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Cineasta paulista mergulha no universo do feminismo indígena do Pará

Produção será rodada na região Norte fará um paralelo entre as guerreiras Icamiabas e o empoderamento feminino

Ana Carolina Matos
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"Tu és uma Icamiaba". A frase não poderia ter deixado a paulista Maha Sati, que viajava pelo Tapajós, mais intrigada. O comentário ou constatação veio de Neila, uma indígena que a atriz conheceu após ter a atenção voltada para uma casa onde faziam-se pinturas da etnia Borari. O termo incomum, prontamente, instigou a atriz que ouviu como resposta que teria que pesquisar o significado - o que foi feito não muito após o encontro.

A história foi contada pela cineasta Júlia Barreto, a quem Maha procurou tempos depois de descobrir que a palavra Icamiabas possui vários significados e, entre eles, descreve mulheres guerreiras de comunidades matriarcais que, séculos atrás, teriam expulsado os espanhóis de uma região que hoje equivaleria ao sul do Pará. "Depois dessa viagem, a Maha veio até mim com essa ideia de descobrir as tribos matriarcais, entender esse feminismo indígena no Pará...", relembra.

A ideia deu origem ao projeto "Icamiabas - A força do feminismo ancestral". Em formato de documentário, a iniciativa quer destrinchar o encontro com o feminino ancestral a partir das vivências de mulheres da região Norte. "Queremos entender esse feminino, redescobrir. Vamos nas aldeias, onde o feminismo não é rotulado, é algo orgânico, natural. Estamos descobrindo outro universo, outra linguagem, outra comunicação. Queremos ir além das teorias, dos rótulos, das convenções, do pré-estabelecido", explica.

Entre as entrevistadas, estão previstos nomes como da ativista Tainá Marajoara; da pesquisadora Francielly Barbosa; Lourdes Barreto, coordenadora do Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará (Gempac); da jornalista Adelaide Oliveira; das cantoras Leona Vingativa, Gina Lobrista e Keila, além de vivências na Ilha do Combu e nas comunidades indígenas Borari e Tembé.

Para a diretora, a ideia é mostrar um feminismo não conceitual e pré-estabelecido que foge da visão eurocêntrica do conceito. "Queremos desconstruir essa barreira do feminismo atual, aprender a ser feminina de novo. Não precisar impor as barreiras, ser tudo natural... Queremos reaprender a ser mulher, mostrar a nossa força, o nosso valor, levar auto estima para o nosso povo", pontua.

"Nessa fase de pesquisa, percebemos já muitas diferenças. Começando pela arquitetura, pela natureza totalmente diferente. Mas a mulher paraense tem uma articulação e postura totalmente diferente do sudeste. Nós aqui somos protegidas. A mulher do Norte é muito mais corajosa, muito mais impetuosa. Queremos aprender e ouvir", acrescenta.

A equipe tem na concepção Maha Sati. A direção e produção é de Julia Barreto; roteiro de Adriana Csaszar; direção de Marcio Menezes e Luz Guerra. O projeto segue ainda em busca de patrocínio e captação de recursos. "Agora estamos tentando patrocínio para conseguir filmar, captação e apoio do governo e das secretarias. Estamos também tentando conseguir aprovação na Ancine (Agência Nacional do Cinema), pela Lei do Audiovisual", detalha Júlia. As gravações devem começar em janeiro de 2020.

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