'Brasil é o paraíso para investimentos em economia verde', diz secretário em visita ao Marajó
No Pará, secretário defendeu uso do petróleo da margem equatorial para financiar sociobioeconomia e restauração florestal

Durante viagem à Ilha das Cinzas, no arquipélago do Marajó, para a inauguração da primeira agroindústria instalada em área de várzea no Brasil, na última sexta-feira (23), o secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg, afirmou que o país reúne todas as condições para liderar a transição ecológica global. “O Brasil é o paraíso para investimentos em economia verde de empresas do mundo todo que precisam acelerar seus processos de descarbonização de forma barata e segura”, defendeu em visita ao Pará.
Parcerias sustentáveis na Amazônia
Ao longo da travessia de voadeira até a comunidade ribeirinha, Rollemberg destacou a parceria entre as empresas brasileiras Natura e WEG — uma voltada à sociobioeconomia, outra à transição energética — para impulsionar cadeias produtivas sustentáveis na floresta amazônica. “Quando você faz uma fábrica utilizando tecnologias nacionais para processar produtos da sociobioeconomia, gerando qualidade de vida no interior do Brasil e utilizando energia limpa, certamente isso tem um efeito demonstrativo muito grande para outras regiões isoladas da Amazônia”, pontuou.
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Ele também defendeu que parte dos recursos do petróleo a ser explorado na Margem Equatorial brasileira seja destinada ao financiamento de soluções verdes.
“O que eu tenho defendido é que parte relevante dos recursos do petróleo, especialmente da Margem Equatorial, seja destinada ao desenvolvimento da sociobioeconomia”, afirmou.
Entre as propostas, estão a criação de um fundo para restauração florestal e a destinação de verbas ao Fundo Amazônia e ao Fundo Clima.
Foco nas cadeias produtivas amazônicas e novos mecanismos de crédito
Rollemberg também apresentou detalhes do projeto desenvolvido em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para mapear as necessidades de equipamentos em quatro cadeias produtivas estratégicas: açaí, cupuaçu, babaçu e castanha. “Estamos apresentando ao Fundo Amazônia um projeto de R$ 104 milhões para que o Sebrae possa comprar esses equipamentos, distribuí-los a partir da identificação das cooperativas e fazer todo um trabalho de capacitação”, explicou.
Segundo o secretário, a estrutura financeira brasileira ainda não atende plenamente às especificidades da bioeconomia, o que dificulta o acesso de pequenos produtores e cooperativas ao crédito. “O grande desafio é fazer com que os instrumentos da política pública alcancem os pequenos. Para isso, eles precisam ser desburocratizados, precisam ser facilitados”, afirmou. Ele criticou, por exemplo, o fato de a Finep ainda não financiar cooperativas que desenvolvem inovação.
Potencial brasileiro para substituir energias fósseis
Durante a conversa com jornalistas, Rollemberg citou exemplos de tecnologias nacionais que podem transformar a agricultura e o setor florestal, como o uso de bioinsumos, a aplicação de rochas remineralizadoras e a produção de combustíveis sustentáveis com base na biodiversidade. “A Embrapa está desenvolvendo a domesticação da macaúba, que tem um potencial sete vezes maior do que as fontes fósseis para a produção de óleo que pode ser usado como biodiesel”, destacou.
Para ele, o Brasil pode dobrar sua produção de biocombustíveis utilizando apenas 5% das áreas de pastagens degradadas. “Quando você substitui o diesel fóssil pelo biodiesel, você gera empregos na agricultura familiar e melhora a saúde das pessoas ao reduzir partículas nocivas no ar”, argumentou.
COP 30 deve apresentar o Brasil como destino seguro e limpo para investimentos
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada no mês de novembro em Belém, Rollemberg afirmou que o Brasil precisa mostrar ao mundo três pontos principais: compromisso com metas ousadas de redução de emissões, a sustentabilidade da agricultura brasileira e o potencial de atrair investimentos internacionais.
“Temos energia limpa, barata, abundante e segura. É o país que tem boas relações com todos os países do mundo. Isso traz segurança num momento geopolítico conturbado da humanidade”, ressaltou.
Ele reforçou que essa imagem deve ser construída com base na ciência, na inovação e no fortalecimento das instituições amazônicas. “Eu vejo o Brasil como uma floresta de oportunidades”, resumiu.
O jornalista viajou a convite da Natura e da WEG.
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