Clubes do livro em Belém fortalecem leitura de obras da literatura brasileira
Espaços culturais na capital paraense se mobilizam para manter viva a paixão por histórias contadas por autores nacionais.

Celebrado hoje, 1º de maio, em homenagem ao nascimento do escritor José de Alencar, o Dia da Literatura Brasileira visa incentivar a leitura de obras nacionais. Em Belém, esse estímulo também ocorre por meio de clubes de leitura, nos quais leitores se reúnem para debater livros previamente escolhidos, compartilhando reflexões, opiniões e críticas.
O livreiro Thyago Silva, que trabalha em uma livraria de Belém que disponibiliza o espaço para clubes de leitura e palestras, fala sobre a importância do Dia da Literatura Brasileira. Para ele, o 1º de maio “representa um chamado”. “Fazer literatura é um trabalho de guerrilha, ainda mais para as novas autorias, que tentam avançar nesse mercado. Então, esse dia me vem como a possibilidade de um chamado para que os leitores conheçam e embarquem mais nas obras do nosso país, [para] conhecer a gama de diversidade literária e estilística que não deve em nada para nenhuma literatura estrangeira. Pensar a literatura brasileira é também um aro decolonial”, destacou o livreiro.
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Segundo Thyago, a literatura brasileira enfrenta desafios de consumo devido à preferência dos leitores por obras estrangeiras famosas e as que repercutem nas redes sociais, e que os clubes de livros têm papel fundamental para reverter a situação. “Ainda se tem muita resistência em criar oportunidades para a literatura brasileira, principalmente a contemporânea. Existem nomes que estouram nas grandes editoras, mas também existe um número grande de pessoas que trabalham de forma independente. E as livrarias têm um papel fundamental em possibilitar essa ponte”, demarca.
A Livraria Travessia, onde Thyago trabalha, além de vender livros, também promove programações semanais com diversos temas literários, para os integrantes apresentarem suas reflexões e discutirem sobre obras nacionais. Esses clubes de leitura incluem bate-papos sobre autores nacionais, como Machado de Assis, Conceição Evaristo, Carla Madeira, Dalcídio Jurandir, entre outros, além de lançamentos de obras contemporâneas e clubes de leitura voltados exclusivamente para a produção nacional.
O Clube Lumos foi citado no final de 2021, pelas jornalistas Thaís Siqueira e Giovanna Abreu, em Belém, com o objetivo de compartilhar ideias sobre livros, ter com quem conversar sobre as leituras e assim incentivar que outras pessoas iniciem ou retomem esse hábito.
"O que mais encanta nesse processo é que, aos poucos, fomos construindo uma comunidade, que, óbvio, fala de livros, personagens e autores, mas que traz discussões que vão muito além da literatura. Em 2022, escolhemos os livros com base em temáticas definidas por mês. Em 2023, as obras foram escolhidas por gêneros literários. Em 2024, começamos uma viagem por continentes e regiões brasileiras. Em 2025, a viagem segue, com um roteiro diferente: o tempo. Escolhemos livros por décadas, a partir de 1950 até este ano", explica Giovanna Abreu.
"O tempo foi o critério escolhido por nós para definir as leituras que seriam feitas este ano e, por uma feliz coincidência, o livro que abriu a lista de 2025 foi Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles, uma das mais renomadas escritoras da nossa literatura. Mas essa não foi a primeira vez que o Lumos nos aproximou de autores nacionais: em outros momentos, já lemos Carolina Maria de Jesus, Jeferson Tenório, Carla Madeira, Stênio Gardel, Jorge Amado, José Faleiro, Fabiane Guimarães, Karin Hueck e os paraenses Pedro Augusto Baía e Edyr Augusto. E isso reflete o que tem de mais maravilhoso em um clube do livro, que é nos darmos a chance de conhecer obras que sozinhos provavelmente nem conheceríamos. Além disso, é sempre uma surpresa positiva quando lemos um livro nacional, a identificação é muito maior com os personagens e histórias", completa Thaís Siqueira.
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