Áreas digitais e tecnológicas pagam salários mais altos

Sejam profissionais com nível superior ou não, empresas investem em quem entende do assunto

Elisa Vaz

Os cargos voltados para o ambiente digital são cada vez mais vistos como as profissões do futuro. Com a aceleração tecnológica provocada pela pandemia da covid-19, muitos profissionais passaram a concentrar seus esforços nessa área, buscando capacitações e qualificações como forma de se adaptar a esse novo mercado.

Um levantamento da edtech Tera, em parceria com a Mindminers, mostra que 56% dos profissionais digitais ganham até R$ 6,6 mil. O professor Rômulo Pinheiro, mestre em ciência da computação, explica que a média salarial nestes casos é mais alta que o normal por conta da demanda. Por ser considerada uma “área fim”, a tecnologia está inserida em todas as outras áreas. Por exemplo, setores jurídicos, de saúde, de jogos e todas as outras precisam de profissionais de tecnologia da educação. Portanto, a demanda de vagas se torna muito grande, mas a oferta é pequena, então os salários acabam sendo mais altos.

“Existem poucos profissionais habilitados no mercado com capacidade para ocupar essas vagas. Por isso os salários aumentam. Se a gente for observar, os profissionais não ficam muito tempo nas empresas e acabam trocando em busca de salários maiores. Para segurar bons profissionais, elas acabam aumentando não só salário, mas oferecem também muitos benefícios: vale-alimentação, vale-refeição, auxílio-creche, por aí vai. Esse salário de R$ 6 mil é uma média. Chega a R$ 7 mi, R$ 8 mil, R$ 10 mil, R$ 12 mil. Inclusive para trabalhos em home office. Hoje as empresas pagam muito bem para essa área”, garante.

Além de profissões do futuro, os cargos tecnológicos já são realidades. Rômulo os chama de “profissões do agora”. Mas, para fazer parte desse nicho, é preciso primeiro se capacitar. De acordo com o professor, o ideal é ter ao menos um diploma de nível superior – afinal, a própria pesquisa mostra que o nível de escolaridade tem relação com o salário. Entre os que têm pós-graduação completa, apenas 5% apresentam faixa salarial até R$ 3,3 mil, enquanto 59% ganham mais de R$ 10 mil.

“No Brasil, há o hábito de se exigir diploma, cursos, certificados ou certificações, porque é a comprovação de que aquela pessoa tem aquele conhecimento, eu preciso minimamente provar que eu estudo a tecnologia. A grande maioria das empresas exige algum documento que comprove que você saiba, então é super importante e recomendado ter um documento, um diploma, para mostrar a sua profissão”, orienta Rômulo.

Mas não necessariamente é preciso ser formado em um curso tecnológico de nível superior para se dar bem na área. Mesmo em níveis ainda intermediários de senioridade, profissionais de algumas carreiras digitais conseguem alcançar faixas salariais acima das médias do mercado tradicional. A pesquisa mostrou que mais de 68% de profissionais em nível intermediário na área de gerenciamento de produtos ganham acima de R$ 6,6 mil.

O professor argumenta que já existem empresas buscando profissionais de tecnologia que ainda não concluíram o ensino superior, mas que buscam treinamento e qualificação na área de TI. Além disso, outras características chamam a atenção dos recrutadores, incluindo habilidades e conhecimentos fora da parte técnica de programação de computadores, gerenciamento de projetos, testes, testadores de projeto e análise de sistemas, mas também habilidades e competências como: saber trabalhar sobre pressão; trabalhar em equipe; ser fluente em algum outro idioma, como inglês, chinês, ou espanhol; e outras. Quanto mais habilidades o profissional tem, mais é disputado pelas empresas e, consequentemente, mais alto será seu salário.

E mesmo que não tenha relação com a atual profissão do trabalhador, entrar para o mundo tecnológico pode ser uma boa ideia para quem gosta de se aventurar. O professor Rômulo Pinheiro diz que as áreas voltadas para a tecnologia estão crescendo muito e “vieram para ficar”. “Já existem alguns profissionais largando as áreas atuais de profissões que estão saturadas para ir para a tecnologia – claro, se estiver adequada a ela. Pode ser que a quantidade no futuro até diminua ou estabilize, mas os salários não vão diminuir porque as empresas vão querer segurar os maiores profissionais. E os profissionais gostam de desafios, de novas metas, novos afazeres, novas tarefas para poder realizar não só o sonho profissional, mas ter boas condições e bons salários”.

Profissões com maiores e menores salários

De acordo com o levantamento, as carreiras com os salários mais altos são nas áreas de gerenciamento de produtos e de desenvolvimento de software, em que mais de 50% dos profissionais apontam ganhar mais de R$ 10 mil. O mestre em ciência da computação explica que toda empresa de tecnologia está envolvida em grandes projetos: ou são startups ou são multinacionais ou são empresas prestadoras de serviço a outras empresas de tecnologia, como a própria Microsoft ou Google, por exemplo. E como todas essas empresas trabalham com projetos, o gerente de projeto, gerente de produto e o desenvolvedor de software são funções requisitadas. Além disso, esses são cargos de gestão, em que há mais responsabilidade e confiança por parte da diretoria da empresa, com tomada de decisões e gerenciamento de equipes. Geralmente, essas pessoas têm carreiras mais consolidadas, com experiência e certificações.

Por outro lado, a menor média salarial fica com Marketing Digital, em que 32% responderam ganhar até R$ 3,3 mil, mostrando a necessidade de especialização para se diferenciar nesse contexto e chegar a posições com remuneração mais alta. Na avaliação de Rômulo, o motivo para esse salário mais baixo em comparação com outros cargos tecnológicos é que o setor de marketing tem muita demanda e muita oferta. “Com a crescente utilização da internet, divulgação de produtos, muitas empresas têm começado a entrar na área de marketing digital, então muitos salários estão defasados, precisando de um reajuste. E por isso os profissionais precisam se qualificar ainda mais, ter um diferencial para conseguir um salário maior”, argumenta.

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