Asiáticos expandem negócios no ramo do comércio em Belém

Imigração chinesa a partir dos anos 2000 ampliou comunidade anteriormente formada apenas por japoneses

Eduardo Laviano
fonte

Belém foi se tornando, com o passar do tempo, um destino visto como vantajoso para comerciantes asiáticos abrirem empreendimentos, principalmente os chineses e japoneses. Essa expansão é percebida, por exemplo, no centro comercial da capital paraense. Porém, os números oficiais ainda são relativamente baixos. Segundo dados da Junta Comercial do Pará (Jucepa), atualmente o Estado possui 91 empresas ativas em nomes de pessoas físicas de nacionalidade japonesa, 26 de nacionalidade chinesa e duas de nacionalidade coreana, só para citar as maiores comunidades presentes na região.

Na opinião do presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belém, Eduardo Yamamoto, a presença dos asiáticos no comércio paraense tem dois momentos: o primeiro se deu por conta da imigração japonesa após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando boa parte dos japoneses que chegaram a Amazônia se dedicou ao agronegócio na região de Tomé-Açú e posteriormente expandida para a capital. Já o segundo momento é protagonizado pelos imigrantes chineses, com boom a partir dos anos 2000.

O próprio Yamomoto é descendente de japoneses. O avô dele chegou ao Pará no pós-guerra e por 18 anos cultivou pimenta do reino e depois se dedicou a uma loja de armarinho com foco em presentes e produtos importados no Terminal Rodoviário de Belém, a Yamcol. "Desde então, sempre nos mantivemos no comércio, com artesanatos, semijoias, pedras preciosas brasileiras. Trabalhamos também na época do plano real com as lojas de R$1,99 e agora estamos em shoppping centers com marca própria e também franquias", conta.

image (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Para ele, a maior dificuldade dos empreendedores asiáticos em Belém é a questão linguística, bem como a questão cultural. "A gente está falando também de culinária e do clima, que são dificuldades secundárias", avalia. Eduardo conta que, pelo fato dos imigrantes japoneses estarem na cidade há mais tempo, hoje eles já se espalharam por outros ramos, como os de concessionárias de veículos, shoppings e indústria. Já os chineses seguem focados no comércio de rua. "Faz parte de um projeto amplo de disseminar lojas e produtos em âmbito nacional. Não existe necessariamente uma preferência dos chineses por Belém, mas pelo fato de ser capital, concentrar maior renda per capita, acaba tendo mais destaque", conta.

Aiua Reis é gerente de registro mercantil da Jucepa e conta que a instituição sempre busca ajudar os empreendedores estrangeiros que desejam investir no Pará. "Hoje, todo o processo de abertura, alteração e baixa de empresas é feito de forma 100% digital, podendo o sócio estrangeiro efetuar todos os atos relacionados ao registro empresarial pela internet de qualquer lugar do mundo. Além disso, a legislação de procedimentos e exigências para o sócio estrangeiro constituir uma empresa no Pará passou por um processo de simplificação e desburocratização", pontua.

VEJA MAIS

image Venda de biquínis, maiôs e sungas movimentam o comércio com a chegada do verão
Lojistas se prepararam esperando boas vendas nesse período

image Vendas em shoppings cresceram 43,5% no Norte, mas números pré-pandemia não foram recuperados
Associação de shopping em Belém afirma que base de comparação é fraca, devido ao cenário do ano passado ser considerado negativo devido à segunda onda de Covid-19

image Produtos com a cara de Bolsonaro e Lula aquecem comércio de Belém
Vendedor do comércio afirma que, no último domingo, vendeu duas toalhas do presidente Jair Bolsonaro, e 60 do ex-chefe do Executivo, Lula, mas que vendas estão divididas

Tomoaki Kishimoto já faz parte da história de Belém com a loja Nippobraz, que se tornou referência no comércio de peixes, mariscos, produtos japoneses e outros gêneros alimentícios exóticos. Em atividade desde 1996, ele conta que o sucesso da comunidade asiática no empreendedorismo de Belém se dá pelo fato dos paraenses receberem os estrangeiros de braços abertos. "A terra é boa, o que ajuda muito. Mas o povo também nos ajuda muito. Os nossos ancestrais sempre tiveram bom relacionamento com a população paraense e isso foi o que nos ajudou a prosperar. Os japoneses sempre trabalharam muito, em dobro, sem hora para terminar. Tudo de bom era fruto do trabalho e eles deixaram um bom legado para nós que chegamos depois, pois já tínhamos certa facilidade e bom entrosamento com a população", conta ele, que chegou ao Pará aos oito anos de idade na década de 60 e atualmente emprega 55 funcionários em quatro lojas. 

Filho de chineses e nascido no Pará, Renato Pei hoje gerencia duas lojas no centro comercial de Belém. Ele conta que quando os pais chegaram, no início da década de 90, o cenário era bem diferente do atual. "Você não tinha essa quantidade toda de chineses. Eles se concentravam em São Paulo. Hoje, cada rua que você entra tem pelo menos uma loja chinesa, com produtos chineses. E não só aqui [no centro comercial], porque tem em outros bairros também como a Pedreira. Acho que isso é bom também porque fortalece e consolida a nossa presença aqui. O Brasil é um mercado consumidor gigante e vejo aqui no Pará um local com muitas oportunidades para vendas", afirma. 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA