'Anciãs Amazônidas' resgata em forma de arte a sabedoria das mulheres locais

O projeto de muralismo da Casa das Artes tem curadoria de Renata Segtowick e Moara Tupinambá

Emanuele Corrêa
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A história e ancestralidade da região Amazônica é tema de um projeto de muralismo que está disponível para visitação; "Anciãs Amazônidas" reúne artistas graffiteiras, ilustradoras, Mina Ribeirinha, Natália Lobo Tupi, Julia Leão, Brenda Lemos e Mama Quilla, que fizeram do muro interno da Casa das Artes, localizada na rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos (ao lado da Basílica), uma exposição a céu aberto. A curadoria é de Renata Segtowick e Moara Tupinambá.

Cada artista pintou uma mulher que faz parte da cultura local, entre elas: Izete Costa conhecida como dona Nena do "chocolate do combu", além de dona Zeneida Lima, pajé na região do Marajó; Vó Fernanda Sant'Ana, ceramista de Icoaraci; dona Theo, mestra de carimbó de Santarém Novo; Dona Sultana Xavier, Sacaca de Santarém; Coletivo Arapecanga de benzedeiras e produtoras de remédios da aldeia Papagaio, povo Tupinambá Tapajós e dona Fafá, que vende comidas típicas no comércio de Belém.

image "Anciãs Amazônidas" reúne as artistas graffiteiras, ilustradoras Mina Ribeirinha, Natália Lobo Tupi, Julia Leão, Brenda Lemos e Mama Quilla, que fizeram do muro interno da Casa das Artes. (Reprodução / Paulo Korea)

A curadora Renata Segtowick, também artista visual, relembra como surgiu a ideia do projeto e a parceria com Moara Tupinambá. "Foi sugerida pela artista Moara Tupinambá, em um grupo de discussões artísticas que participamos. Eu abracei a ideia também dando minha contribuição como artista e curadora. Para nós é muito importante que o projeto representasse uma diversidade de olhares, então escolhemos artistas negras, indígenas, periféricas, pardas e brancas", comentou.

A escolha das figuras de mulheres que fazem história no Pará e não estão nos livros, diz Renata, se deu como forma de resgatar e traduzir nas pinturas o que elas representam. "Muitas dessas mulheres que retratamos não estão presentes nos livros ou na TV. E elas cumprem um papel de extrema relevância, que é a manutenção de saberes populares e ancestrais e sua perpetuação para as novas gerações. É mais que um projeto cultural, é mais que um mural artístico, é um resgate das nossas ancestralidades amazônidas, tão diversas e ricas", destacou.

A curadora reforça a importância de se investir em arte e que a execução só foi possível devido ao prêmio da Fundação Cultural do Pará (FCP) de Incentivo à arte e à cultura. "Foi realizado e está disponível para visitação na parte interna da Casa das Artes, e em breve disponibilizaremos os vídeos nas nossas plataformas e mídias sociais sobre o processo, as artistas e anciãs representadas. Nossa mensagem para o público é de orgulho de quem somos, de onde viemos, e levar essa semente para o futuro, para onde formos. Identidade cultural nos diferencia e nos torna especiais, conta para o mundo: eu estou aqui, eu sou", concluiu.

A artista Brenda Lemos é advogada e estudante de design e já trabalha com ilustração. Ela conta que sempre gostou de arte, mas começou a trabalhar profissionalmente em 2020, no começo da pandemia. O convite a deixou muito feliz, enquanto artista foi a primeira experiência de muralismo. "Eu atualmente retrato a importância da mulher na sociedade e a valorização da cultura paraense, então esse mural representa muito pra mim. Pintar uma mulher como a Zeneida Lima pra mim, foi uma honra, pois ela é uma mulher marajoara, ambientalista, escritora, educadora e Pajé. E espero poder despertar nas pessoas a importância de valorizarmos essas mulheres e seus saberes", declarou.

Brenda espera que mais mulheres ocupem os espaços da arte na cidade, seja nas pinturas ou consumindo esses trabalhos, mas principalmente executando. "O cenário do muralismo em Belém precisa ser ocupado por mulheres, na verdade o cenário artístico como um todo. Acredito que uma forma de incentivar esse cenário é contratando artistas mulheres e consumindo também os seus trabalhos", finalizou.

Cada obra terá um QR-Code para acessar o vídeo de cada uma das artistas, para conhecer mais o trabalho delas e as mulheres que elas retraram nas pinturas.

 

Serviço

Evento: projeto de muralismo “Anciãs Amazônidas” 

Local: Parede da Casa das Artes, localizada na rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos (ao lado da Basílica), esquina com a travessa 14 de Março. Ao lado do ITA Center Parque.

Artistas: Mina Ribeirinha, Natália Lobo Tupi, Julia Leão, Brenda Lemos e Mama Quilla.

Curadoras: Renata Segtowick e Moara Tupinambá

Redes sociais e informações: instagram.com/ancias.amazonidas

instagram.com/marpara_
https://www.youtube.com/@ancias.amazonidas
https://www.youtube.com/@marpara_

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