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A carreira de sucesso de Atalla Ayan, o tenor paraense

Nas férias em Belém, Atalla se apresenta junto com a amiga Marília Caputo em dezembro

O Liberal
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A voz calma e pausada na troca de mensagens de voz por celular, nem de longe lembram a potência alcançada durante as suas apresentações mundo afora. Mas essa não é a única diferença entre o Atalla Ayan tenor e o jovem Atalla. Enquanto aquele celebra ter representado um dos papéis mais importantes no universo operístico, o personagem Rodolfo da Ópera La Bohemia, de Putine. Este se diz "alucinado" pelo rock da Banda Queen e pelo então vocalista Freddie Mercury e sonha em gravar um CD, mostrando que a música realmente ocupa todos os lados de sua vida.

É nesse universo que ele aproveita a temporada em Belém, sua cidade natal, por conta da pausa dos trabalhos onde mora, em Stuttgart, na Alemanha, por conta da pandemia, para matar a saudade da família, da namorada, da cachorra de estimação, da comida e se apresentar em um recital, agendado para o dia 10 de dezembro, ao lado da amiga, a musicista Marília Caputo.

Para quem respira música e se dedica a ela com devoção, não é de se estranhar que Atalla tenha alcançado notas altíssimas em papéis icônicos da ópera. Além de Rodolfo, já viveu Alfredo de La Traviata, e o próprio Fausto em grandes teatros do mundo. Se apresentou no Metropolitan Opera de Nova York, na Royal Opera House de Londres e na Opéra Bastille, em Paris. Cantou com gente do quilate de Plácido Domingo e com a russa Anna Netrebko. Mas tudo começou aqui mesmo, no Theatro da Paz e seguiu quando ganhou uma bolsa para estudar música em Bolonha e Nova York.

Por isso, cada volta à cidade é sempre celebrada. E dessa vez não será diferente. Um projeto vem sendo maturado para ser apresentado ao público paraense. “Esse recital tem um espaço muito especial no meu coração, primeiro pela questão da pandemia. Estamos em um momento muito sensível, que afeta a muitos. Além disso, ele marca a minha volta aos palcos paraenses. Depois de um tempinho estou tendo essa oportunidade novamente”, comemora.

Mas não é só. “Vou estar acompanhado pela minha queridíssima amiga, irmã de coração, a Marília Caputo, uma grande pianista, que tem uma grande carreira no exterior. Somado a isso, vamos apresentar um novo repertório, um repertório mais espiritual. Diria que será um marco na minha carreira como recitalista aqui na minha querida e amada cidade, Belém do Pará”, explica.

Os detalhes do recital estão sendo finalizados e vêm ganhando corpo nos encontros entre os músicos. “É um projeto de quase uma vida inteira, porque há mais ou menos dez anos eu venho falando com a Marília sobre isso. Então espero que realmente possamos apresentar um repertório que toque, que chegue ao coração das pessoas”, conta.

A última apresentação do tenor na capital paraense foi no palco do Theatro da Paz, em 2020, ao lado da Orquestra Sinfônica do teatro. “Foi um momento muito especial. Naquela época bem difícil da pandemia, entre maio e junho. Cantei um repertório espiritual, com Ave Maria e Agnus Dei. Foi muito tocante, realmente bem delicado por conta do que estávamos passando”, lembra.

Nem mesmo a experiência de já ter se apresentado diante de plateias exigentes em verdadeiros santuários da música clássica tira do tenor o nervosismo de uma estreia, ainda que isso seja imperceptível em suas apresentações. “A gente sempre tem um frio na barriga. Mesmo depois de tantos anos fazendo esse trabalho é difícil realmente não ficar nervoso, porque o canto é uma coisa muito especial, muito delicada, a cada momento, a cada dia você acorda de uma maneira diferente, sentindo a sua voz de uma maneira diferente. Então esse é o grande desafio do cantor: ajustar tecnicamente, controlar o seu instrumento para que ele seja 100% funcional todos os dias”, explica.

A responsabilidade diante do público também pesa nessa hora, especialmente quando essa plateia está no Brasil. “O público brasileiro é maravilhoso, caloroso, mais do qualquer outro do mundo. Te joga para cima, te anima como artista, te faz querer estar no palco, cantar para ele. Eu diria que o nosso público brasileiro e, principalmente o paraense, é especial para qualquer artista, sendo popular ou erudito”, garante.

Pausa

A vinda de Atalla para Belém foi possível porque as apresentações na Alemanha ainda não foram totalmente normalizadas por conta da pandemia. “Para se ter uma ideia, a minha última apresentação em solo alemão foi em fevereiro do ano passado. De lá para cá, nenhuma apresentação. Me apresentei apenas na Itália e na Espanha, onde o protocolo permitiu”, conta.

Mesmo assim, para o preparo vocal não há pausa. “Ele é importantíssimo na carreira de um cantor lírico. Pavarotti já dizia: o cantor lírico é como um atleta. A gente precisa treinar, ensaiar, precisa sempre está se movimentando para manter o nosso instrumento em dia. E  esse movimento é através de exercícios vocais, respiratórios e entre uma coisa e outra, o descanso. Ele é fundamental, assim como a hidratação das cordas vocais, enfim, para todo o aparato vocal, uma boa noite de sono é imprescindível para qualquer pessoa e, principalmente, para um cantor lírico”, detalha.

Todo esse esforço e dedicação tem levado Atalla longe, mas sem perder seus desejos mais simples. “Além daquilo que ele já conquistou, o artista deseja aquilo que está por vir né. Tenho na minha vida não só profissional, mas na minha vida mesmo o desejo de é registrar, de gravar um CD. Desde que eu era criança ouço Pavarotti, os três tenores, Plácido Domingo e pegava nos discos e dizia: Poxa um dia quero também fazer a mesma coisa. Um dia quero também gravar um CD, porque é uma conquista, principalmente hoje em dia quando a gente não tem mais o CD físico e tudo isso já está acabando há um tempo. Então realmente esse é um grande sonho para mim. Galgar esse espaço digamos assim”, revela.

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