Romance premiado do escritor paraense Airton Souza começa a ser vendido em todo o país

‘Outono de carne estranha’ foi vencedor do Prêmio Sesc 2023

Abílio Dantas
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A história de amor entre os garimpeiros Zuza e Manel no cenário de Serra Pelada, nos anos 80, é o centro da trama do romance “Outono de carne estranha”, do escritor paraense Airton Souza, que já pode ser comprado em plataformas digitais desde a última quarta-feira, 11. A obra foi vencedora do Prêmio Sesc 2023 e foi responsável por mais um dos mais de 120 prêmios literários conquistados pelo escritor em todo o país. O romance de estreia de Airton Souza já nasce com a marca do reconhecimento nacional, ainda que a falta de visibilidade aos artistas da Amazônia continue sendo uma preocupação para o autor.

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“A ideia de escrever o romance ‘Outono de carne estranha’, publicado pela Editora Record, deve-se a muitas questões, inclusive pessoais. Entre essas questões estão a relação entre meu pai e minha mãe com a região do sudeste do Pará, mas especificamente com a cidade de Marabá, que à época, na década de 80, era o principal território ligado ao garimpo de Serra Pelada. Esse livro nasce como uma dívida”, explica Airton. Segundo o escritor, com o romance, ele toca em “feridas abertas” da história do Brasil como as violências perpetradas pela lógica colonial, a homofobia, o racismo e a lógica patriarcal.

“A ideia de colocar em cena o tema da homossexualidade no garimpo de Serra Pelada deve-se, principalmente, as violências que os garimpeiros enfrentaram ao longo do tempo em que Serra Pelada esteve aberta. Violências promovidas por um Estado nacional opressor, ditatorial, que enviou para região um dos homens mais insanos desse país, o Curió. Portanto, ter uma relação homoafetiva dentro do romance foi uma maneira que encontrei para tentar pelo menos vingar um pouco essas violências, quebrando, ou ao menos colocando em debate, a ordem dada pelo Estado”, explica o escritor. “Para mim não havia outra forma de escrever essa história, esse romance, se não fosse com essa lógica da vingança, pois é preciso que esse país pare de uma vez por todas de matar gays, mulheres e negros”, completa.

Para Airton, a literatura possui sua função social, política e cultural, o que as torna parte dos tempos em que nascem. “Eu penso que um livro como o ‘Outono de carne estranha’ pode contribuir para muitos debates importantes neste país. Debates ligados ao racismo, a homofobia, a lógica patriarcal, machista, a questão da política dominada pelos homens, entre outras questões. Os personagens do romance, Zuza e Manel, vão tentar colocar em debate algumas dessas questões, e nos mostrar um pouco de uma campanha que vem sendo realizada neste momento nas redes sociais, dizendo exatamente que ‘aceitar ou não o casamento gay deve ser uma escolha de quem foi pedido em casamento”, completa o escritor.

O romance pode ser comprado nas plataformas digitais e terá lançamentos presenciais nas principais feiras literárias do país. “Isso porque o Sesc Brasil, que promove o Prêmio Sesc de Literatura, em parceria com a Editora Record, há 20 anos, promove um circuito, levando os vencedores e vencedoras do Prêmio a rodar o país inteiro para divulgar as obras vencedoras e compartilhar suas experiências com os livros”, anuncia.

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