Dona Coló já foi homenageada pelo Boi Garantido no Festival de Parintins; relembre
Erveira do Ver-o-Peso, que morreu aos 73 anos nesta terça-feira (30), foi citada em toada apresentada em 2019, que exaltou mulheres guardiãs dos saberes tradicionais da Amazônia
Morreu nesta terça-feira (30/12) Clotilde de Souza, conhecida como Dona Coló, uma das erveiras mais conhecidas do Ver-o-Peso, em Belém. Reconhecida internacionalmente pelos saberes tradicionais ligados às ervas medicinais e aos banhos de cheiro, ela chegou a ser homenageada no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, onde teve o nome citado diretamente em uma toada apresentada pelo Boi Garantido.
A homenagem ocorreu em 2019, ano em que o Boi Garantido foi campeão do Festival de Parintins e conquistou seu 32º título.
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Aos 73 anos, Dona Coló morreu em decorrência de uma parada cardíaca. A informação foi confirmada à reportagem do Grupo Liberal por sua filha, Leila do Socorro. A erveira estava internada há cerca de 15 dias no Hospital Abelardo Santos, em Belém, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
Relembre a homenagem do Boi Garantido
A homenagem a Dona Coló ocorreu durante o 54º Festival Folclórico de Parintins, quando o Boi Garantido levou à arena o tema “Nós, o Povo”, exaltando as lutas, a cultura e a identidade do povo brasileiro ao longo das três noites de apresentação.
Naquele ano, o boi vermelho e branco venceu a segunda e a terceira noites do festival e empatou a primeira, garantindo o título. Entre os destaques do espetáculo, esteve a valorização das mulheres erveiras, reconhecidas como guardiãs dos saberes tradicionais da Amazônia.
Esses saberes foram celebrados na toada “Erveiras da Amazônia”, em ritmo de carimbó, que cita diretamente o Ver-o-Peso, em Belém, e menciona erveiras conhecidas da capital paraense, como Dona Coló, Beth Cheirosinha e Dona Maria. Um dos trechos diz: “É no Ver-o-Peso em Belém do Pará, as ervas e banhos de cheiro pra cabocla te encantar”.
A canção tem autoria de Hugo Levy, Ivânia Neves e Marcos Moreno, foi gravada pelo cantor Edilson Santana e reforça que, além das ervas e essências regionais, a tradição envolve fé, com referência à Nossa Senhora de Nazaré.
Confira a letra da toada que cita Dona Coló:
Leva o banho de cheiro que hoje eu vou preparar,
com a cajila de boto, patchuli e vindica,
leva o banho de cheiro, não deixe de levar,
é o feitiço do norte de Belém do Pará
Lê, lê, lê, lê...
É, é no Ver o Peso em Belém do Pará,
as ervas e banhos de cheiro,
pra cabocla te encantar,
vem Pra Mim, Agarradinho,
Pega e Não Me Larga Mais,
Comigo Ninguém Pode, o Encanto da Mulher
faz Querer Quem Não Me Quer
E as erveiras sabem os segredos,
das ervas e essências regionais,
levanta a moral, o chama da bôta,
de efeitos sensuais,
Tia Coló, Dona Cheirosa, tia Maria,
E outras erveiras mais,
É lá, é lá, na margem do meu Amazonas,
É no Ver o Peso em Belém do Pará.
Tudo cura essas ervas benditas,
mas não basta só querer,
tem que ter muita fé,
nos encantos da Amazônia e na Virgem de Nazaré.
Lê, lê, lê, lê...
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