Sucesso de Pantanal prova que a TV aberta não morreu

Autor de Pantanal, Bruno Luperi revela os segredos do sucesso da novela que ganhou remake 32 anos após a primeira exibição na TV

Sonia Ferro
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Imagens primorosas que certamente poderiam virar quadros. Cenas longas com diálogos que revelam a personalidade dos personagens. Famílias reunidas em frente à TV para assistirem juntas aos capítulos. Com essas descrições de Pantanal, poderíamos achar que estamos em 1990, quando a novela escrita por Benedito Ruy Barbosa foi exibida pela primeira vez na extinta TV Manchete e conquistou o Brasil.

Mas os tempos são outros: o remake de Pantanal chegou em 2022, quando a TV disputa atenção com as redes sociais e as plataformas de streaming, invadidas por produções frenéticas cheias de efeitos especiais. Nesse cenário, Bruno Luperi mostra toda a sua destreza em conduzir o remake do texto, escrito originalmente por seu avô e que é um marco da teledramaturgia brasileira.

Respeitando a história original, o autor situou a trama no tempo em que vivemos, debatendo temas atuais, o que segundo Bruno é a força motriz de uma novela. Nos capítulos que foram ao ar nesta semana, Madeleine (Karen Teles) está descobrindo o mundo dos influenciadores digitais e levanta o debate sobre a vida de aparências na internet.

“Eu acho que muito do sucesso que Pantanal está tendo se deve ao fato de ela não ter como missão a necessidade de reinventar o gênero da telenovela, mas se apropriar da forma como as histórias eram contadas para trazer à tona os dilemas da sociedade atual. A gente conseguiu encontrar um tom muito bom entre o clássico e o contemporâneo, entre a versão original e os dilemas da sociedade. A sociedade tem que encontrar numa novela as discussões que são coerentes ao seu tempo, é a força motriz das novelas, e a gente conseguiu conciliar isso: um pouco do novo, da dinâmica dos nossos tempos, dentro de uma forma clássica de contar a novela”, revela Bruno Luperi.

image Bruno Luperi, autor do remake de Pantanal (Globo/Mauricio Fidalgo)

A fórmula vem dando certo. A novela vem apresentando uma audiência crescente e é sucesso de crítica, resgatando o hábito de reunir as famílias em frente à televisão. “Eu acredito que a telenovela, enquanto meio de comunicação de massa, tem por natureza essa capacidade de dialogar com a maior parcela da sociedade possível. Para mim, não tem conquista maior do que essa: saber que a novela está sendo vista por um grupo amplo de pessoas, que as famílias estão se reunindo em frente à televisão, que ela está mexendo com as vísceras do povo, que está sendo comentada nas redes sociais, na fila do pão. Quando a novela se torna assunto, acho que é uma das maiores métricas de sucessos. Quando se encontra um equilíbrio entre o formato e o conteúdo. Acho que a novela tem vivido isso por tudo que escuto. A finalidade do meu trabalho é saber se o público realmente se interessou e se engajou”, revela Bruno.

image José Leôncio ( Marcos Palmeira ) (Globo/João Miguel Júnior)

Saudade - E se Bruno era criança quando a primeira versão foi ao ar, quem está tendo a oportunidade de viver esses dois momentos revela as semelhanças, é o caso do ator Marcos Palmeira, que interpretou o personagem Tadeu na versão original (hoje vivido por José Loreto) e no remake interpreta José Leôncio. "Estamos sentindo algo muito parecido no elenco como um todo. O prazer de fazer essa novela, de estarmos juntos e contarmos essa história. Eu pude vivenciar isso há 30 anos e vejo isso também no público: o prazer de assistir à novela e o interesse por essa trama. Eu vejo muito mais semelhanças que diferenças”, avalia o ator, que fala da emoção de participar duas vezes desse marco da TV brasileira. “É muito emocionante poder participar de um remake, de uma obra tão importante como foi Pantanal e perceber a força do texto, que até hoje é um sucesso. O mérito maior é do Benedito e do próprio Bruno Luperi, que consegue manter uma adaptação mais atualizada, sem perder a essência, e falando de sentimentos básicos das relações humanas. Eu estou realmente muito feliz e muito agradecido por esse momento”, conclui o ator.

Pantanal é a prova de que um texto atualizado e humano, interpretações fortes, belas imagens e um pouco de nostalgia podem manter a TV aberta viva por muito tempo.

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