Às vésperas da Black Friday, consumidores e empresas discutem escolhas mais conscientes após COP 30
Em um período tradicionalmente marcado por compras por impulso, parte dos consumidores começa a priorizar durabilidade, planejamento financeiro e menor impacto ambiental
Às portas da Black Friday, o debate sobre consumo consciente ganha força em Belém, impulsionado pelo cenário pós-COP 30 e pela busca de alternativas que conciliam economia e sustentabilidade. Em um período tradicionalmente marcado por compras por impulso, parte dos consumidores começa a priorizar durabilidade, planejamento financeiro e menor impacto ambiental — enquanto empresas locais seguem incorporando práticas voltadas à responsabilidade socioambiental.
Entre os empresários que defendem a necessidade de um novo olhar para o consumo está Bruno Oliveira, que atua há 13 anos no setor de materiais elétricos e ferramentas. Ele conta que seu negócio nasceu já com uma preocupação ambiental, que hoje se traduz em iniciativas concretas, como a instalação de ponto de coleta para lâmpadas, luminárias e refletores descartados pelos clientes. O material é encaminhado a uma empresa especializada, garantindo descarte adequado.
“A empresa tem uma capacidade muito maior do que uma pessoa física de criar ações e movimentar pessoas. Quero que ela pense na sociedade como um todo e na natureza também. Depois da COP, acho que gerou uma consciência muito maior na população paraense. Espero que a gente melhore em vários aspectos, principalmente na limpeza da cidade”, afirma.
Mesmo com a alta no movimento comercial de novembro, ele reforça que nem todas as estratégias se apoiam exclusivamente no apelo promocional da data. O empresário explica que mais de 90% das vendas são voltadas a outras empresas, mas ainda assim a loja oferece 15% de desconto em todos os produtos neste período. Segundo ele, manter ações de sustentabilidade ao lado das promoções é uma forma de incentivar consumidores e inspirar outras empresas.
Se, de um lado, o varejo tenta equilibrar preço, logística e impacto ambiental, do outro, consumidores buscam resistir ao excesso de estímulos — especialmente nas redes sociais. A publicitária Tainah Chaves, moradora do bairro do Marco, na capital paraense, afirma que o volume de anúncios e ofertas exige atenção redobrada para evitar compras por impulso.
“É muito tentador. A gente recebe um boom de informações e promoções. Se você não tiver controle e consciência sobre sustentabilidade e consumo, acaba comprando até o que não precisa”, diz. Para ela, o planejamento é essencial, especialmente porque dezembro traz novas despesas. “Além da Black vem Natal, Ano-Novo, material escolar da minha filha… não tem como gastar o que não tem”.
Tainah está pesquisando a compra de um novo colchão — item que classificou como bem durável e de necessidade real — desde o início da semana. Ela observou as ações de “esquenta” e decidiu esperar a sexta-feira para garantir o melhor preço. “Eu já queria trocar há meses, mas um colchão bom é caro. Agora está pela metade do preço. Então realmente vale a pena”.
Sobre os efeitos da COP 30 no comportamento do consumidor, ela acredita que parte da população passou a enxergar com mais seriedade os debates ambientais. “Muita gente não acompanhou os eventos, mas houve discussões que atingiram o público de massa. Acho que vai ter mudança, sim, na forma de consumir”.
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