Comunicar-se bem é preciso: os percalços comunicativos de Jair Bolsonaro Rodolfo Marques 05.04.19 7h00 Desde a campanha eleitoral para a Presidência da República, em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) optou em utilizar os recursos das mídias e redes sociais – principalmente o Twitter e o Facebook – para se comunicar com o seu público. Seria uma comunicação com menos “intermediários”, uma forma de fortalecer o contato direto com o seu eleitor, tanto para fugir da mediação dos canais tradicionais – emissoras de TV e de Rádio, jornais e revistas – quanto para construir um “exército de seguidores” alinhado às suas ideias e bandeiras políticas. A relação de Jair Bolsonaro com os principais meios de comunicação do Brasil sempre foi tensa. Esse incômodo ficou claro, inclusive, com a ausência em alguns debates eleitorais tanto na TV quanto no Rádio – e, após o atentado praticado contra ele, em Minas Gerais, no início do setembro do ano passado, a sua ausência se consolidou. Recorde-se também que ele teve pouquíssimo tempo de campanha eleitoral em rádio e televisão e soube usar, estrategicamente, a Internet como instrumento principal de sua abordagem. E tal tensão vem se acentuando nos primeiros meses de seu governo. Mesmo após eleito, Bolsonaro procurou escolher determinados veículos para se pronunciar publicamente, em detrimento de usar a pluralidade e a relevância de outros canais, algo essencial dentro de uma perspectiva democrática. O conflito e o atrito com as mídias tradicionais e a preferência pelos canais virtuais são características políticas de Bolsonaro, para além de um aspecto estratégico. Em sua ida recente a Israel, no início do mês de abril de 2019, o Presidente da República chegou a criticar a imprensa de uma maneira geral, destacando que ela não consegue divulgar uma pauta positiva, atendo-se somente às críticas. Todavia, algo a se destacar é que está no escopo do papel da imprensa fiscalizar os gestores públicos, apresentando críticas e questionamentos sempre que se fizerem necessários. A grande questão é que usar as chamadas mídias alternativas para se comunicar com o seu público é um direito de qualquer gestor. Todavia, há de se convir que, considerando-se a necessidade de uma permanente prestação de contas – accountability – e a presença importante do contraditório, é essencial que o Presidente da República busque mais canais de comunicação para com a sociedade brasileira já que, apesar de ter sido eleito por 57,7 milhões de brasileiros, ele tem por obrigação governar para todos. E políticas públicas devem ser pensadas para o conjunto da sociedade – e não apenas para grupos específicos. O fortalecimento do uso dos recursos comunicativos, aliás, pode contribuir diretamente na percepção de confiança por parte das pessoas, além de colaborar para a construção da qualidade da democracia. Comunicar-se bem é preciso. E o Presidente Bolsonaro precisa usar os variados recursos de comunicação a seu favor – e a favor do país. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques direito jair bolsonaro COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09