Escritor Ivanildo Alves lança 'Padrasto Ouro', último livro da trilogia sobre latifúndio na Amazônia
Evento será às 18h desta sexta-feira (13), na sede da Academia Paraense de Letras, no centro de Belém
Em meio à exuberância e reserva de recursos naturais da Amazônia, a posse da terra é uma questão central. O latifúndio, entendido como grandes propriedades rurais com baixo aproveitamento econômico e, muitas vezes, improdutivas, representa um grande desafio para a proteção dos ecossistemas naturais e, especialmente, para os cidadãos que vivem na região. Esse tema é explorado no livro “Padrasto Ouro - Crônicas do Latifúndio na Amazônia”, do advogado e presidente da Academia Paraense de Letras (APL), Ivanildo Alves, que será lançado nesta sexta-feira, dia 13, às 18h, na sede da APL, em Belém (Rua João Diogo, 235, Centro). Ivanildo Alves também é articulista do Jornal Amazônia, do Grupo Liberal.
O livro “Padrasto Ouro”, com edição do próprio autor, completa a trilogia “As Crônicas do Latifúndio na Amazônia”. Com 32 anos de experiência no campo jurídico e sempre atento às questões amazônicas, Ivanildo Alves explica que a obra é um romance com o propósito de abordar temas relativos à região amazônica. Ao longo dos livros, o autor discute o impacto do latifúndio no meio ambiente, a violência no campo e a pistolagem, entre outros aspectos estruturais. O enredo, totalmente ficcional, é desenvolvido a partir de dados reais, como ressalta o escritor, autor de 29 livros.
A trilogia começou com “Mãe Terra”, em 2022, seguida por “Madrasta Terra” em 2023, e agora chega a “Padrasto Ouro”. Segundo o autor, os três livros podem ser lidos individualmente ou como uma sequência. "São desdobramentos do mesmo trabalho", destaca Ivanildo. Ele acrescenta que a violência no campo tem grande parte de sua origem ligada ao latifúndio.
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Latifúndio e o agronegócio: desigualdade social
Para Ivanildo Alves, o conceito de latifúndio, que hoje é frequentemente encoberto pelo termo agronegócio, representa um modelo desigual de distribuição de terra. “O agronegócio produz muito para o Brasil e gera divisas, mas a distribuição de terras continua sendo injusta. Não se fala sobre a produção dos pequenos e médios produtores, que também ocupam a terra e, muitas vezes, geram mais resultados que as grandes propriedades", afirma.
“De um lado, há quem possua vastas extensões de terra, enquanto do outro, pequenos agricultores lutam para garantir espaço para sua produção e sustentar suas famílias”, analisa Ivanildo Alves, destacando que o latifúndio é a raiz das desigualdades sociais.
Em “Mãe Terra”, o autor cria uma história fictícia sobre uma cidade no interior da Amazônia, chamada Canaã, localizada no sul do Pará. Na trama, os moradores constroem uma comunidade para criar animais e cultivar plantas, mas são expulsos e brutalmente atacados pelos proprietários de terra. “Embora fictício, o enredo retrata casos reais que aconteceram no sul do Pará”, conta Ivanildo. Em “Padrasto Ouro”, o autor também destaca a poluição dos rios pela ação de garimpos ilegais, onde o mercúrio, utilizado nas atividades de mineração, contamina o meio ambiente e afeta a saúde humana.
Falta de enfrentamento ao latifúndio
Para o escritor, o latifúndio é um legado das administrações públicas desde os tempos de Pedro Álvares Cabral e das sesmarias, uma divisão de terras da época colonial. "Ninguém teve coragem de enfrentar o latifúndio como deveria, dividindo a terra de forma mais equitativa, algo que só o Estado pode fazer, oferecendo indenizações adequadas, mas principalmente proporcionando terra para os sem-terra”, critica o autor.
Ele também defende que o foco deve ser dado à agricultura familiar e aos pequenos e médios produtores, que, segundo estudos, têm potencial de produção maior do que o agronegócio mecanizado.
Oportunidade de Debater na COP 30
Ivanildo Alves acredita que a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que ocorrerá em Belém em novembro de 2025, será uma oportunidade única para debater o latifúndio e seus impactos na Amazônia, em um contexto mais amplo de desafios ambientais e sociais.
Ele propõe, ainda, a criação de escolas agrícolas e universidades rurais para capacitar a população local, garantindo que as terras sejam bem aproveitadas. "Não basta apenas distribuir a terra, é preciso garantir que as pessoas tenham os conhecimentos necessários para utilizá-la de forma sustentável e gerar uma melhor distribuição de renda", conclui.
Serviço
Lançamento do livro ‘Padrasto Ouro - Crônicas do Latifúndio na Amazônia’, de Ivanildo Alves
Quando: Dia 13 de dezembro, às 18h
Onde: Na sede Academia Paraense de Letras (APL). Rua João Diogo, 235, próximo à Praça da Bandeira, no centro de Belém
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