Alta nos preços do pescado chega a 12,95% no mês de fevereiro, segundo o Dieese

Reajustes foram em todas as espécies, de acordo com levantamento feito em conjunto com a Secretaria de Economia de Belém

Natália Mello

O aumento nos preços do pescado na Região Metropolitana de Belém (RMB) chegou a 12,95% no último mês de fevereiro. A pesquisa foi realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) e Secretaria Municipal de Economia (Secon) e divulgada nesta quinta-feira (17). O balanço confirma que os reajustes ocorreram em todas as espécies, tendo um impacto generalizado no consumo do produto.

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As pesquisas vêm sendo feitas semanalmente em feiras e mercados, para levantar os preços de 38 tipos de pescados mais consumidos, além do Camarão Regional e do Caranguejo.

O que ficou mais caro no mercado?

A maior alta do mês ficou com o Tucunaré (12,95%); seguido da Pescada Amarela (11,88%); Filhote (11,57%); Gurijuba (10,74%); e Arraia (10,68%).

Ainda no que se refere ao acumulado do ano, as maiores altas foram nos preços do Tucunaré, (21,98%); seguido do Filhote (20,91%); Gurijuba (16,57%); Cachorro de padre (15,34%); Aracu (13,41%); Carmurim (12,26%); e Pescada Amarela (12,10%). 

Nos últimos 12 meses, fevereiro de 2021 a fevereiro de 2022, o Dieese destaca que os reajustes também foram superiores à inflação calculada para o período, que ficou em 10,80%, com destaque para as altas no preço do Carmurim (22,25%), Tucunaré (19,45%); Cachorro de Padre (17,65%); Serra (16,78%); Surubim (16,23%); Piramutaba (15,67%); e Pratiqueira (14,33%).

Vale ressaltar que os reajustes são superiores à inflação calculada para os dois primeiros meses do ano - janeiro e fevereiro -, que ficou em 1,68%.

“Só é triste que quase 30 anos depois do primeiro decreto ainda tenhamos que recorrer a decreto para o paraense comer peixe na Semana Santa”, lamentou o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena.

O que ficou mais barato no mercado?

Também no mês passado, algumas espécies apresentaram quedas no preço, com destaque para o Cação, com recuo de 8,04%; seguido da Pirapema, com queda de 6,64%; Pratiqueira, com queda de 5,19%; Sarda, com queda de 4,11%; e da Corvina, com queda de 3,56%.

Preocupação dos feirantes é com a Semana Santa

Para o feirante Benedito Silva, há 40 anos comercializando pescado na Feira da 25, localizada na avenida Romulo Maiorana, a preocupação é com a próxima semana – a última do mês de março. O vendedor acredita que, com o aumento do preço dos barris de petróleo, o impacto vai chegar ao consumidor.

“Hoje os fornecedores já estavam dizendo que não dá mais para segurar. Os aumentos têm sido em todos os peixes, de forma geral. E todo mundo sabe que quando aumenta combustível, que é usado no transporte de mercadorias, aumenta tudo, é uma cadeia, não tem como fugir”, declara.

Benedito diz que os clientes reclamam do preço de todos os pescados, especialmente dos que mais saem – pescada amarela, dourada e filhote. “Mas eu vendo todos. Agora assim, aqui nunca falta, nossos fornecedores são fiéis, nosso público também. Nunca faltou produto para vender na Semana Santa aqui na banca”, garantiu.

Mário Santos também é feirante há 40 anos, mas trabalha na Feira da Pedreira, localizada na avenida Pedro Miranda. Ele observou que a maior alta foi registrada no mês de janeiro, mas, no mês passado, disse ter percebido certa redução.

“Os mais vendidos são dourada e a gó, aqui na minha barraca, o preço continua o mesmo, R$ 28 o quilo da dourada com cabeça, R$ 18 da gó com cabeça”, avaliou.

Sobre a Semana Santa, assim como Benedito, ele não está preocupado com a falta de abastecimento. “Nunca faltou peixe aqui. Pode aumentar, mas não falta. Agora vai ter um reajuste, sim. Se der muito peixe, esse preço muda, cai um pouco. Agora, se houver falta, o preço já eleva, igual açaí”, finaliza.

Como fica a tradição?

Há menos de um mês para a Semana Santa, a agrônoma Jennyfer Campos, de 23 anos, relembra como a família costumava se preparar para o período. “Era uma tradição desde quando eu era pequena: todo mundo se empenhava em comprar peixe na Semana Santa, cada um em sua casa e, no final de semana, a gente comprava mais peixe e fazia o almoço em família.”

Jennyfer conta que desde o início da pandemia até outubro do ano passado, a família não costumava se reunir por conta dos riscos de infecção pela covid-19. No entanto, apesar das atuais flexibilizações sanitárias, ela diz que ainda não será possível fazer o tradicional almoço neste ano por conta dos altos preços do pescado.

“Até o momento, a gente não pretende se reunir como fazíamos antigamente, principalmente porque aglomerar neste cenário continua sendo um risco. Além disso, com os aumentos absurdos dos preços dos alimentos, fica bem complicada a situação de fazer essa tradição acontecer. Até porque, em alguns casos, o peixe chega a ser mais caro que as proteínas alternativas que estamos utilizando, tipo a carne suína e frango”, explica a agrônoma.

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