Com 39% de cobertura, 5G ainda não chega à maioria das cidades do Pará

O Pará alcançou, até 2 de dezembro de 2025, um total de 57 municípios com cobertura ativa de 5G, de acordo um levantamento feito pela reportagem do Grupo Liberal com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

Fabyo Cruz

O Pará alcançou, até 2 de dezembro de 2025, um total de 57 municípios com cobertura ativa de 5G, de acordo um levantamento feito pela reportagem do Grupo Liberal com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Embora represente um avanço em relação aos primeiros anos de implantação, o número ainda está distante do total de 144 municípios paraenses, o que significa que apenas 39% do estado possui, até agora, acesso à tecnologia de quinta geração.

Os dados revelam também a distribuição das estações ativas por operadora no estado. No total, o Pará soma 1.572 antenas 5G, sendo a Vivo a líder, com 589 estações, seguida pela TIM, com 523, e pela Claro, que opera 458 estruturas. A Sercomtel aparece com apenas duas estações registradas.

Entre os 57 municípios atendidos, a presença das operadoras varia bastante. Cidades como Abaetetuba, Altamira, Castanhal, Marabá, Parauapebas, Santarém e Belém estão entre as mais atendidas, com múltiplas operadoras ofertando o serviço. Belém concentra a maior parte da infraestrutura e mantém liderança regional desde a ativação inicial da tecnologia. Por outro lado, localidades como Acará, Alenquer, Almeirim, Aurora do Pará, Bagre e Baião possuem cobertura limitada, muitas vezes restrita a um único provedor — em geral Vivo ou TIM.

Para além da distribuição atual, a Anatel explicou que a implementação do 5G segue um cronograma nacional que prioriza capitais e municípios mais populosos. Em nota, o órgão afirmou que “a implantação está avançada, mais rápida que o previsto no cronograma”. O planejamento prevê que todas as 5.570 sedes municipais do País sejam atendidas até 2029, com etapas que envolvem desde capitais até localidades com menos de 30 mil habitantes e regiões fora de sede municipal. No caso do 5G, o cronograma inclui metas escalonadas que vão de 2022 a 2029, com atendimento desigual conforme porte populacional. Também há metas específicas para cobertura 4G e para rodovias federais, com etapas previstas para serem concluídas até 2029.

Dificuldade de conexão

O professor Otto Vasconcelos, 43 anos, reside na capital paraense e trabalha em Igarapé-Miri, ele relata que o acesso à internet móvel no interior ainda enfrenta grandes desafios. “A conexão oscila entre 2G e 5G em Igarapé-Miri. Para conseguir ter acesso, é preciso se deslocar para algumas áreas específicas e tentar a sorte”, afirma. Otto conta que na localidade onde trabalha, chamada Pindobal, a primeira barreira é a instabilidade de energia elétrica. “Só quem tem motor escapa quando isso acontece. No meu trabalho, dependo da fibra óptica. E quando não estou na escola, preciso me deslocar para tentar o 2G ou o 5G”, relata.

Já a estudante Angélica Souto, 34 anos, moradora de Porto de Moz, diz que a cidade ainda não recebeu a nova tecnologia. “Até onde eu sei, aqui em Porto de Moz ainda não tem 5G, só 4G. E tem dias que o sinal da minha operadora está muito ruim mesmo. Às vezes, não conseguimos fazer uma ligação normal e fica aparecendo apenas ‘chamada de emergência’”, conta.

Ela explica que a situação se agrava para quem vive em comunidades mais isoladas. “Para quem mora nos interiores, próximos a Porto de Moz, o sinal é muito ruim. Muitas vezes a pessoa adoece no interior, quer fazer uma ligação e não consegue porque fica só chamada de emergência”, afirma.

Além disso, o mau tempo costuma piorar ainda mais a qualidade do serviço. “Dentro da cidade também tem dias que está boa a internet, quando você coloca uma recarga. Mas quando vem chuva, some o sinal. É muito desagradável, porque a internet é o que você usa para pagar uma conta, chamar um táxi, ligar para um parente… até para pedir socorro, para uma ambulância vir atender uma pessoa doente”, diz.

Especialista avalia expansão 

Para compreender o ritmo dessa expansão no Pará, a reportagem ouviu Leonardo Ramalho, vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pará (UFPA) e professor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações da instituição.

Ramalho explicou que o cronograma estabelecido pela Anatel permite que as empresas avancem de forma escalonada, mas observa que as operadoras têm atuado além das exigências mínimas. “A Anatel tem um cronograma de instalação das antenas. O que vinha acontecendo é que as empresas se anteciparam a esse cronograma limite que a Anatel tinha dado”, disse. Ele destacou que o planejamento é extenso e divide a expansão em etapas: primeiro as capitais, depois cidades do interior mais populosas e, por fim, os demais municípios.

O professor reforçou que a legislação garante às empresas uma margem confortável para cumprir as metas. “As empresas estavam bem adiantadas em relação ao cronograma. Havia uma folga boa para as operadoras. Isso é em termos legais. Agora, claro, há o aspecto social e comercial, porque não necessariamente as empresas têm que esperar esse cronograma chegar. Há interesses comerciais, obviamente, porque se um operador não fornece 5G, a concorrente vai lá e oferece e pode acabar perdendo mercado”, afirmou.

Ao avaliar os impactos da expansão da tecnologia, o professor destacou que universalizar o acesso ao 5G é estratégico para o desenvolvimento regional. “É muito importante porque isso oferece conexão de qualidade para grandes áreas territoriais de maneira mais flexível do que você ter uma internet cabeada na sua casa. O 5G dá muito mais flexibilidade e qualidade de uso para a internet. Isso é fundamental porque hoje em dia a internet é utilizada em tudo. Quanto mais conectividade e de melhor qualidade, melhor serão os serviços e o uso pela sociedade”, afirmou.

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