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Escritora premiada Conceição Evaristo visita biblioteca comunitária no Guamá

“Gosto muito de ir a bairros populares, periféricos, porque eles me remetem ao lugar onde nasci e cresci", disse Conceição Evaristo

Agência Pará
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Um dos bairros mais populosos e violentos de Belém, o Guamá viveu, nesta terça-feira (27), uma manhã diferente. O Espaço Cultural Nossa Biblioteca, localizado na rua 25 de junho, recebeu a escritora mineira Conceição Evaristo, que está em Belém exclusivamente para participar da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Ainda nesta terça-feira à noite, a partir das 20 horas, a escritora falará sobre a vida e obra na Arena Multivozes, no Hangar - Centro de Convenções, que abriga a Feira até o próximo domingo, 1° de setembro.

Na passagem pelo Guamá, dentro da ação intitulada “Pan nas Escolas”, Conceição Evaristo antecipou o que deve acontecer, em maior escala, à noite, no Hangar: muita emoção, perguntas e identificação com as obras, considerada como uma das mais representativas da população e, de modo especial, da mulher negra no Brasil. Conceição, que já concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), leu trechos dos próprios livros, falou sobre o processo criativo e celebrou o fato de poder levar esta experiência de literatura e de vida a um bairro da periferia de Belém.

“Gosto muito de ir a bairros populares, periféricos, porque eles me remetem ao lugar onde nasci e cresci. E a minha literatura também é ambientada nesses espaços, por isso é sempre motivo de grande alegria estar nesses lugares. Eu espero que a minha experiência de vida possa quebrar com o estereótipo de que a escrita só pode nascer de lugares privilegiados e das classes mais abastadas”, explicou.

A uma população composta por moradores do Guamá, frequentadores da Nossa Biblioteca, professores de escolas da região, ativistas de movimentos sociais e estudiosos de literatura, Conceição Evaristo rememorou o início da sua trajetória literária e reforçou, a todo momento, a necessidade dos diferentes segmentos sociais, como os negros, LGBTQIA’s, mulheres, indígenas, entre outros, serem os agentes condutores e ‘contadores’ da própria história. “Desde o início, até hoje, foram as classes privilegiadas que escreveram a sua própria história e a nossa também, segundo a compreensão delas. É preciso que nós mesmos façamos a nossa história, a partir da nossa vivência, e é isso que eu procuro fazer com a minha escrita”, disse. 

As palavras de Conceição Evaristo acertaram em cheio o coração da dona de casa Ana Cláudia Monteiro, de 40 anos, moradora do Guamá e mãe de dois filhos adolescentes. “Comecei a vir por causa da minha filha, para acompanhá-la, e hoje já participo de um círculo de leitura, que é voltado especificamente para as mães de alunos da escola. Já tinha ouvido falar da escritora Conceição Evaristo, mas ainda não conheço suas obras. De toda forma, senti que ela com o coração, mostra a essência que tem alma e isso é muito bonito”, avaliou. Ana Cláudia sonha em continuar os estudos, paralisados depois da conclusão do Ensino Médio. “Eu sempre gostei muito de ler e tenho conseguido retomar esse hábito aqui na biblioteca. Já penso em seguir os meus estudos e entrar em uma faculdade”, confidenciou.

Toda a programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, nesta terça-feira, é voltada para as vozes negras. Conceição Evaristo é a convidada de honra do Espaço Multivozes, onde vai trocar experiências com os visitantes da Feira, a partir das 20 horas. A advogada e ativista social Thaís Moura, de 27 anos, ressaltou a importância desse espaço para o movimento negro. “Vim até aqui para ouvir a Conceição porque ela é uma referência para o movimento negro. Ela, a Zélia Amador de Deus e tantas outras nos mostram que é possível ser negro e alcançar patamares mais altos, mesmo com tantos obstáculos. É incrível como conseguimos nos reconhecer nela”, pontuou a jovem, que é moradora do bairro do Guamá. 

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