Café fica 58% mais caro em um ano e paraenses precisam adaptar os hábitos
Mesmo com queda em agosto, preço do café em Belém acumula alta de mais de 58% em 12 meses e segue pesando no orçamento das famílias

Em Belém, o preço do café acumula alta de 58% em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O produto continua entre os itens que mais pesam no bolso dos paraenses. Apesar do valor elevado, o tradicional cafezinho permanece na rotina diária, enquanto consumidores e empresários ajustam hábitos diante do aumento.
Café ficou mais barato em agosto, mas segue caro
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café registrou queda de 1,46% em Belém em agosto, comparado a julho. No entanto, o acumulado do ano mostra alta de 38,48%. O recuo, portanto, foi pouco significativo para o preço final nas prateleiras.
O Dieese/PA confirma o cenário. Para o supervisor técnico Everson Costa, o preço segue instável: “Se houver redução da safra ou aumento das exportações, o consumidor pode voltar a sentir o peso no bolso.”
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Situação do café no Brasil
No cenário nacional, o café apresentou queda de 2,17% em agosto, segundo mês consecutivo de baixa após um ano e meio de altas, reflexo do pico da colheita. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) alerta que o alívio deve ser passageiro, com previsão de aumento entre 10% e 15% nos próximos meses.
O diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio, reforça que o setor trabalha com expectativa de reajuste, impulsionado por fatores climáticos e exportação para a Europa.
Supermercados projetam nova alta
Para os supermercados, a queda ainda não deve impactar os consumidores. O presidente da associação, Jorge Portugal, explica: “Dependemos do aumento que virá das empresas fornecedoras. Acreditamos que, além desse, não venha outro reajuste, a não ser que tenhamos algum problema climático que afete a produção.”
Estratégias de empresários para manter clientes
Nos negócios locais, empresários adotam alternativas para não repassar todo o aumento ao consumidor. A empresária Edilene Araújo, dona de uma cafeteria em Belém, explica: “Compramos em grande quantidade e aproveitamos promoções. Assim conseguimos manter o mesmo cardápio há dois anos e meio, sem aumentar preços. Nossos clientes são fiéis e isso ajuda a manter a demanda.”
Já Melissa Casimiro, proprietária de outra cafeteria, investiu na produção própria: “Temos fazendas e fizemos estoque grande. Isso permitiu segurar os aumentos. Só reajustamos uma vez neste ano, apesar de vários aumentos recorrentes no mercado.”
Consumo de café pelos paraenses
Mesmo com o aumento, os paraenses não abandonam o café. A esteticista Letícia Bragança comenta: “Com o aumento, a gente diminui a quantidade. Eu, por exemplo, se não tomar, fico com dor de cabeça. Então não deixo de consumir, mas em casa faço menos garrafas e fora evito tomar tanto.”
O motorista de aplicativo Ewerton Nóbrega Júnior também percebe a diferença: “O combo que eu pagava R$ 7, com tapioca e café com leite, agora custa R$ 10.” Para economizar, ele tem optado pelo café descafeinado, que não subiu tanto quanto o tradicional.
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