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Feira do Livro e das Multivozes traz discussão sobre a reinvenção da poesia no rap

Com mediação do escritor Preto Michel, Liz da Silva e Pelé do Manifesto debatem sobre a importância e representatividade do gênero na capital paraense

Thainá Dias

Continuando com a programação especial da 25ª da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, hoje será realizado, a partir das 17h30 min no Hangar Centro de Convenções, o encontro "A Reinvenção da Poesia no Rap", com mediação do escritor Preto Michel e participação de Liz da Silva e Pelé do Manifesto.

Segundo o escritor e mediador do encontro, Preto Michel, “o rap sempre foi uma ferramenta de influência, principalmente na juventude da periferia. Algumas pessoas começaram a produzir suas próprias poesias então o ritmo traz rimas e estrofes que fala sobre nossas lutas. Rap significa ao pé da letra, ritmo e poesia. Então a poesia compõe o rap. Quando os mc’s fazem rap, eles começam com a poesia e apenas colocam uma melodia. Você não pode falar de rap sem poesia, nem vice versa”, explicou.

Michel destaca ainda que o crescimento do rap no mundo, traz a conscientização da realidade brasileira. “E a poesia tem também essa função, a união rap e poesia sempre vai existir, não dá para separar. A cultura do hip hop no Pará é muito importante, lutamos contra questões essenciais da sociedade. O rap foi o primeiro elemento para dar voz a muitas vítimas do descaso da sociedade ou das injustiças sociais. Então foi criado uma ponte entre a música e as dores da periferia. A poesia é muito importante para a periferia. E o mais lindo é ver que os jovens vivem do rap mas não param de estudar, porque sabe da importância do conhecimento para todo e qualquer tipo de arte. A Liz Silva é formada em Língua Portuguesa, professora, então isso mostra a importância de estudar, fazer arte e não parar de estudar”.

Convidada do evento, Liz da Silva reforça a fala de Michel. “Na minha perspectiva, como poeta marginal, sinto que a poesia influencia o rap, e não somente o contrário. Lembrando que Rap é ritmo e poesia. Ambos caminham lado a lado. O Rap no Pará é extremamente rico e diversificado, eu particularmente tenho como exemplos não somente os artistas que já estão mais visíveis na cena, mas também os manos que rimam dentro dos ônibus, nas rodas culturais, os que estão fazendo pockets nas praças e coletivos e que às vezes ainda não tem tanta visibilidade. É neles que busco inspiração. Então acredito que a renovação dessa poesia na verdade é um grito dos excluídos também, é saber que as nossas rimas, a nossa literatura vai beber de fontes da periferia e dos meninos e meninas que estão fazendo Rap. A poesia se renova todas as vezes que nós e nossas vivências nos renovamos. É um processo contínuo”, afirmou.

Liz ressalta ainda que é extremamente importante continuar potencializando e inspirando artistas locais, dando oportunidades e acreditando no sonho deles. “Acredito muito em cada MC, cada organizador de batalha, nas manas do ‘Slam Dandaras do Norte’ que realizam batalhas de poesias. Acredito que nossas vivências são importantes, que se tornam poesias de resistência, que se tornam músicas na voz de Mc's que estão aí dando seu nome na cena nortista. Ter nossas maiores inspirações desse segmento aqui dentro é o que faz realmente tudo fazer sentido. Precisamos cada dia mais valorizar os da casa. A cultura Hip-hop, o Rap, a poesia e os demais segmentos têm resistido com raras oportunidades dentro do nosso estado, mas a gente sempre sonha e espera que no futuro próximo estes fazedores de cultura estejam sendo reconhecidos da maneira que merecem”, reforçou.

Liz da Silva foi a primeira paraense a conquistar o 3° lugar no Campeonato Brasileiro de Poesia Falada (SlamBr) no ano passado e lança esse ano, um livro com essas poesias dentro da Feira do Livro. “Estou muito feliz, o mais bonito disso tudo foi ver o quanto isso se tornou importante e motivo de orgulho para os meus. Isso me motiva a continuar e manter firme nossos ideias de que o rap nos salva, a poesia nos salva e a arte nortista resiste em todas as suas esferas”, concluiu.

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Cultura
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