torcida é que com o avanço da vacinação e a economia ganhando fôlego que mais e mais voos lotem e mais mais voos sejam anunciados", diz Marques. A reportagem não conseguiu contato com a companhia área Gol para falar sobre os planos da empresa para o estado.
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