Carlinhos de Jesus fala sobre tratamento, fé e incertezas após diagnóstico de doença autoimune
Dançarino revela que ainda não sabe se poderá retomar os passos de dança

O coreógrafo e jurado da Dança dos Famosos, Carlinhos de Jesus, tem usado as redes sociais desde julho deste ano para compartilhar com os fãs a rotina de tratamento e recuperação após perder a mobilidade. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o artista explicou que a doença que hoje o deixa em cadeira de rodas não é a bursite trocantérica (inflamação da bursa - tecido localizado na lateral do quadril) nem a tendinite de glúteos (inflamação dos tendões dos músculos do glúteo) - os diagnósticos iniciais, os quais, inclusive, ele já está curado - mas sim uma condição autoimune chamada neuro radiculopatia desmielinizante crônica, identificada em 2022, mas que só se manifestou recentemente.
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A doença mexe com sistema imunológico, atacando a mielina - camada que protege os nervos-, prejudicando a condução dos sinais elétricos. Os principais sintomas são: fraqueza muscular, dor, formigamento e perda de reflexos, geralmente de forma progressiva e crônica.
Na entrevista, Carlinhos contou que, no início, acreditava que as dores e a perda de força na perna direita eram causadas apenas pela bursite trocantérica bilateral e pela tendinite nos glúteos, que o levaram a se internar em junho. “As dores eram insuportáveis. Cheguei a pedir morfina para conseguir dormir”, relatou.
Após exames mais detalhados, médicos descartaram que essas inflamações estivessem ligadas à perda de força, apontando para a doença autoimune como a verdadeira causa da dificuldade de marcha e equilíbrio.
Desde então, ele tem usado as redes sociais para compartilhar com os fãs os desafios da nova fase. Em um dos últimos vídeos divulgados, Carlinhos emocionou os internautas ao mostrar seu processo de reabilitação, mostrando que está conseguindo dar os primeiros passos novamente.
Assista:
Cuidados
Segundo o dançarino, o tratamento atual inclui infusões mensais de imunoglobulina humana durante oito meses, além de fisioterapia, hidroterapia, acupuntura e medicamentos. “É um ataque que está sendo combatido com anticorpos que recebo na imunoterapia. A minha esperança é voltar a ter força na perna”, afirmou.
Ele destacou, porém, que ainda não há previsão para retomar os passos de dança: “Posso recuperar a marcha, mas não sei se vou poder dançar. Essa é a dúvida que eu tenho”.
Mesmo diante das incertezas, Carlinhos demonstrou resiliência. “Eu lido com o Carlinhos andando, o Carlinhos na cadeira e o Carlinhos dançando. Eu lido com isso”, disse, reforçando a importância da fé no processo.
Devoção à Nazinha
Devoto de Nossa Senhora de Nazaré, ele contou que fez promessas e recebe orações de várias religiões. “Aceito as rezas, os terços, os tambores, tudo que vem do coração. Deus é um só, cada um tem seu caminho para encontrá-lo”, afirmou.
O artista também agradeceu as mensagens de apoio que recebe diariamente. “São milhares, de todas as religiões e lugares. Eu mesmo respondo cada uma. Isso é uma grande energia que me fortalece”, destacou.
Ele lembrou a emoção de ter participado do Festival Internacional de Dança de Joinville este ano já em cadeira de rodas, pouco depois do diagnóstico: “Eu chorei muito. Foi a primeira vez que percebi que o mundo não tinha acabado para mim”, disse, emocionado.
Resiliência
Carlinhos, que é cidadão paraense - título que recebeu com orgulho em 2023 após mais de quatro décadas de presença constante no Pará, reforçou a mensagem de perseverança aos fãs.
“Não desistam. A vida só termina depois da morte. Enquanto você respira, há uma chance para tudo”, declarou.
Mesmo sem saber se voltará a dançar, ele mantém a determinação que sempre marcou sua trajetória. “Se eu levantei da maior rasteira da minha vida, a qual foi a perda do meu filho, eu vou me levantar dessa também. Já estou de pé”, disse. Carlos Eduardo Mendes de Jesus, mais conhecido como Dudu, filho do coreógrafo, foi assassinado a tiros em novembro de 2011, no Rio de Janeiro.
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