Ivan Baron, o 'influenciador da inclusão', fala sobre trajetória e a luta anticapacitista

Ivan Baron começou em 2018, de maneira despretensiosa, e hoje já ultrapassa 480 mil seguidores em suas redes sociais; confira a entrevista em vídeo

Emanuele Corrêa
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O pedagogo e influenciador digital Ivan Baron faz sucesso nas redes sociais com seus conteúdos sobre diversidade e inclusão. Na luta anticapacitista, utiliza o bom humor e linguagem acessível para falar sobre deficiência e respeito. Em entrevista exclusiva a redação de O Liberal o "influenciador da inclusão" como é conhecido contou sobre a sua luta, a proporção que sua imagem ganhou e seus planos para o futuro. 

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O anticapacitismo é a luta que tem como objetivo superar as imposições e posturas preconceituosas da sociedade sob os corpos, hierarquizando-os e subjugando-os. Já á o capacitismo é o pensamento errôneo de que algumas pessoas são mais capazes do que outras e que pessoas com deficiências (PCD) não podem trabalhar, aprender, amar, ir e vir e exercer todas as dimensões que compõem a sua própria vida e em sociedade.

Ivan Baron, 23 anos, é criador de conteúdo digital e utiliza seu conhecimento e bom humor para falar sobre representatividade de uma forma acessível. Natural do Rio Grande do Norte, aos três anos teve uma infecção alimentar - Meningite viral - e a consequência foi a paralisia cerebral. A deficiência física e mobilidade reduzida não são fatores limitantes para Baron, que adaptou as linguagens acadêmicas sobre o assunto da inclusão, diversidade e anticapacitismo para um conteúdo informativo e acessível nas suas redes e palestras pelo Brasil. Começou em 2018, de maneira despretensiosa, e hoje já ultrapassa 480 mil seguidores em suas redes sociais. Confira a entrevista!

 

1. Quando decidiste criar conteúdo?

A história começou em 2018, quando eu era estudante de pedagogia e o Brasil estava passando por um movimento político social. E eu como estudante, senso crítico, me incomodei com a ausência de pessoas com deficiência nessas manifestações. Então, nossas pautas sempre eram inviabilizadas. A partir desse incomodo eu falei: 'precisamos gritar e pedir mais espaços de visibilidade. E acabei usando o ambiente virtual como extensão da minha voz. No início foi difícil furar o algoritmo e a bolha e levamos o tema do capacitismo para rodas de conversa e cotidiano

 

2. Você teve uma posição ativa nas eleições de 2022. Qual o papel dos influencers na política?

Aquela subida de rampa foi bastante simbólica e me ajudou a furar essa bolha. Ali eu pude expandir a minha voz sobre o assunto. Fora da política não a avanço. Por isso que nós formadores de opinião precisamos nos posicionar. Até pelo bem das pessoas que nos seguem. E posicionamento político não tem a ver com filiação partidária. E eu quero explicar sobre o assunto, capacitismo, para que possamos garantir os direitos para as pessoas com deficiência.

image Ivan Baron começou em 2018, de maneira despretensiosa, e hoje já ultrapassa 480 mil seguidores em suas redes sociais; confira a entrevista em vídeo (Reprodução / Divulgação)

3. Como pedagogo, qual a importância dos conteúdos educacionais nas redes? 

A faculdade de pedagogia me ajudou no caminho de criação de conteúdo e foi lá que eu aprendi como alcançar as pessoas, com um discurso afetuoso e didático. Eu tenho um cuidado com o público infantil. Quanto mais cedo começarmos a falar de assunto que são tabus para os adultos, com as crianças – respeitando a suas fases, mas falando de forma lúdica – , podemos introduzir os assuntos sobre respeito e a diferença. Que o coleguinha que não anda, que não fala com a boca, mas se comunica com as mãos, pode brincar e merece respeito. Quando eu era criança, infelizmente, isso não era debatido. E eu não culpo meus colegas, mas sim os adultos que não introduziram o adulto. Existem termos que não devem ser utilizados. Não somos heróis. Queremos que nossas vivências sejam naturalizadas e não normalizada, porque não é que alguém seja normal.


4. Qual foi a melhor e maior experiência como influencer?

A experiência de representar um filme da Disney, “Elementos”, foi o mais significativo. O Ivan criança se sentiria orgulhoso. Eu cresci assistindo a Disney e não tinha nenhum personagem que eu pudesse me reconhecer. Então, na idade adulta, representar esse personagem foi importante. É lindo! Que mais pessoas com deficiência tenham essa oportunidade. E o filme é lindo, com uma mensagem sobre amizade, respeitar as diferenças, é incrível!

 

5.  Afetividade, como percebes esse assunto para PCDs?

Namorar é uma palavra muito forte, quando uma pessoa não tem deficiência e alguém PCD. Geralmente é para usar nossos corpos para o prazer momentâneo. Falar sobre autoestima, amor próprio… Ter um corpo com deficiência e amar esse corpo é um ato político. Porque quando somos crianças não somos ensinados a amar nossos corpos. Não devemos aceitar migalhas e sim o que merecemos. Quantas pessoas com deficiência você já namorou? Será que seu amor é inclusivo? Além disso, será que ele é anticapacitista? Será que seu amor está pronto para segurar a barra? E se sim, é apenas um casal como todos os outros. As pessoas ainda acham extraordinário, mas [na relação] é igual ao que vocês fazem com os namorados e namoradas de vocês.

 

6. O que desejas para o teu futuro?

Meu desejo é continuar alcançando públicos diferentes. É a partir do incômodo que geramos avanço. E rodar o Brasil com as minha palestras. Tenho uma novidade envolvendo representatividade PCD pela frente, mas não posso dar detalhes. Mas vem muita representatividade PCD!

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