CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Valéria Paiva conta os segredos do sucesso da banda Fruto Sensual

Há quase três décadas, banda segue como referência na cena musical paraense

Sonia Ferro
fonte

Unanimidade na cena, a cantora Valéria Paiva é a voz e o rosto da banda paraense Fruto Sensual. Moradora de Santa Izabel, município que fica a 18 quilômetros da capital paraense, ela percorre a BR-316 quase que diariamente para cumprir a agenda de shows sempre lotada. Em uma noite, chega a fazer cinco apresentações. Para dar conta dessa rotina rigorosa, conta com a parceria do empresário Carlos Augusto, o Neco 'Patifão', parceria esta que saiu dos palcos para a vida pessoal: Valéria foi casada com Neco e dessa relação nasceram três filhos.

Mesmo após a separação, os dois seguiram trabalhando e fazendo sucesso juntos. Hoje, são vizinhos de muro e a filha mais nova de Valéria, de seu atual relacionamento, é afilhada de Neco. Neste sábado (9), a dupla comemora 27 anos de estrada com a banda Fruto Sensual, conquista que será celebrada com uma super festa no Insano Marine Club (Rua São Boaventura, 268, Cidade Velha). A noite terá ainda como convidados especiais o cantor Nelsinho Rodrigues e as bandas Xeiro Verde, Katrina e M’ Synk. Valéria conversou com a equipe de O Liberal e revelou o segredo de manter por tanto tempo o título de “A Rainha das Aparelhagens”. Confira.

Quando o Fruto Sensual foi criado, tu imaginavas que a banda ficaria tanto tempo em atividade? Como é trabalhar tanto tempo com o Neco?

Eu imaginava que o Fruto Sensual fosse ficar muitos anos em atividade, mas como uma banda de baile. Quando éramos teclado e voz, a gente fazia baile, fazia barzinho. Imaginei que fosse ficar dessa forma e não com esse sucesso que é hoje. Eu e o Neco nos completamos: eu digo que nós somos 50/50, porque ele é um excelente empresário e não existe um bom empresário sem um bom produto e um produto bom sem um bom vendedor. O que ele faz, eu não sei fazer. e eu aprendi muito com ele, eu devo muito a profissional que sou hoje às cobranças dele. Ele abraça as minhas ideias, minhas loucuras, ele abraça todos os meus projetos.

Normalmente as pessoas cantam histórias de amor, de pessoas e vocês estouraram cantando aparelhagens. Como foi isso? Como era e continua sendo essa parceria com as aparelhagens?

Foi unir o útil ao agradável: peguei as histórias de amor e coloquei o nome da aparelhagem como quem não queria nada, ali no meio, e casou! O público aceitou. Ficou bem bacana mesmo. Tanto que, às vezes, até o nome da aparelhagem é romantizado. Era muito bacana essa parceria com as aparelhagens, porque realmente foi a banda Fruto Sensual que deu esse pontapé, que deu essa alavancada nas aparelhagens. Na época as rádios não tocavam música de aparelhagem, e as aparelhagens, por sua vez, não tocavam as músicas umas das outras. Nós chegamos e colocamos a primeira aparelhagem pra tocar em locais até então inacessíveis à época, como a Assembleia Paraense e o Iate Clube. A parceria entre as equipes era muito legal. Hoje em dia eles já não dão mais o mesmo apoio às bandas, principalmente ao Fruto Sensual, mas ainda tem algumas aparelhagens e DJs que mantêm um certo respeito e parceria com a gente.

O Fruto Sensual é uma banda que vai se reciclando e segue conversando com várias gerações. Tem o público que acompanhou vocês lá no início, que ainda segue, e a nova geração. Qual o segredo?

A responsabilidade, o comprometimento, principalmente na hora de compor as músicas. Eu sinto uma responsabilidade muito grande quando eu vou compor, porque assim como eu sei que atinge os públicos jovens, tem os idosos e as crianças. Então eu procuro ter um cuidado com a linguagem que eu vou usar, com o linguajar, para tornar minhas músicas o mais românticas possível, sem serem polêmicas ou apelar para palavrões. Além disso, tem o carinho que eu tenho com o público, procuro manter um contato com eles, uma cumplicidade acima de tudo. Acho que é aí que está o segredo!

O Brega foi considerado recentemente Patrimônio Imaterial do Estado, mas tem artista que diz que Brega não vende pra fora?  Concordas que é uma música local?

O Brega vende, sim, para fora! Inclusive eu tenho certeza que esse é um dos ritmos mais ricos do Brasil, ele tem várias ramificações: Tecnobrega, Tecnomelody, o Brega eletrônico... O Brega é muito rico nas letras, nos ritmos, coreografias, na dança, nos figurinos. O Brega não é, nunca foi e nunca será uma música local! Ele só não vende pra fora, infelizmente, pela briga de egos que existe entre os artistas do nosso estado. É essa briga de egos que atrapalha o Brega explodir nacionalmente, mas eu ainda acredito que um dia isso vai mudar.

As lives do Fruto Sensual durante a pandemia vivaram um acontecimento. Lives longas, sempre com novidades. Como foi esse período?

Eu comecei a fazer as lives na mesma semana que pararam os shows. Eu disse pro Neco: “a gente precisa manter o nosso público em casa”. Tanto que o primeiro tema das lives foi “Longe dos olhos, mas perto do coração”. Eu acredito que foi uma forma da gente se ajudar, porque eu sei que o público tava com aquela ansiedade, com aquela tristeza e a gente também estava. Eu ajudava o público e o público me ajudava. Nós nos abraçamos e fizemos companhia virtualmente. Foi uma forma de levar aquela época tão difícil de uma forma mais leve, mais fácil pra gente suportar.

Em entrevista recente, a Joelma falou que és uma das pessoas mais amadas da cena. Ela te elogiou bastante. Como é, depois de tanto tempo na estrada, se manter como referência em um meio em que a rivalidade é muito estimulada?

Eu sou muito amiga de todos os artistas. Todo mundo sabe que eu procuro manter essa amizade e sempre procurei manter essa união. Tanto que nas lives, já para o final, a gente fazia sempre com algum convidado. Eu procuro manter as parcerias, fazer os feats (parcerias musicais) com os cantores. Não adianta eu falar tanto nessa união, falar tanto dessa briga de egos e fazer o contrário. Eu acho que eu tenho que levantar a bandeira que eu prego, né? Então eu tento ser exemplo, é isso que eu tento passar para os meus amigos. Existe sim uma rivalidade entre alguns artistas, mas eu procuro manter isso distante de mim e muitas das vezes eu procuro até aproximar alguns artistas, promover a união para ver se torna mais fácil o dia que a gente estoure nacionalmente.

Tu és uma referência na cena paraense. Quais cantoras do Pará precisamos conhecer?

O Pará é rico em todos os ritmos, não só no Brega. Nós temos excelentes cantoras! Sempre falamos das cantoras que estão mais em evidência: Viviane Batidão, Ellen Patrícia da Xeiro Verde, Michele Amador, mas temos outras cantoras maravilhosas: temos Mell Pinheiro, Carol Lemos. A Carol Diva no sertanejo, a Priscila Russo, que foi uma grande cantora de Brega, mas agora está no Forró também... São tantos nomes que eu até me perco. Eu acho que nós temos que conhecer e valorizar o que a gente já tem e sempre abraçar quem está surgindo porque eu acredito que todos os dias surgem novas cantoras como a Bia Cantão, que vão para o The Voice estouram no programa, e só aí o público paraense fica sabendo que temos grandes artistas.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Música
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MÚSICA

MAIS LIDAS EM CULTURA