Músicos paraenses comemoram choro como patrimônio cultural brasileiro

Amantes do ‘chorinho’ esperam maior valorização e políticas públicas a partir de agora

Vito Gemaque
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Após o choro ser declarado patrimônio cultural brasileiro, os músicos paraenses esperam maior e melhor espaço para o gênero musical em todos os sentidos. Na última quinta-feira (29), o choro ou chorinho, música instrumental criada no século 19 no Brasil, recebeu o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, presidido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O pedido de reconhecimento foi feito pelo Clube do Choro de Brasília, Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro e o Clube do Choro de Santos (SP), além de um abaixo-assinado. Com o reconhecimento, o gênero será registrado no Livro das Formas de Expressão do Instituto. Atualmente, o Brasil possui outros 52 bens imateriais registrados como Patrimônio Cultural pelo Iphan, incluindo o frevo, a roda de capoeira e o maracatu.

Uma das maiores referências no choro paraense Adamos do Bandolim, de 81 anos, foi um dos “chorões” jeito como são intitulados os músicos e amantes do chorinho, que participou e organizou as lives nacionais pelo IPHAN, para demonstrar a riqueza do gênero musical instrumental que nasceu no ano de 1870. Ele conseguiu reunir nas lives artistas de vários estados do Norte como Pará, Amapá, Rondônia e Acre.

Compositor de seis álbuns de choro e com mais de 65 anos na música, Adamor está muito feliz com o resultado. “É uma alegria geral, ontem foi uma festa em Brasília. Depois o pessoal fez uma festa no Rio de Janeiro, e estaremos comemorando isso no domingo aqui também na Casa do Gilson. Eu acho positivo, porque temos mais moral para pedir espaço, o choro patrimônio cultural. Era como antes viam a atividade de compositor, a gente era considerado desocupado, vagabundo, mas foi regulamentado a profissão. Espero que na COP 30, o choro paraense comece a ser convocado para ser uma das atrações. Ninguém hoje vira os holofotes para nós. A gente tocar choro por devotamento, é uma catequese, a gente vai tocar porque gosta”, declarou.

O Choro surgiu por volta de 1870 no Rio de Janeiro. O termo originou-se da maneira emotiva de se tocar músicas estrangeiras na época. O gênero conta com diversos artistas renomados, como Pixinguinha, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim, que contribuíram para sua popularização e preservação ao longo dos anos.

A instrumentista, compositora, professora de música e pesquisadora Carla Cabral, 39 anos, integrante dos grupos Mercado do Choro e O Charme do Choro, espera que com a decisão a partir mais políticas públicas sejam voltadas para o gênero musical, mais incentivos para difusão do choro nas escolas e mais recursos para que os músicos sejam melhor remunerados.

image Carla Cabral é integrante do Grupo Mercado do Choro. (Marcelo Lélis / Divulgação)

“Eu sempre acho positivo qualquer reconhecimento e qualquer conquista, principalmente falando em música instrumental, mas eu não consigo deixar de pensar que o nosso carimbó é também patrimônio e tantos mestres não estão conseguindo custear a sua vida. A gente fica temeroso disso acontecer com o choro, mas é preciso acreditar nas políticas públicas. Se tornar patrimônio significa ter políticas públicas para salvaguardar esse patrimônio cultural, e espero que essas políticas repercutam a favor da educação brasileira”, declarou.

Serviço – Shows de Choro em Belém

Casa do Gilson

Apresentação de vários artistas todo domingo

Endereço: travessa Padre Eutíquio, 3172 – Condor, Belém.

Horário: às 17h

O Charme do Choro

Apresentações

Dia 8, 16 e 22 – 20h - Restaurante Beiju Xica - Av. Cmte. Brás de Aguiar, n° 139, Nazaré.

Dia 10 – Praça da República – 9h

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