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EXCLUSIVO: Nando Reis fala da nova turnê e da relação com Belém: 'Público muito fervoroso'

O artista volta ao Pará neste sábado, 21, após apresentar os shows “Nando Hits”, “PittyNando” e “Titãs Encontro”

Abílio Dantas
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Histórias de amor com elementos de astronomia e metáforas filosóficas, vestidas com melodias pop e líricas, fizeram de Nando Reis um dos autores da música popular brasileira mais relevantes da atualidade. Neste sábado, 21, José Fernando Gomes dos Reis, ou simplesmente Nando, para a maioria dos brasileiros, retorna a Belém para apresentar o show da turnê “Uma Estrela Misteriosa”, na Assembleia Paraense (AP). O início da noite será às 21h com DJ Uiu, e em seguida, às 22h, a cantora e compositora Juliana Sinimbu se apresenta. O show principal inicia às 23h30.

A nova excursão de Nando Reis leva o nome de seu álbum triplo, dividido nas partes “Uma”, “Estrela” e “Misteriosa”, que terá ainda um conjunto bônus, “Revelará o Segredo”. Ao todo, o novo projeto traz 26 músicas inéditas e quatro regravações. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Nando fala sobre o processo de criação do novo trabalho e de sua relação com o público paraense.

 

Belém está sempre presente em suas turnês. Mais recentemente você veio com “Nando Hits”, “PittyNando” e “Titãs Encontro”. Que gosto particular, para você, tem a vinda de “Uma Estrela Misteriosa” ao público paraense?

Belém tem um público muito fervoroso, participativo e numeroso, além de ser uma cidade linda, é sempre um prazer me apresentar aí. Nesse caso, é uma felicidade intensificada por fazer a estreia da turnê Uma Estrela Misteriosa na região norte. Estou muito curioso para ver como as pessoas vão receber esse projeto que é tão significativo.

 

Em um vídeo no seu canal, você e os músicos de sua banda contam sobre o processo de criação do álbum. Fale um pouco sobre as composições deste conjunto de canções. Como você chegou a decisão de finalmente gravá-lo?

Costumo dizer que esse disco começou de uma maneira quase despretensiosa. Entrei em estúdio para gravar duas músicas para um documentário e tudo fluiu tão bem que, no final, gravei 10 ou 12 músicas. Naquele período já estava com a ideia de fazer um disco (não gravava um trabalho com músicas autorais desde 2016), fiquei tão satisfeito com esse primeiro resultado que estendi e marquei uma outra temporada no estúdio. O Barrett e o Peter Buck (músicos estadunidenses) voltaram ao Brasil e nisso compus mais coisas, resgatei letras antigas que eu não havia gravado, ideias e rascunhos do meu arquivo, totalizando 24 músicas. Tinha a intenção de fazer o lançamento em vinil e seria preciso dividir em três volumes, só que com o desejo de reuni-los em um box e agraciar as pessoas que se dispusessem a comprar o box, fiz um disco bônus. A princípio imaginava fazer um compacto com duas músicas, mas acabei gravando seis. Essas 30 canções cobrem um período grande das minhas composições, no entanto, todas elas arranjadas e gravadas à luz da pessoa que sou hoje em dia ofertando uma sonoridade que apresenta esse cidadão de 61 anos, José Fernando.

 

Ao longo do seu trabalho solo, você desenvolveu e consolidou um estilo de fazer canções, com letras que prezam pela originalidade e imaginação, muitas vezes utilizando elementos da astronomia, como planetas, cometas, estrelas. É possível aproximar sua criação do cinema e da literatura de ficção científica?

Eu sou muito fascinado desde pequeno pela astronomia, pelo universo e pelos corpos celestes, tanto que dei o nome "Uma Estrela Misteriosa" em referência direta ao Tintim, personagem das histórias em quadrinho de Hergé. A relação com a minha música é muito imagética, então ela utiliza todos esses elementos que compõem o meu vocabulário, o meu repertório poético, mas de forma muito ligeira, sem nenhuma pretensão de demonstrar um conhecimento científico, é uma curiosidade, uma relação como um leigo apaixonado e encantado pelos mistérios, pela beleza daquilo que muitas vezes é inexplicável e insondável.

 

Seu filho Sebastião também esteve em Belém com você na turnê de Nando Hits (eu estava lá!). Fale um pouco da continuidade do trabalho com ele, agora em “Uma Estrela Misteriosa”.

Sebastião é o terceiro dos meus cinco filhos, um músico muito talentoso que me acompanha com regularidade desde a pandemia e já havia feito participações no disco Jardim Pomar, gravou o EP Nando e Sebastião, participa dos shows Nando Hits com voz e violão. Esse foi o primeiro disco onde ele está presente como um membro da banda, é uma alegria redobrada porque conto com a contribuição de um músico talentoso e carismático, e com a presença do meu filho. Ter ele no palco me enche de emoção.

 

Agora uma pergunta lírica, para encerrar: Que paisagens você pretende encontrar em Júpiter quando chegar lá, como diz a canção “Uma Estrela Misteriosa”?

Júpiter é um planeta enorme, distante, fascinante e lindíssimo, só que ele é composto de gás e com tempestades violentas. Então, de fato, ele é uma imagem de um lugar misterioso, místico e mítico que revela um pouco a nossa finitude, a nossa dimensão minúscula perante a grandeza do universo. A ideia de visitar um lugar desse é uma inspiração de um contato com uma coisa paradisíaca, de ideal de beleza e de tranquilidade, algo que nos falta muito nesse rumo terrível e destrutivo do nosso próprio planeta.

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