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Premiado nos EUA, 'Amazônia Groove' explora sons típicos da região no Pará

Longa está em cartaz nos cinemas de Belém

Guilherme Sobota - AE
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"Mas égua! Que mistura pai dégua aconteceu no Pará / Mistura de raça, mistura de cores, tradição e sabores / E o nosso tempero, o famoso banho de cheiro", canta a sempre alegre Dona Onete em uma das faixas do seu terceiro disco, Rebujo, lançado em maio. Ela é um dos destaques do documentário Amazônia Groove, a estreia de Bruno Murtinho em longas-metragens. O filme faz uma investida pela Amazônia para explorar os sons - ou a "mistura pai d'égua" - do Pará.

O longa abre espaço para personagens da música do Estado, examinando ritmos, do violão clássico ao tecnobrega, passando pelo carimbó e pela guitarrada, sem esquecer os arranjos embrenhados nas regiões ribeirinhas, como o "búfalo-bumbá".

Mesmo com o valor das histórias, o filme se destaca por outro aspecto: em Austin, no South By Southwest 2019, levou o prêmio de fotografia do festival (quem assina é Jacques Cheuiche, de Edifício Master e Uma Noite em 67).

Murtinho também reuniu uma equipe de som estrelada para o filme: Mario Caldato Jr., produtor brasileiro parceiro de Beastie Boys, Björk, Jack Johnson, Marcelo D2 e muitos outros, fez a mixagem. Roberto Pollo fez a trilha, e a ambiência do som amazônico foi realizada por Nicolas Becker, solicitado engenheiro de som que levou um Oscar com Gravidade em 2014 - é bonito notar como a primeira música do filme é a música da floresta, do canto de pássaros, insetos, água e outros elementos. A direção musical é de Marco André.

Uma das histórias contadas no filme é do Mestre Damasceno, criador do búfalo-bumbá, festa inspirada no boi-bumbá mas adaptada à cultura da Ilha de Marajó ("onde é que existe sertanejo no Marajó?", pergunta no filme, rindo). Depois de um acidente que o deixou cego, experiências com pajelança lhe renderam respeito na região natal e a música se tornou sua ferramenta de ver o mundo. "Eu penso em algo que existe em Salvaterra, faço uma música. Gosto de mostrar minha cultura para o mundo", diz, no filme.

Quem concorda com ele é Manoel Cordeiro, elemento-chave da música paraense contemporânea, também personagem do filme. "O rio (Amazonas) inspira poesia. Essa poesia provém da água, dessa natureza exuberante, que Villa-Lobos disse que jamais botaria mordaça." O rio, a água, funcionam então como um vetor de divulgação dos sons do Pará - é a constatação desse belo documentário.

Amazônia Groove (estreia)
Dir: Bruno Murtinho
Documentário
Cinépolis Boulevard 7 (2D): 16h10 e 20h20

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Cinema
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