Flor de Mururé mostra a força dos terreiros em música 'Dona Mulambo'
Single faz parte do disco de estreia do artista paraense, que chega às plataformas digitais ainda este mês

Com seu disco de estreia intitulado "CROA" prestes a sair, o cantor paraense Flor de Mururé apresenta, na sexta-feira (10) o single "Dona Mulambo", em parceria com João Feijão, que faz parte do seu primeiro trabalho que chega às plataformas digitais ainda este mês. Com força e potência, o artista une espiritualidade, religião e identidade na canção que cultua orixás, voduns e encantados, como a pombagira que dá nome ao single, conhecida como a entidade de reconstrução e amor.
VEJA MAIS
Ao O Liberal, Flor falou sobre suas vivências como pessoa trans cultuando uma religião de matriz africana. No single, o paraense exalta os terreiros do Pará e do Maranhão e mostra que as pessoas podem resistir e se destacar no caminho artístico. Para o cantor, a música chega com uma mensagem sobre a importância do respeito, independente de religião, crença ou ideologia e retrata o afeto do artista por sua religião.
"São dois lados de resistência: ser trans e ainda ser da religião de matriz africana e originária. É muita força e persistência para continuar e se manter vivo. É isso que o álbum e as músicas vêm trazendo. Eu espero que o público se conecte, empatia e respeito. Que se conecte com as coisas de bonito dentro desse clipe e da música, para além dos corpos que estão ali e para além das suas crenças, tendo a possibilidade de se abrir para um mundo que existe e nunca vai deixar de existir", explica o cantor.
"Dona Mulambo" apresenta a levada do Tambor de Mina com participações do Trio Manari na percussão, de Thomas Rohrer na rabeca e produção musical de André Magalhães. O single apresenta ao público um áudio captado durante uma gira no Terreiro Rainha Bárbara Soeira e Tóy Azaká, Casa de Santo dedicada as pessoas LGBTQIA+, localizada no subúrbio de Belém.
Acolhimento na religião
Mururé deixou a própria casa ainda adolescente, em busca da própria sobrevivência. Na época, o artista se voltou à arte e descobriu sua fé na religião afro religiosa. No terreiro de Tambor de Mina onde foi acolhido, ele ganhou irmãs artistas que se tornaram fundamentais para a construção do disco "CROA", como Anastácia Marshelly, Valesca Minaj e Mulambra, presentes em "Dona Mulambo".
Expectativa para o lançamento
Flor está radiante com o novo trabalho, prestes a alcançar o público. Segundo o artista, o trabalho foi feito com muito carinho, cuidado e amor do mundo, visando oferecer algo que impacte positivamente as pessoas. "Eu estou me sentindo muito feliz e realizado. Fico muito contente de poder trazer esse trabalho ao mundo com tantas outras forças. Significa muito para mim, porque assim outras pessoas também podem ter outras possibilidades de vida a partir dessa história", diz.
"O público pode esperar muita vida, abundância e esperança. Pode esperar muito afeto, muita força e novos tempos. Eu acho que já passou o tempo da gente ser visto como só esse corpo, não é? Aquele corpo marginalizado. Pode esperar a nossa vida e a entrega de vitórias. Um acalanto nas músicas, um alívio e uma tranquilidade", complementa o artista.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA