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'Sagração: Theatro da Paz recebe Cia Deborah Colker com apresentações até domingo (26)

Espetáculo reúne 15 bailarinos e cenografia de Gringo Cardia com 170 bambus de quatro metros de altura

Amanda Martins

O Theatro da Paz será palco do espetáculo Sagração”, da Companhia de Dança Deborah Colker, a partir desta sexta-feira (24), às 20h. As apresentações continuam no sábado (25), também às 20h, e no domingo (26), às 18h. A montagem reúne uma livre adaptação da obra clássicaA Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky, com elementos de cosmogonias indígenas, revisitações da mitologia judaico-cristã, e cenas que se destacam como momentos de ruptura. O projeto tem patrocínio do Ministério da Cultura, Petrobras e Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

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A peça  estreou em março deste ano, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A coreografia original, de Vaslav Nijinsky, marcou a história da música e da dança com estruturas rítmicas e harmônicas nunca utilizadas. Na adaptação brasileira, a partitura ganha novos contornos com ritmos como boi bumbá, coco, afoxé e samba, executados ao vivo por bailarinos com instrumentos como maracá, caxixi, tambores e paus de chuva.

Deborah Colker, criadora, diretora e dramaturga do espetáculo, afirma que a ideia partiu do desejo antigo de coreografar a obra de Stravinsky. Em entrevista, contou que o projeto ganhou forma a partir de uma conversa com a produtora Ana Luiza Marinho e o projeto começou tomar forma em 2021. “Ela me disse: você pode trazer para o Brasil, para nossa floresta, para nossas riquezas. Assim começamos a sonhar com uma ponte entre o clássico e o ancestral”, relatou ao Grupo Liberal. 

A coreógrafa explicou que a inspiração também veio de uma imersão no Xingu, em contato com os povos Kalapalo e Kuikuro. Lá, ela conheceu cineasta Takumã Kuikuro que contou a ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo. 

“Troquei o sacrifício do clássico pela celebração da evolução. O ponto de partida foi o ancestral brasileiro, com a figura da ‘Avó do Mundo’. Tudo só poderia ter começado com uma mulher”, afirmou.

Deborah descreveu que a narrativa percorre desde bactérias e quadrúpedes até a ruptura da consciência humana. Ela comentou que revisitou os mitos judaico-cristãos com apoio de Nilton Bonder para destacar a autonomia.  “Minha Eva não comete um erro; ela tem uma desobediência evolutiva, que expande a mente”, explicou. O cenário, assinado por Gringo Cardia, conta com 170 bambus de quatro metros de altura, simbolizando resistência e flexibilidade. A trilha é dirigida por Alexandre Elias. 

A dramaturgia conta com colaboração de Nilton Bonder e os figurinos são assinados por Claudia Kopke. A cia se apresenta com 15 bailarinos fixos em cena, em um ato único de aproximadamente 70 minutos, dividido em 14 cenas. Deborah destaca a relação da obra com a Amazônia e com o público local. 

“Essa apresentação em Belém é um retorno para casa. A obra é sobre a potência da natureza. Ao celebrar a evolução humana a partir da cosmovisão indígena, reforçamos que a vida é um ciclo de transformação que depende do respeito à floresta”, afirmou. Ela afirmou ainda que o público paraense tem familiaridade com os ritmos e elementos presentes na montagem. 

“Tenho certeza de que o contraste entre a grandiosidade europeia do Theatro e a nossa cenografia de bambu vai ressoar de forma especial no coração do público paraense”, afirmou, dizendo estar feliz por retornar ao Pará e lembrou que a circulação pelo Brasil sempre esteve no DNA da companhia. 

O diretor-executivo João Elias, que fundou a companhia ao lado de Deborah Colker, comentou que os 30 anos de trajetória ofereceram estabilidade e maturidade artística ao grupo. Ele lembrou que passaram por dificuldades, como a pandemia, mas ressaltou conquistas importantes, especialmente a fidelização do público.

 “O que ‘Sagração’ tem de mais precioso é exatamente esse espírito de evolução e inquietação que a Companhia sempre teve”, afirmou. Elias explicou que a produção do espetáculo reflete essa história, com bailarinos em cena, bambus no cenário e uma trilha sonora complexa. Segundo ele, a disciplina e o cuidado que marcaram as três décadas de trabalho foram fundamentais para dar vida à montagem.  “Essa obra é tão ousada quanto o nosso primeiro espetáculo”, declarou. 

Ele também ressaltou a relação entre arte e temas globais, especialmente diante da realização da COP 30 em Belém. “A arte sensibiliza e humaniza o debate. A COP 30 vai trazer uma discussão técnica e política, mas é a cultura que transforma informação em sentimento e ação”, disse. 

Elias destacou que apresentar ‘Sagração’ na capital paraense é uma forma de reforçar a importância de respeitar os povos originários e de alinhar evolução humana e sustentabilidade. 

”A capital que sediará a conferência, a gente usa a força da arte para reforçar essa mensagem: a importância de respeitar os povos originários e de entender que a evolução humana deve caminhar lado a lado com a sustentabilidade do planeta. A arte não oferece soluções científicas, mas oferece a esperança e o imaginário necessários para sonhar e construir um futuro diferente”, declarou.

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