Atores de 'Tremembé' explicam como foi interpretar assassinos na série

Bianca Comparato e Lucas Oradovschi relatam processo de pesquisa e dilemas éticos ao interpretar figuras reais em nova produção brasileira

O Liberal
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A série "Tremembé", do Prime Video, tem despertado grande expectativa entre o público brasileiro, especialmente em Belém, por ser inspirada em uma obra do escritor paraense Ulisses. Em entrevista, os atores Bianca Comparato e Lucas Oradovschi compartilharam os desafios de dar vida a personagens historicamente discretos na mídia, como Ana Jatobá e Alexandre Nardoni. A dupla contou que o processo exigiu um trabalho detalhado de pesquisa e sensibilidade, diante da escassez de registros e informações disponíveis.

Trabalho de pesquisa exigiu postura de “detetive”

Com poucos vídeos e materiais de referência sobre os personagens reais, os atores adotaram uma abordagem quase investigativa. Bianca Comparato descreveu o processo como “um trabalho de detetive”, no qual foi preciso “montar várias peças de vários lugares diferentes”.

A atriz baseou sua preparação em:

  • uma entrevista antiga do programa Fantástico, de 2008;
  • leituras de trechos de processos judiciais, com foco no comportamento de Ana Jatobá na prisão;
  • tentativas de contato com pessoas que conviveram com os condenados, ainda que o acesso tenha sido difícil.

Lucas Oradovschi também destacou a dificuldade de compor o personagem com “pouquíssimos cacos espalhados” de informação.

Criação artística e ficcionalização consciente

A ausência de registros audiovisuais acabou estimulando a criatividade dos intérpretes. Segundo Lucas, o desafio foi não cair em estereótipos ou visões superficiais que o público já carrega. O ator reforçou que o trabalho envolve “ficcionalizações” sobre figuras reais, mas sempre com base em situações verídicas.

Ele explicou que as cenas da série são “muito baseadas em fatos reais”, com apenas pequenas alterações de linguagem ou contexto. “Quase tudo o que se verá ali foram coisas que de fato esses personagens viveram”, afirmou.

Formato moderno e grandes expectativas

A série propõe um olhar inédito sobre crimes que marcaram o Brasil, narrando as histórias a partir da perspectiva do presídio. Criada por Vera Egito e Júlia Priori, a produção mistura ironia e humor ácido em uma narrativa contemporânea, com múltiplos recortes e histórias independentes.

Cada episódio aborda um crime específico — o primeiro é sobre Suzane von Richthofen — e se destaca pelo dinamismo da direção, pela estética moderna e pela fotografia elogiada pelo elenco.

Ética e dilemas no retrato de crimes reais

Um dos maiores desafios éticos da produção foi retratar crimes que envolvem crianças, temas que naturalmente despertam forte julgamento do público. Para os atores, o ofício exige compreender e defender o personagem “por dentro”, sem justificar ou relativizar o crime.

“Defender o personagem não é defender o que a pessoa fez, mas neutralizar o julgamento interno para conseguir acessá-lo com coração”, explicou Oradovschi. Bianca Comparato, por sua vez, evitou construir uma personagem que despertasse pena ou simpatia. “O cuidado era não criar desculpas que minimizassem o crime”, afirmou.

A atriz ressaltou que o trabalho buscou honrar a seriedade dos fatos, sem romantizar figuras que o país rejeitou na época — e continua rejeitando até hoje.

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