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Coberturas da pandemia e do Círio estão entre os momentos marcantes

Pesquisadoras Regina Alves e Ivana Oliveira comentam os fatos emblemáticos da cobertura televisiva nos últimos anos

Vito Gemaque / O Liberal

Todo brasileiro estabelece com a sua televisão uma relação dúbia entre o amor e o ódio. Muito provavelmente você já viveu momentos de endeusamento dessa velha conhecida dos brasileiros até horas em que xingou o aparelho que apenas emite imagens e som em movimento dentro de casa sem qualquer culpa. Este equipamento, que por vezes é íntimo, tem até um dia no calendário, 18 de setembro - Dia Nacional da Televisão, data da primeira transmissão no Brasil.

A jornalista e professora aposentada de comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), Regina Alves, que trabalhou em vários canais locais por décadas, analisa que as mudanças tecnológicas dos últimos 50 anos causaram uma revolução na maneira de trabalhar e de assistir à TV. Diferentemente das décadas anteriores em que para realizar uma transmissão ao vivo era preciso de toneladas de equipamento, hoje tudo é muito mais simples.

“É outra televisão, tem recursos que não tinham antigamente. Hoje, o ataque ao Capitólio, nos Estados Unidos, coberto pela Raquel Kranenburg, é um exemplo do que não se poderia fazer nos anos 90 e 2000. Uma espécie de autonomia que tem para o repórter, que consegue cobrir o fato ao vivo que em outro tempo não existiria sem a internet”, compara.

Segundo a pesquisadora Ivana Oliveira, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) e dos cursos de Comunicação Social da Universidade da Amazônia (Unama), no ano passado a televisão expandiu o domínio com o aumento do tempo de consumo dos brasileiros, aumento médio da audiência (que superou a Copa do Mundo de 2018), e milhões de comentários nas redes sociais.

“Nem mesmo o avanço da internet freou a TV, nada disso está freando o movimento de audiência. A web está repercutindo os conteúdos televisivos, e a TV interagindo em sua programação, guardando pedaços da programação para conteúdos fechados da internet. Foram gerados mais de 350 milhões de posts no Twitter somente no ano passado de comentários sobre a televisão”, pontua.

As duas pesquisadoras elencam alguns momentos marcantes antigos e atuais da televisão paraense. O primeiro deles em que as duas concordam é a cobertura do Círio de Nazaré pela mídia local. Essa cobertura sempre introduz novidades técnicas nas emissoras locais. Dentre as novidades que ocorreram primeiro no Círio estão a primeira transmissão a cores no Pará e a primeira cobertura jornalística aérea.

Outro momento importante para a TV, que ambas concordam, foi a cobertura jornalística nacional e local da pandemia de covid-19, fundamental para divulgar informações corretas de prevenção da doença. As coberturas combateram as fake news divulgadas sem controle pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. Para isso, as emissoras aumentaram o tempo de telejornalismo na grade para informar a população.

No terceiro momento, há uma discordância. Para Regina Alves, a produção local marcou a história. Ela lembra de grandes peças de teatro de Bertold Brecht adaptadas por Maria Sylvia Nunes e Waldir Sarubbi para a pela TV Marajoara logo no início da televisão no Pará. E no final da década de 1980, a programação da TV Cultura com 11 programas exclusivamente locais de diferentes gêneros e formatos com entrevistas, entretenimento e jornalismo.

Já para Ivana Oliveira, um momento importante da televisão está sendo a transmissão da CPI de covid-19, em que os telespectadores da TV Senado contribuem no mesmo instante com os senadores mostrando incoerências, resgatando e checando informações. “Em vários momentos da CPI da covid-19, houve a colaboração de vários perfis da internet, que mandavam fotos e áudios, contrapondo o depoimento de pessoas que estavam depondo na CPI”, enfatiza.

Regina Alves lembra que é preciso ter cautela com a televisão, porém é inegável que o meio de comunicação mudou e continua mudando a sociedade. “As pessoas tem reclamado bem mais do que antes quando não tinha uma televisão comunitária. Se não vai além disso, pelo menos já é importante, são passos que você vai dando em busca de construir uma cidadania”, reflete.

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