Exclusivo: Diretor de 'O Ninho: Futebol e Tragédia' fala sobre a série que estreia hoje (14)

A série mostra como estão alguns sobreviventes e familiares e traz a perspectiva de alguns dos envolvidos

Bruna Dias

Há mais de cinco anos, 10 jovens morreram em um incêndio no alojamento das categorias de base do Flamengo, conhecido como o Ninho do Urubu. Uma das histórias mais tocantes do futebol brasileiro, do Brasil e do mundo. Agora essa tragédia é contada a partir desta quinta-feira (14), sob o olhar do diretor Pedro Asbeg, na minissérie documental “O Ninho: Futebol e Tragédia”, da Netflix. Em três episódios, o caso é mostrado da perspectiva de quem esteve no local e dos familiares que precisam lidar com a ausência dos jovens. Além disso, tem a participação de grandes nomes do esporte como Zico e Vanderlei Luxemburgo, dirigentes, policiais e advogados, imagens inéditas do acidente e dramatizações de alguns momentos daquela noite.

Pedro Asbeg conversou com exclusividade com o Grupo Liberal, falou sobre como foi o processo de estar com as vítimas e com os parentes de alguns jovens, e ainda sobre como foi a abordagem de outros temas que envolvem essa tragédia.

image Série mostra simulações a partir da perspectiva das vítimas. (Netflix)

‘’Foi muito difícil. São três anos mergulhados em uma dor, talvez seja a maior do mundo perder um filho. Eu tenho uma filha, de 8 anos, eu não consigo imaginar qual seria a minha reação de ter que lidar com uma perda como essa. Sabia que ia ser difícil sempre tratar esse assunto, mas por conta do processo natural de um documentário, que exige aproximação, contato com as pessoas que dele participam, isso só aumenta a dor porque você conhece aquelas pessoas, se conecta a elas, visita a casa delas, entende o que foi feito do quarto de cada um daqueles meninos. Houve relatos muito doloroso. Então, tudo isso faz com que a gente chegue em um ponto de dureza. É doloroso, mas é um papel que cabe a um documentário quando ele sabe que vai tratar de um assunto assim. Tentei me proteger de algumas maneiras, e tocar adiante o trabalho, mas óbvio que houve muitos momentos que a gente chorou filmando e editando, eu chorei sozinho depois de um dia de trabalho”, disse o desenvolvedor e diretor geral da série.

“Mas quero acreditar, que apesar de toda essa dor, não é só isso que fica desse trabalho. Claro, que a gente não pode falar sobre a morte de 10 jovens, sem que um espectador ou expectador chegue ao final e sinta uma tristeza. Não é um tema leve. Mas quero acreditar que a gente levanta outros assuntos relevantes também, como a mercantilização das divisões de base do futebol brasileiro, a impunidade e a velocidade da Justiça brasileira. Separa o lenço, mas também se prepara que a gente não vai falar só sobre isso”, acrescenta.

Além de Pedro, a série foi desenvolvida por Renato Fagundes e UOL.

Como foi pontuado pelo diretor, após “O Ninho: Futebol e Tragédia” ganhar o público muitos debates virão à tona, além claro, de uma grande comoção. Os depoimentos, registros dos processos, laudos, entre outros documentos, vão gerar novas páginas dessa tragédia.

Um dos questionamentos levantados por Pedro, é quando ocorrem determinados crimes não se tem torcida para vítima e nem para o assassino, porém, nesse caso do Ninho do Urubu, estão envolvidos 45 milhões de torcedores do Flamengo, e a partir da percepção deles terão opiniões diversas sobre a série.

“Não tenho dúvidas que a maior parte da torcida espera a mesma coisa das famílias e que eu: ver Justiça sendo feita, responsáveis punidos, pessoas que participaram disso de alguma forma expostas, para que a gente dê visibilidade a essa tragédia. Então eu quero acreditar que a maior parte da torcida está totalmente desse lado, que é o meu e das famílias. Mas é óbvio, que em um universo tão grande de 45 milhões de pessoas vai ter de tudo, todas as opiniões”, espera o diretor.

image Pedro Asbeg, diretor de O Ninho: Futebol e Tragédia. (Netflix)

Pedro está dentro desses milhões de rubro-negro. O flamenguista sabe que o documentário vem para mostrar a tragédia, mas também essa questão de impunidade. Além disso, o diretor precisou mostrar confiança para todos os personagens que participaram do “O Ninho: Futebol e Tragédia”, um processo que requer tempo.

“Foram longos processos de aproximação, contatos telefônicos, sem câmara e finalmente com. Essas pessoas precisavam confiar em mim e estarem preparadas, para que no dia que a gente fosse filmar as entrevistas, elas soubessem que iriam dividir momentos dolorosos, para elas e para quem estivesse ouvindo”, conta. “Isso faz com que o meu cuidado e responsabilidade só aumenta. Sobre o tema indenização fiz questão de colocar dois casos bem diferentes porque acho que nesse ponto não tem certo e nem errado. Depois que você perde um filho, ninguém pode dizer que está certo a maneira que você escolheu para lutar por uma indenização”, finaliza.

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