Cronixta lança o álbum de estreia 'Maiandeua'

O cantor paraense traz 8 faixas com misturas de rapp e ritmos regionais

Enize Vidigal

O rapper e cantor paraense Cronixta, radicado em São Paulo, acaba de lançar o álbum de estreia, "Maiandeua”, com oito músicas que passeiam pelos gêneros latino-brasileiros e sonoridades amazônicas, como o carimbó, guitarrada e tecnobrega, tendo como fio condutor o rap. Ainda, o projeto traz o “Manifesto Maiandeua”, uma faixa poética sobre a violência e a destruição ambiental que ganhou um videoclipe, disponível no canal oficial do artista no Youtube.

Ouça aqui.

"Maiandeua” é o nome da ilha do Nordeste Paraense, de praias salgadas, popularmente conhecida como Algodoal. A expressão significa “mãe terra” em tupi. Nesse trabalho, Cronixta transporta o clima de uma roda de carimbó na praia da Algodoal, com a sua resistência cultural e a alegria do povo do Norte, para uma nova musicalidade que mescla os ritmos regionais à crítica desafiadora e batida contundente e contemporânea do rap.

O disco traz as participações luxuosas de Manoel Cordeiro, KL Jay (Racionais MC’s), Macedo (Afrocidade), Japa System (Baiana System), Pedro Luís (Monobloco e Pedro Luís & a Parede), Dj MF, Léo Grijó, Iky Castilho, Wagner Bagão e Miro Vaz.

“O álbum é a síntese sonoro de toda minha formação musical. Eu tenho a impressão que consegui colocar o ouvido na boca do estômago e receber a energia que lá estava canalizada, a chamei de ‘Maiandeua’”, descreve o artista. “O disco fala sobre o suingue e a alegria do povo do norte, sobre ressignificar minhas raízes, sobre amor e resistência.”

Clipe

O “Manifesto Maiandeua” traz imagens de violência: de animais silvestres abatidos por caçadores - no caso, onças adultas carregadas em uma caminhonete - e de gente assassinada, caçada como animais com tiro na cabeça. Ainda, o desespero de uma indígena que assiste a aldeia incendiada, alvo de invasores e desmatadores, é seguido por imagens aleatórias de corpos enterrados em valas comuns (supostamente no Amazonas, durante a pandemia pela Covid-19) e praias contaminadas por óleo combustível.

A força das imagens contrasta com a delicadeza de trechos da mensagem, como: “Maiandeua é mãe terra, de gente cabocla, que tem a sua raiz”. Imagens de trabalhadores, caboclos da Amazônia, foram gravadas principalmente no Ver-o-Peso, como barqueiros, garis e vendedores de peixe e de tapioca e garis, assim como de moradores ribeirinhos em seus humildes trapiches. “Carimbolei é a lei. Swing de brasileiro que na dificuldade sorri”, continua.

O álbum teve a direção de Miro Vaz e foi gravado no estúdio MusicHero e Cronixta. Enquanto o videoclipe tem o texto assinado por Cronixta, a direção geral e fotográfica de Raphael Savelkoul e a direção criativa e a produção de Noyze.

Trajetória

Nascido em Belém, Cronixta cresceu na periferia do bairro do Marco, onde teve contato com os gêneros que hoje influenciam o trabalho dele como músico: “Eu lembro de ouvir Warilou, Nelsinho Rodrigues, Fruto Sensual, Mestre Verequete etc. Lembro do cheiro da maniçoba no fogo, eu era muito pivete”.

Em 2013, ele mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira no rap  em paralelo às artes plásticas e à grafitagem. Foi no estúdio com Iky Castilho e Ramiro Mart, produtores conceituados do rap nacional, que ele se engajou na música.

“Eles estavam produzindo com vários artistas e, nesse momento, eu percebi o quanto de empenho e amor é necessário para trabalhar com música. Resolvi lançar um disco em 2014, ‘Tekoha’, formando o grupo ‘Cronistas da Rua’ com dois parceiros paraenses”, recorda.

A veia musical de Cronixta flui entre ritmos latinos da memória da infância e melodias amazônicas, ele mixa a sonoridade cabocla do Norte e o Hip Hop à música brasileira: “Misturar é algo natural pra quem nasceu em Belém do Pará. A cultura da minha cidade é um caldeirão de ritmos e batidas. Essa é minha formação e foi o laboratório para reinvenção de meu estilo. Hoje, o público começa a entender e reconhecer as sonoridades latinas entrelaçado à história da música brasileira, e a valorizar o que temos de mais autêntico dentro de nosso cenário musical”.

A partir dos singles “Belchior”, “Jambu” e “Banho de Rio”, Cronixta assume as batidas tecno eletrônicas ao som moderno de sintetizadores e a linguagem nortista, mostrando a pluralidade com força total. “Fico muito feliz em contribuir para que a diversidade musical continue a fazer parte de nossas vidas, vejo que isso é minha missão nessa terra que nossos ancestrais deixaram”, afirma.

“Ter a influência do eletronico tecno brega, do carimbó e dos cantos da minha terra no meu disco é muito natural, além do ‘X’ do meu sotaque ‘Xiado’ pra tocar nos ‘X’s’ das questões que vejo como necessário, amar e mudar as coisas me interessa mais, como o rapaz latino americano Belchior”, explica Cronixta.

Em 2017, ele partiu para a carreira solo percorrendo outras sonoridades sem abandonar o rap. Lançou o single “Primatas”, boombap com participação de Djonga e Garoá, cujo clipe atingiu 500 mil visualizações no Youtube. Outros trabalhos lançados foram “Volta Seca” com os irmãos Keops e Raony (Medula); “Remoso”, “Belhell”, “Hitchcock”, “Zé do Caroço” (cover de Leci Brandão), “Derê”, “Taxi Driver” e “Coral”.

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