Cantora paraense Ju Abe apresenta “Éden”, videoclipe que une arte independente e ativismo climático
Nova obra tem poesia, crítica social e urgência ambiental
Nesta quarta-feira, 12, Ju Abe lança um novo trabalho: o videoclipe da canção “Éden”. Além da nova obra, a data também marca o aniversário da cantora. Este lançamento foge a algumas regras, já que a canção foi lançada há quatro anos, no segundo álbum da artista, Via pro Despertar – produzido pelo ganhador do Grammy Latino Pipo Pegoraro.
Aprovado com nota máxima no edital da Lei Paulo Gustavo da Prefeitura de Belém em 2023, o clipe transcende o gênero musical para dialogar com a linguagem do cinema, trazendo a produção artística independente paraense para dentro do debate público da COP30, já que o filme contesta a sociedade contemporânea enquanto produtora de um modo de vida consumista e destrutivo, clamando por justiça climática e preservação da vida na Terra.
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Com roteiro de Anna Fernanda Eloísa, “Éden” mostra a personagem de Ju Abe vivendo o drama de quem se sente aprisionada dentro de sua vida na cidade. Representando essa angústia, a equipe do filme construiu dois alter egos que expressam a doença interna da personagem: o primeiro está preso em uma caverna, vivendo em contemplação de meras sombras (fazendo referência ao Mito da Caverna, de Platão), enquanto o segundo alter ego está preso dentro de uma espécie de traje que mais parece uma prisão, com elementos que remetem à tecnologia de ponta contemporânea, numa crítica à sociedade que investe desenfreadamente em tecnologia, mas não consegue solucionar as crises humanitária e ambiental.
“Sou uma artista musical que utiliza a arte para transformar, contestar, reivindicar, denunciar e propor alternativas de vida diferentes das impostas pelo modelo capitalista ultraconsumista e destruidor. Fico muito feliz em contribuir para o debate climático em minha terra natal, justo no momento em que os olhos do mundo se voltam para ela. Porém, mesmo tendo dado um grande passo ao sediar-se em Belém, a COP ainda carece de representatividade popular, e nosso lançamento totalmente independente também está aí para provocar esse debate. Desde já, chamo a todos para participarem também da Cúpula dos Povos, um evento paralelo que está acontecendo em Belém, organizado por movimentos sociais populares que não estão se sentindo representados na COP30”, diz a artista.
Gravado nos assentamentos Mártires de Abril e Abril Vermelho, do MST, o clipe mostra comunidades que vivem e buscam alternativas ao modo de vida urbano que degrada a natureza. O elenco dá vida a camponeses que praticam a agroecologia, em harmonia com a natureza, produzindo alimentos e desenvolvendo modos de viver sustentáveis.
Para a construção de toda essa narrativa, Ju Abe usou cinco figurinos diferentes, todos criados por Nanan Falcão, que também assina a direção de arte, além de ter atuado em cinco cenários diferentes, entre eles, uma caverna realista feita de isopor e papel, criada por Nelson Vilhena.
Além disso, o segundo videoclipe da carreira de Ju Abe traz a premiada paraense Caroline Torres nas direções e fotografia, e mais um robusto elenco de doze camponeses dos assentamentos, além de uma engajada equipe técnica.
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