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Entenda o que é a máfia dos Instagrans de fofoca, que despertou a fúria de famosos na internet

A Banca Digital, que envolve perfis como Alfinetei, Gossip do Dia e Fofoquei, foi tema de debates nas redes sociais após esquema de venda de postagens ser revelado por colunista

Lucas Costa / O Liberal
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Uma nova publicação de Leo Dias movimenta as redes sociais desde o último domingo, 4, mas desta vez não se trata de um vazamento de fofoca dos famosos. O colunista resolveu dar sua opinião sobre a Banca Digital - uma rede administrada pela agência Mynd, que envolve 25 perfis de entretenimento no Instagram como Alfinetei, Nazaré Amarga e Miga Sua Loca.

O colunista começa destacando que as páginas são administradas normalmente por jovens, a maioria com apenas o ensino médio completo; mas que sabem o poder que têm nas mãos, considerando os mais de 50 milhões de seguidores que somam juntos. Leo Dias diz que estes perfis criaram sucessos, cancelaram pessoas e até mesmo criaram o efeito manada.

Assim como diversos influenciadores digitais, estes perfis também cobram por postagens em seus perfis, mas é a forma como estes conteúdos são entregues que incomodaram Leo Dias e mais uma série de famosos, que disseram ter sido prejudicados pela Banca.

“O problema é a maneira que a informação chega ao consumidor. Eles não são jornalistas, não estudaram para tal profissão, mas, em suas postagens, fazem parecer que a informação ali publicada é verídica e relevante. Para maquiar o conteúdo total, eles misturam postagens pagas com notícias reais, apuradas por veículos sérios e com credibilidade. Sendo assim, num rápido passar de olhos, tudo parece verdadeiro e de cunho jornalístico, mas não é. Eles inserem a publicidade (muitas vezes mentirosa) com notícia. A manipulação está aí. E detalhe: eles não informam que aquela publicação foi paga por alguém. Aí, parece espontâneo. Parece legítimo”, escreveu Leo Dias em sua coluna no site Metrópoles.

A banca

A Banca Digital é uma solução anunciada pela agência Mynd, em janeiro de 2020. Esta é a famosa agência de Preta Gil, responsável pela gestão de carreira de gigantes do entretenimento no Brasil, tendo no casting nomes que vão desde Pabllo Vitttar e Fábio Jr, até ex-BBBs como Camilla de Lucas e Babu Santana.

image Preta Gil (Reprodução / Instagram de @pretagil)

A solução reúne entre 25 perfis do Instagram conhecidos pelo humor e fofocas, como Alfinetei, Fofoquei, Gossip do Dia, Cutucadas e Choquei. Segundo divulgado pelo site Meio & Mensagem em janeiro de 2020, a plataforma tem o objetivo de oferecer a possibilidade da inserção de marcas nesses canais de forma contextualizada, com formatos que se integrem ao conteúdo e a proposta de cada um desses veículos digitais. O CEO da Banca Digital é Murilo Henare, criador do perfil Miga Sua Loca.

Em outra publicação, feita nesta segunda-feira, 5, Leo Dias revelou que a Banca Digital faturou mais de R$ 15 milhões com a venda de espaço publicitário nas páginas, isto em apenas 10 meses.

O colunista explica ainda que o “cartel digital”, como chama a Banca, pode cobrar até R$ 200 mil para divulgação. E considerando o engajamento dos perfis, um pagamento de R$ 20 mil, por exemplo, pode resultar num alcance de 28 milhões de usuários da rede social.

Fama e cancelamento imediatos

Desde o domingo o assunto tem rendido nas redes sociais, e usuários do Twitter apontam casos suspeitos que podem ter tido impacto da Banca. Os mais comuns estão ligados a participantes de reality shows, por exemplo, como o da campeã do “BBB 21”, Juliette, que teve o apoio do perfil Alfinetei em um mutirão.

image Juliette deixa de seguir Alê Oliveira
O digital influencer fez declarações sobre a relação que eles tiveram no passado

image Influenciador disse que já ficou com Juliette e expôs intimidade
Alê disse que os dois se conheceram numa reunião de amigos na casa de Juliette

Famosos que já foram vítimas do cancelamento de perfis da Banca também se pronunciaram. O youtuber Felipe Neto mostrou sua revolta com o perfil Alfinetei, relembrando uma postagem que sugeria uma briga entre ele e Whindersson Nunes.

“O perfil @alfinetei se recusou a apagar o post mentiroso, canalha e sem a mínima vergonha na cara. Eles insinuaram que eu comemorei ter ultrapassado o Whindersson, sendo que isso sequer aconteceu. Minha paciência com essa gente acabou”, escreveu Felipe Neto em postagens no Instagram Stories. “Nenhum, absolutamente nenhum, grande perfil de fofoca reverberou o fato do @alfinetei ter mentido sobre mim e ter tomado exposed”, continuou Felipe, que disse ainda receber ataques de tais perfis por se recusar a pagar por divulgação.

Marina Ruy Barbosa também foi citada em meio a polêmica da Banca Digital, isto porque uma notícia sobre uma festa promovida pela atriz no final de semana, reverberou nestes perfis. Marina respondeu a um tweet que sugeria que ela era uma das celebridades que pagava pelo serviço.

“Não pira e não envolve meu nome nisso, menina. Eu hein. Trabalho muito e desde os 9 anos. Não preciso pagar ninguém para falar de mim. Meu trabalho fala por mim”, escreveu Marina.

Regulamentação

Em outra publicação, a coluna de Leo Dias no Metrópoles explicou que a Mynd, agência da Banca Digital, não negocia publicidade para pessoas, mas para empresas e marcas. Desta forma, a agência não teria responsabilidade sobre negociações feitas entre os próprios perfis de entretenimento e celebridades.

Vale lembrar que o problema apontado por Leo Dias, sobre a falta de sinalização de publicidade em postagens pagas pelos perfis da Banca, desrespeitam as regras de postagem do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar). A coluna diz que os contratos negociados com intervenção da Mynd seguem as normas exigidas pelo Conselho, de sinalização de qualquer conteúdo pago.

Ainda segundo informações de Leo Dias, após repercussão negativa da Banca Digital, a Mynd planeja fazer uma espécie de “peneira” entre os perfis, selecionando apenas os de cunho verdadeiramente jornalístico, e que façam distinção entre o que se trata de conteúdo patrocinado e informação real.

O jornalista Gustavo Aguiar, pós-graduando em marketing e especializado em música e cultura, avalia o cenário como uma das transformações sócio-digitais instantâneas, que podem trazer resultados nocivos quando a academia e as instituições jurídicas não conseguem tirar conclusões a tempo.

“Vários autores falam do poder da cultura colaborativa e agora a gente tá vendo isso na pele, porque tem ela tem sido usada como arma para manipular a opinião pública, e tem gente colocando etiqueta de preço nela”, explica.

“Desde as eleições de 2018, que desencadeou na CPI das fake news, que vem mostrando que, sim, dá para manipular digitalmente a opinião pública e influenciar na vida política das pessoas; até o fenômeno ‘inexplicável’ do sucesso da Juliette no BBB 21, passando agora por grandes campanhas musicais baseadas nessa movimentação, em mutirões, em administrar a massa on-line - que a gente nem pode contar por ‘cabeça’, mas sim por perfil, por nó dessa rede digital, pois cada smartphone pode administrar até 5 contas de Instagram no mesmo app”, diz Gustavo.

O jornalista avalia o ambiente atual das redes sociais como “bagunçado”, sem espaço para trabalho ético e sério, desde a publicidade até o jornalismo. “Esse é um problema que precisa ser resolvido pelas plataformas e legislado pelo congresso de cada país. A rede é viva e preza pelo conteúdo que tem um potencial viral maior, como polêmicas, mentiras, fofocas, discurso de ódio, entre outros. Pode comparar o alcance de uma fake news com a correção feita pelas agências de fact-checking. É óbvio: Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp são os culpados e se beneficiam dessa cultura. Mas parece que ainda vai custar para que eles comecem a tomar medidas contra esses crimes”, conclui.

Posicionamentos

Após a polêmica, a página Gossip do Dia fez uma postagem de procunciamento, no fima da tarde desta segunda-feira, 5, onde diz não fazer parte de nenhuma máfia, e que não recebe a cada postagem feita no perfil.

"Não faço parte de nenhuma máfia. Tudo isso caracteriza crime. Não sou criminosa. Isso são acusações sérias, sem embasamento algum. Não recebo a cada post colocado aqui. Muitos influenciadores pedem (todos os dias, inclusive) para estarem aqui, mas nem por isso postamos. Eu sempre fiz questão de deixar claro que meu compromisso sempre foi com o público e que isso não seria vendido. Nunca cobramos para qualquer cancelamento. Isso não existe", diz a nota.

Leia na íntegra:

Outros perfis com grande número de seguidores no Instagram que integram a Banca Digital, como Alfinetei, Nazaré Amarga, Tô Bem Isso e Miga Sua Loca, não publicaram notas de esclarecimento, tampouco falaram sobre o assunto em postagens recentes. Outros perfis como Otariano e Choquei, aparecem com seus perfis desativados no Instagram, mantendo apenas os perfis do Twitter. 

O perfil da Banca Digital no Instagram publicou um comunicado oficinal na tarde desta segunda-feira, 5. O texto explica que a Banca Digital "é uma empresa especializada em marketing de influência para empresas, fazendo conexão entre marcas e perfis de entretenimento para venda de publicidade de forma ética e com conteúdo verídico e de qualidade".

O texto destaca que a empresa "não interfere de forma alguma no conteúdo das páginas", e também reitera que "não compactua com nenhuma fake news e nem as divulga em nenhuma de suas ações/campanhas".

Leia na íntegra:

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