Exposição 'Mãos Cintilantes, Brincadeiras Etéreas' abre na Fundação Cultural do Pará, em Belém

Mostra individual de Evelyn Cruvinel na Galeria Benedito Nunes promete arte, brincadeiras e inclusão para as férias

O Liberal
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A exposição “Mãos cintilantes, brincadeiras etéreas”, primeira individual da artista visual goiana Evelyn Cruvinel, será inaugurada nesta quinta-feira, 11 de dezembro de 2025, às 19h, na Galeria Benedito Nunes da Fundação Cultural do Pará (FCP), em Belém. Com curadoria de Ceci Bandeira, a mostra gratuita ficará aberta ao público até 23 de janeiro de 2026, com foco na infância e cultura afro-brasileira.

A inauguração da mostra, que promete ser uma festa infantil, contará com apresentação musical da artista Otânia Freire, conhecida como Tia Oti. A iniciativa da Fundação Cultural do Pará (FCP) busca oferecer uma nova opção de lazer para as férias escolares na cidade, de segunda a sexta, das 9h às 17h.

Infância e Cultura Popular Afro-Brasileira em Destaque

A exposição “Mãos cintilantes, brincadeiras etéreas” é a primeira individual de Evelyn Cruvinel, artista visual goiana vencedora do Prêmio Branco de Melo 2025. Com curadoria da paraense Ceci Bandeira, o projeto transforma a galeria em um ambiente de celebração e afeto, misturando pinturas, instalações, bolos, brinquedos e doces.

A proposta central da exposição convida o público a revisitar o universo da infância e da cultura popular afro-brasileira. O objetivo é criar um espaço de acolhimento, imaginação e alegria coletiva. “Nada mais justo que refletir também sobre as pequenas mãos de crianças no seu exercício de brincar”, ressalta a curadora Ceci Bandeira.

Entre as obras apresentadas, a série “Cantos de Fadas” se destaca. Ela é inspirada nas lembranças de infância da própria artista. Evelyn Cruvinel revela que parte de suas criações nasce das casinhas e altares que montava quando criança, unindo brinquedos, tecidos, glacês e bordados.

A artista enfatiza o caráter coletivo de sua produção. “Cada obra carrega em si a presença de muitas mãos, histórias e energias, além de mim”, explica Evelyn. Ela vê o ato de criar como uma brincadeira compartilhada, convidando o público a participar do processo.

Experiência Interativa e Acessibilidade

Na inauguração, o público será recebido em um "ato de aniversário", com uma ambientação festiva. A exposição desafia as fronteiras tradicionais, permitindo que os visitantes interajam diretamente com as obras, experimentando doces e brinquedos, além de uma obra coletiva construída com a artista.

A inclusão e a acessibilidade foram prioridades no desenvolvimento do projeto. A mostra conta com legendas em braile, audiodescrição e linguagem simples, garantindo que a experiência seja acessível a todos.

A Infância como Território de Celebração

A exposição parte das vivências familiares e espirituais de Evelyn Cruvinel, que cresceu entre as decorações de festas – ofício de sua mãe – e o universo da espiritualidade. “Transformar a galeria em uma festa infantil é um gesto de lembrança, um chamado para reconhecer o quanto temos esquecido de celebrar”, reflete a artista.

Para Ceci Bandeira, o trabalho de Evelyn oferece um olhar inovador sobre a infância na arte contemporânea. “É uma exposição necessária porque apresenta a pesquisa de uma jovem artista negra do Cerrado brasileiro em diálogo com a realidade amazônica”, destaca a curadora, pontuando a relevância dos elementos da cultura popular afro-brasileira na infância.

Inspirada pelo filósofo indígena Ailton Krenak, Ceci Bandeira relaciona a arte de Evelyn Cruvinel à ideia de reconectar o coração ao ritmo da terra. “As obras da Evelyn nos conduzem nessa direção e têm muito a nos ensinar”, complementa.

Programação Educativa e Oficinas

Durante o primeiro mês da exposição, o público poderá participar de visitas guiadas e rodas de conversa com a artista e a curadora. A primeira roda ocorre na sexta-feira, 12 de dezembro de 2025, às 16h.

Duas oficinas serão ministradas por Evelyn Cruvinel em dezembro de 2025, integrando o processo coletivo da instalação homônima da mostra:

  • Manto de Ninar: Dias 15 de dezembro, às 10h, para crianças de 4 a 12 anos.
  • Manto de Acalantos: Dia 16 de dezembro, às 15h, para jovens e adultos a partir dos 13 anos.

A programação educativa inclui também sessões de contação de histórias com Tia Oti, voltadas para o público infantil, nos seguintes dias de janeiro de 2026:

  • 8 de janeiro
  • 15 de janeiro
  • 22 de janeiro

Para as oficinas, não é necessário realizar inscrição prévia; basta comparecer nos dias e horários indicados, que serão divulgados nas redes sociais. A participação é livre, e solicitações de acessibilidade, como interpretação em Libras, devem ser informadas antecipadamente via Instagram da Galeria Benedito Nunes ou da Tripé Produções Culturais.

O projeto é realizado pela Tripé Produções Culturais, com apoio da Fundação Cultural do Pará (FCP), por meio do Prêmio Branco de Melo 2025.

Sobre a Artista Evelyn Cruvinel

Evelyn Cruvinel, de 23 anos, é natural e residente de Goiânia, Goiás. Em 2023, ela fez residência artística no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes (GO) e atuou como assistente de arte do artista visual Dalton Paula de 2023 a 2025.

A artista participou coletivamente da 36ª Bienal de São Paulo e da FARGO no stand da Rumos (GO), ambas em 2025. Sua pesquisa artística se aprofunda na vivência de sua meninice, marcada pelas decorações de festas – ofício de sua mãe – e pela espiritualidade.

Evelyn entende a infância como um território ritual e pedagógico, onde brincadeiras, cantigas e brinquedos são instrumentos de transmissão de práticas religiosas, sobretudo afro-brasileiras. O brincar infantil é visto como um gesto de resistência ao apagamento colonial, revelando ritualidades decoloniais que preservam ensinamentos espirituais, memórias ancestrais e o papel das crianças como guardiãs das forças comunitárias.

Sua prática artística é um inventário de brincadeiras ritualísticas, camufladas em objetos e instalações que carregam saberes astrais e infantis. O trabalho celebra ritos sociais e espirituais como forma de reencantar a vida e, ao mesmo tempo, de romper com a visão eurocêntrica da infância.

Serviço

Exposição: Mãos cintilantes, brincadeiras etéreas

  • Local: Galeria Benedito Nunes – Fundação Cultural do Pará (FCP)
  • Inauguração: 11 de dezembro de 2025, às 19h
  • Período: Até 23 de janeiro de 2026
  • Horário: Segunda a sexta, das 9h às 17h
  • Entrada: Gratuita

Programação de Oficinas

  • Manto de Ninar
    • Data: 15 de dezembro de 2025
    • Público-alvo: Crianças de 4 a 12 anos
    • Horário: 10h
  • Manto de Acalantos
    • Data: 16 de dezembro de 2025
    • Público-alvo: Jovens e adultos a partir dos 13 anos
    • Horário: 15h

Programação de Contação de Histórias com Tia Oti (Otânia Freire)

  • Datas:
    • 8 de janeiro de 2026
    • 15 de janeiro de 2026
    • 22 de janeiro de 2026
  • Público-alvo: Especialmente crianças
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