Busca por aulas de reforço cresceu ao longo da pandemia

Professoras particulares oferecem serviços a partir de R$50 e afirmam que ensino individualizado melhora aprendizado

Eduardo Laviano

A demanda por serviços de reforço escolar cresceu ao longo dos últimos dois anos, período em que as escolas precisaram adaptar o formato das aulas em função da pandemia de covid-19. A professora Michele Leão atua há quatro anos nessa modalidade e conta que a procura foi intensa no decorrer da crise sanitária, e se manteve mesmo após o anúncio de medidas de relaxamento das restrições - o que possibilitou a reabertura das escolas. "É um trabalho mais individualizado e, portanto, com progressos mais significativos, especialmente com estudantes que têm dificuldades específicas. Ao longo da pandemia, grande parte dos alunos precisou de mais atenção em questões como o letramento e a alfabetização", afirma. 

Michele destaca que a maioria dos professores de aulas particulares também trabalha regularmente em escolas da capital paraense e, por isso, o número de vagas costuma ser pequeno. A partir de R$ 50 é possível contratar a hora-aula do profissional, com acréscimos que variam de acordo com o deslocamento até o local onde o aluno mora e também a quantidade de disciplinas atendidas, além da necessidade de materiais. "As mais procuradas são matemática, línguas portuguesa e inglês. Nós, professores particulares, acabamos apoiando a família na questão da disciplina com a rotina de estudos, porque se cria um horário de estudo específico, o que possibilita melhor organização dos turnos para outras atividades como o lazer. Nem todas as crianças têm acesso ao reforço escolar, infelizmente, mas é algo que vale muito a pena investir", diz. 

Principal fonte de renda

A também professora particular Gleiceane Souza começou a trabalhar no ramo há dois anos, em plena pandemia, ao notar a alta demanda nas escolas privadas da cidade. Hoje, os cinco estudantes atendidos por ela tornaram-se a principal fonte de renda da professora. "Mesmo após esses dois anos de pandemia, continuo vendo uma procura muito grande dos pais falando que os filhos precisam desse reforço escolar para fazer uma recuperação de aprendizado perdido, principalmente dos que tinham dificuldade de acompanhar as aulas via internet. A principal dificuldade que percebo é em relação à leitura. Quando comecei, tinham crianças de nove anos que ainda não sabiam ler direitinho. Ainda espero conseguir mais alunos, pois tenho espaço na agenda", afirma. A dica de Gleiceane para os pais é que eles avaliem bem os concorrentes a vaga antes da contratação: "Acredito que é importante notar a postura do profissional, ver se a pessoa tem uma qualificação de fato, formação".

Luciana Valente tem três filhos, sendo que dois deles já fazem aulas de reforço. Ela investe R$ 240 por semana nas aulas, que ocorrem no período da tarde. Luciana diz que vale a pena, pois já trabalhava em casa desde antes da pandemia e considera as aulas de reforço um momento de "paz" ao longo do expediente. Valente começou a utilizar o serviço em 2019, precisou interromper durante um período de oito meses em 2020, e depois retornou. "Como fez falta. Sempre os coloquei no máximo de atividades possíveis, e ainda assim tinha aquele tempo ocioso em casa, com bagunça e necessidade de atenção. Então, se tornou um tempo de qualidade que eles estão aqui em casa. Vantajoso para mim e para eles, pois percebi que a concentração deles melhorou muito", diz. 

Pesquisa

Pelo menos dois em cada três estudantes precisarão de apoio em algum conteúdo no Brasil. Para 28% dos pais e responsáveis, a prioridade das escolas nos próximos dois anos deve ser justamente a promoção de programas de reforço e recuperação no contraturno. Entre crianças em fase de alfabetização, o percentual sobe para 76%. Os dados são da pesquisa Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e Suas Famílias, realizada pelo Datafolha e divulgada em fevereiro deste ano. Segundo os pais, os estudantes devem receber apoio em matemática (71%), língua portuguesa (70%), ciências (62%) e história (60%).

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA