Complexidade artística nas redes sociais

Artistas utilizam redes sociais como ferramentas para a produção 

Vito Gemaque
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O rápido passar de olhos nos feeds das redes sociais é um hábito rotineiro para milhões de brasileiros. As redes nos estimulam a postar constantemente os acontecimentos da nossa vida, seja por meio da escrita, de fotos ou de vídeos, que com os smartphones estão cada vez mais sofisticados. Ao mesmo tempo, os usuários consomem milhares fotos, vídeos, frases, seja de amigos, ou dos influenciadores digitais.

As mídias sociais conhecidas por transformar fatos em assuntos relevantes e minutos depois relegá-los ao esquecimento podem parecer contraditórias à arte. Entretanto, essa noção de que a arte não pode fazer parte ou utilizar das redes sociais também está ultrapassada. São incontáveis os artistas que utilizam as redes sociais, não apenas como plataformas de divulgação de suas produções, como em si espaços que servem à própria criação da arte.

SAIBA MAIS

image Há mais de meio século arte digital encontra novos formatos
Redes sociais permitem aos artistas inovação e contato com o público

Um exemplo desses artistas que utilizam as redes sociais como espaços de criação é o paraense PV Dias. Ele produz  obras com realidade aumentada em que uma pintura ou desenho, que aparece no espaço em que a pessoa observa por meio do smartphone.

“Eu gosto muito de pensar as redes sociais para além de um mero suporte assim. Acho que é um meio que deve ser utilizado na sua complexidade. Não que meu trabalho fique refém das redes sociais, mas posso pensar em desdobramentos do meu trabalho por tecnologias dentro de redes sociais específicas. Pensar o trabalho nas redes sociais de maneira complexa, pensar o que faz sentido ter um trabalho desta forma nesta rede”, reflete.

 

 

O trabalho de PV Dias nas plataformas de pintura, fotografia, vídeo e arte digital já chegou a vários lugares, seja exposições em museus e mostras conceituadas, ou nas redes sociais. O artista, que nasceu em Belém e vive atualmente no Rio de Janeiro, já integrou exposições no Museu de Arte do Rio, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Goethe Institut - Salvador, Parque Lage, e outros.

O curador de arte, pesquisador professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Orlando Maneschy analisa que há esse pensamento de que a arte é a contemplação do belo, portanto não poderia ocupar as mídias digitais já foi superado há muito tempo, desde o momento em que Marcel Duchamp no início do século XX rompe com esse conceito com obras como o “Grande Vidro”.

image Professor e pesquisador Orlando Maneschy reflete sobre as mudanças nos paradigmas da arte. (Walda Marques)

Duchamp ficou conhecido como um dos precursores da arte conceitual, do dadaísmo, do surrealismo, do expressionismo abstrato e o inventor dos "ready-made", que tratava objetos prontos e banais esvaziados da função prática, o que tinha como efeito a remoção dos contextos habituais. “Ali já tem uma ruptura com a ideia da contemplação”, destaca. “O que fica para a história é esse gesto. A arte é uma experiência, a partir daí vem avançando da arte do século XX, nas décadas de 50 e 60, do que é o campo da arte, mas a ruptura se deu lá”, complementa.

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