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Aluguéis residenciais ficam mais caros em Belém

Pesquisa mostra que, em todo o país, houve reajuste médio de quase 3% em fevereiro

Elisa Vaz

O preço de aluguéis residenciais tem subido desde o início da pandemia, por conta dos impactos econômicos provocados pela crise sanitária no mercado. Um novo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) subiu 2,92% em fevereiro, o que representa uma aceleração em relação ao percentual de janeiro: 1,86%. Com o resultado, há o acúmulo de 4,76% nos últimos doze meses, a maior variação acumulada pelo Ivar desde janeiro de 2019.

Em Belém, embora não haja um dado oficial, o cenário é parecido, e as altas têm sido notadas por profissionais do setor e moradores. O corretor Alexandre Vasconcelos explica que o valor dos aluguéis vem aumentando continuamente desde o início do ano passado, em percentuais bem elevados. Ele afirma que os imóveis ficaram mais valorizados com o advento da pandemia, que gerou aumento dos insumos da construção civil. “Houve também uma alta no valor do IPTU, que normalmente é incluído nos contratos. Ele é calculado considerando 0,5% do valor de avaliação do imóvel ou valor venal fornecido pela Prefeitura”, informa.

Mesmo fazendo pesquisas e visitando casas e apartamentos, os clientes dificilmente encontram opções boas e baratas para morar, de acordo com Alexandre. O profissional diz que a média de preços está “absurda” em relação ao que era encontrado tempos atrás, antes da pandemia. Alexandre ainda ressalta que o metro quadrado de Belém é um dos mais caros do Brasil, e conta que muitos clientes de grandes metrópoles do Brasil comentam os valores “estratosféricos” de aluguel em Belém, mas acabam obrigados a aceitar pois “não há para onde correr”.

“Existe uma coisa chamada ‘lei da oferta e da demanda’. Mesmo tendo sofrido um aumento brutal nos aluguéis, as locações são absorvidas pelo mercado. O perfil do cliente não mudou, pois existe a necessidade de morar perto do seu local de trabalho e acaba que o consumidor tem que se adaptar, pois se ele não alugar vem outro e aluga. Nos próprios grupos de corretores outrora existiam muitas ofertas, os mesmos querendo fechar parcerias, mas hoje não existem muitas ofertas de locações e ou parcerias de locações mobilizadas nos grupos”.

Inquilinas

Mesmo que boa parte dos imóveis tenha ficado mais cara nos últimos anos, quem já mora de aluguel não tem sentido tanto reajuste. A advogada Rafaela Monteiro, de 32 anos, não teve aumento no preço do seu aluguel, mas acredita que verá isso acontecer em abril, quando haverá a renovação de contrato. Ela diz que, dependendo do reajuste, ela cogitaria continuar morando no mesmo local, mas precisaria avaliar seus gastos, para saber se economizaria mais em outro imóvel.

Desde agora, ela já está fazendo pesquisas em outros imóveis, porque tem a intenção de se mudar, justamente com o objetivo de economizar. A ideia é encontrar um imóvel não necessariamente mais barato, mas que possibilite algumas vantagens, como ser alto, para economizar com a energia elétrica; que tenha acesso a uma rua principal, seja para que Rafaela faça mais coisas a pé ou mesmo para pegar ônibus; ou próximo do trabalho, para gastar menos gasolina.

Porém, nessa pesquisa, a advogada tem se deparado com altos valores de moradia. “É supervalorizado o imóvel no Norte em geral, mas em Belém é muito alto. Para você ter uma moradia com boa localização, o básico para ter uma vida de qualidade, as pessoas enlouquecem pedindo quase mil reais de condomínio do prédio. É um absurdo você pagar três mil reais só para moradia. E eu vi que aumentou muito. A minha casa oferece muito mais que alguns lugares e eles estão muito mais caros. Aumentou muito do ano passado para cá, e aumentou mais do que eu pago aqui”, conta.

Outro problema é encontrar um imóvel em conta dentro dos limites da capital. Rafaela diz que, muitas vezes, é preciso aumentar a área de busca para Ananindeua ou outras cidades da Região Metropolitana para ter alguma sorte. “Belém não te oferece um aluguel acessível, você vai morar de forma barata mas dentro dos bairros das periferias ou dos bairros mais populares, às vezes sem segurança. Mas para você ter segurança dentro de Belém você vai ter que pagar o condomínio, e alguns são até mais caros que o próprio aluguel, é um absurdo. Então, é muito difícil”, relata a moradora.

Já a operadora de caixa Rita Pereira, de 45 anos, tem uma realidade diferente. Ela mora em uma vila no bairro da Pedreira e não precisa pagar condomínio – sua moradia, uma kitnet alugada, custava R$ 480 por mês e acabou de ser reajustada para R$ 500. A moradora não achou ruim. Em comparação com o restante do mercado, disse que “deu sorte”.

“Já renovei o contrato, venceu e renovei há uns dois dias. Aumentou R$ 20 só, não achei muito acima do padrão. Aqui no residencial não teve reajuste acima do normal, é bem acessível. E agora só muda de novo daqui a um ano”, diz. Rita lembra que, antes de alugar o espaço onde mora, chegou a pesquisar em outros bairros, mas achou tudo muito caro. “Às vezes ia em uma kitnet e custava R$ 600 e era muito menor. Se fosse um aumento muito grande aqui procuraria outro lugar. Mas até o momento todos que procurei estavam piores e bem além do que eu podia pagar”.

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Economia
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