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Festival Pan-Amazônico de Cinema inicia nesta quinta-feira

Programação traz produções que abordam temas urgentes e resistem ao desmonte do audiovisual brasileiro

Lucas Costa

Com reflexões que abrangem questões de gênero, meio ambiente e movimentos sociais, o Amazônia DOC - Festival Pan-Amazônico de Cinema, inicia a programação de sua quinta edição nesta quinta-feira (30), em Belém. O evento segue até o dia 7 de junho, e a programação completa pode ser consultada aqui.

O festival se divide em dois grandes eixos de programação gratuita. O primeiro são as mostras competitivas com um total de 30 produções, entre longas, curtas e médias-metragens; ambas ocorrem no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas) e Cine Líbero Luxardo (Centur). O segundo eixo envolve oficinas e mesas-redondas com profissionais do audiovisual de todo o país, incluindo convidados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Canal Brasil, Globo News, Médicos Sem Fronteiras, Plataforma VideoCamp, Plataforma Taturana e CineClubeTF; que serão realizadas no Sesc Ver-o-Peso.

Amanhã, o festival terá uma programação de abertura no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes. O evento inicia às 18h30, com homenagem à professora e crítica de cinema Maria Luzia Miranda Alvarez; em seguida haverá a exibição do documentário “Torre das Donzelas”, seguido de um bate-papo com a diretora Susanna Lira. O premiado filme traz relatos de mulheres presas durante a ditadura militar no Brasil, incluindo a ex-presidenta Dilma Roussef.

Além da sessão de abertura, haverá também outras sessões especiais e a cerimônia de encerramento, onde serão entregues os prêmios às produções vencedoras. Estão programados também quatro painéis de debate, três dias de masterclass com a cineasta Alice Riff para alunos da rede pública de ensino e uma oficina sobre “Documentários de Impacto”.

A cineasta e produtora cultural Zienhe Castro volta a coordenar o festival após sete anos de sua última edição, realizada em 2012. Ela conta que a pausa foi motivada pela vontade de realizar um curso fora do país, e também pela dificuldade em captar recursos para uma quinta edição na época. Quando voltou para Belém, em 2017, a cineasta retomou o projeto do festival, assim como de novos filmes que serão lançados em breve.

O Amazônia DOC também ocorre em um período onde o cinema brasileiro vive uma boa fase de reconhecimento de suas produções. O longa “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, por exemplo, ganhou recentemente o Prêmio do Júri, terceiro mais importante no Festival de Cannes. Apesar disso, a atividade enfrenta ameaças no país. O desmonte do Ministério da Cultura e outros movimentos feitos por setores governistas na cultura, têm afetado a produção audiovisual no país; assim como o pedido do Tribunal de Contas da União para suspender novos contratos da Ancine e paralisar os repasses da agência.

Zienhe conta que o festival estava planejado para 2018, mas acabou coincidentemente sendo realizado em meio ao contexto atual, o que o torna ainda mais necessário. “Foi uma situação inesperada, inclusive do desmonte do MinC, que para nós produtores culturais, é uma verdadeira catástrofe”, explica a cineasta.

“Acredito que evoluímos muito, tivemos muitas conquistas em setores da cultura, e agora estamos em um momento de retrocesso e vulnerabilidade dessas conquistas que foram difíceis. Foi uma coincidência de [o festival] estar ocorrendo exatamente nesse governo, que não tem a cultura como plano prioritário [...] na minha visão, que sou produtora cultural há 30 anos, sempre enfrentamos dificuldades, principalmente no cinema, por ter uma cadeia produtiva mais cara e complexa”, explica Zienhe.

Amazônia na tela grande

O evento recebeu 350 inscrições de filmes dos nove países da Pan-Amazônia, com grande número de documentários brasileiros, e diversidade de formatos. Os 30 filmes que compõem as mostras competitivas deste ano serão exibidos entre os dias 31 de maio e 5 de junho, com sessões às 16h, 18h e 21h, no Cine Líbero Luxardo.
A mostra Pan-Amazônia traz um total de 21 filmes, sendo 17 de vários formatos produzidos em diversos estados brasileiros, além de quatro filmes internacionais: um média-metragem do Peru, um da Bolívia, um longa do Equador e um curta da Colômbia. Já a mostra Amazônia Legal é composta por nove produções, sendo dois longas-metragens, quatro curtas e três médias; seis documentários são de cineastas paraenses.

A seleção foi realizada em abril pelo comitê formado por por Manoel Leite, Zienhe Castro, Felipe Pamplona, Marco Antônio Moreira e Carol Abreu. Os vencedores serão conhecidos no dia 7/06, na Sessão de Encerramento, durante a cerimônia de premiação nas categorias “Júri Oficial” e “Público”, quando serão entregues os troféus de miriti feitos pelo artesão Ronaldo Guedes.

A coordenadora do evento destaca ainda a importância do Amazônia DOC como vitrine de produções de extrema relevância para o contexto atual, considerando que os filmes selecionados abordam temas urgentes como a luta pelos direitos dos indígenas, da comunidade LGBTQI+, e protagonismo feminino. Este último também se apresenta como uma característica importante do próprio festival. Esta edição tem 75% de nomes femininos na produção do evento, incluindo o júri das mostras competitivas, formado totalmente por mulheres. “Temos filmes realizados por mulheres negras, mulheres trans, e acho que esse espaço é importante para mostrar que tem uma produção relevante de mulheres no país; não apenas na direção, mas na produção, roteiro e atuação”, justifica Zienhe.

Serviço:

Amazônia DOC 5 – Festival Pan-Amazônico de Cinema 2019
Abertura: 30/05
Hora: às 18h30
Local: Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas)

Mostras competitivas:
Data: de 31/05 a 5/06
Sessões às 16h, 18h e 21h;
Local: Cine Líbero Luxardo (Centur - Av. Gentil Bittencourt, 650 - Nazaré)

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