Comércio de Belém é fonte de renda, memória e desenvolvimento
Espaço recebe obras e projeta melhorias

O centro comercial de Belém, responsável por ajudar no desenvolvimento da cidade ao longo dos tempos, passará por mais uma transformação. Dessa vez, através das obras de revitalização anunciadas pela prefeitura no último dia 22 de maio, a antiga “Via dos Mercadores”, que representa as ruas Santo Antônio e João Alfredo, ganhará nova estrutura. A reforma se soma aos investimentos realizados na capital paraense às vésperas de recepcionar grandes eventos, mas, diz também sobre a rotina de ambulantes e lojistas que movimentam a economia local por décadas.
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De acordo com a prefeitura de Belém, a revitalização compreende a troca do piso, construção do meio fio, organização da fiação elétrica, projetos de iluminação e paisagismo. São R$ 5 milhões em investimentos, na primeira etapa do projeto, que contempla toda a rua Santo Antônia, desde a avenida Presidente Vargas até a rua Frutuoso Guimarães. A prefeitura destacou que o prazo estipulado para a conclusão da obra é de seis meses sob execução da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb).
Na memória
Anteriormente “chamada de rua da cadeia, em função do presídio público que lá existia”, como esclarece o historiador Michel Pinho, ganha o nome de Via dos Mercadores em seguida, devido ao que descreve como o “extenso comércio que já existia nessa rua desde o século XVIII”. A data marca a influência estética que o espaço possui, com a arquitetura característica da época nos casarões antigos predominantes na via, onde “o primeiro piso dessas casas vai ser o comércio e o piso posterior, em cima, vai servir moradia para essa população”. Entre os nomes mais famosos, o historiador menciona as lojas “Paris N’América, Livraria Alfacinha e os casarões, que depois foram transformados em casarões de comércio, como a gente consegue perceber hoje”.
Pinho ainda destaca a atividade de imigrantes no comércio local, presentes na estrutura do centro comercial atual até os dias atuais. “Depois do século XX, uma quantidade bastante significativa de imigrantes também vai atuar no entorno, entre eles os portugueses e também os árabes, que vão ali estabelecer o comércio a varejo em especial”, explica.
Comerciantes
Ordenamento e organização, são estas as expectativas do lojista e diretor de relacionamento do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Belém (Sindilojas), Muzaffar Said. As ruas do comércio estão registradas na memória da infância do lojista, que representa a quarta geração da sua família a ocupar o centro comercial. A frente do sindicato, o diretor esteve presente nas negociações com o prefeito Edmilson Rodrigues e alimenta grandes expectativas com a revitalização, em especial, devido a aproximação da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Cop 30), sediada em Belém no ano de 2025.
“Em todos os lugares do mundo quando o turista vem, ele quer procurar o comércio. Existe a construção de grandes shoppings, mas a atração tanto do povo que sai de casa para passear ou para comprar, ele tem em mente o comércio”, ressalta Said.
O desejo de rever a via dos mercadores reorganizada, passa também pela preocupação em conseguir mostrar aos visitantes aguardados com a realização da Cop 30, todo o potencial da cidade. “O comércio é o local para se manter vivo e com todas as riquezas do patrimônio histórico que nós temos, com o amor do povo que é o comércio”, afirma.
“A via dos mercadores, Santo Antônio e João Alfredo, era modelo para o mundo”, relembra Said. O representante do Sindilojas comemora a vontade de todos para que o centro seja reordenado. Reforça também que as decisões foram tomadas em conjunto com a prefeitura. Em nota, a prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Economia (Secon), informou à reportagem de O Liberal que segundo os dados disponíveis “existem 1.438 permissionários cadastrados para exercerem atividade no mercado do Ver-o-Peso, na Pedra do Peixe, na Feira do Açaí e no Mercado de Carne Bolonha”.
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