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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Explorar a obra de Ingmar Bergman é descobrir a essência do Cinema

Marco Antonio Moreira

Apaixonados por cinema, cinéfilos e críticos celebraram nesta semana o aniversário de 103 anos do diretor Ingmar Bergman. Como um dos maiores diretores do cinema, Bergman é sempre lembrado por suas obras extraordinárias e pelo profundo compromisso com a arte cinematográfica. Em 73 anos de carreira, dirigiu 52 filmes e mais de 170 peças de teatro. Além da carreira como diretor, Bergman também foi roteirista. Uma rara comunhão de talentos! 

Nascido em 14 de julho de 1918, Bergman iniciou a carreira no teatro em 1941 com Morte de Kasper. Em 1944, escreveu seu primeiro roteiro para o cinema no filme Tortura de Um Desejo, de Alf Sjöberg. Em 1944 dirigiu Crise, seu primeiro filme como diretor e roteirista. Durante os anos 1940, realizou diversas produções elogiadas, como Música na noite (1948) e Prisão (1949). Seu trabalho começou a ser reconhecido mundialmente a partir dos anos 1950 com Juventude (1951), Monika e o Desejo (1952) e Noites de Circo (1953), mas foi com O Sétimo Selo (1956) e Morangos Silvestres (1957) que Bergman adquiriu respeito e admiração quase unânimes da crítica internacional.

Em O Sétimo Selo, acompanhamos a história de um cavaleiro que retorna das Cruzadas e encontra seu país devastado pela peste. Ele tem a fé em Deus estremecida e reflete sobre o significado da sua existência. De maneira surpreendente, surge a Morte, que avisa à ele que chegou sua hora de partir. Com a intenção de adiar sua morte, ele propõe um jogo de xadrez. Caso ganhe, poderia viver. Caso perca, a Morte poderia levá-lo. Em Morangos Silvestres (1957), o personagem principal é um professor de medicina aposentado que viaja para receber uma honraria na sua antiga universidade. No caminho, ao lado de sua nora, ele encontra com jovens que serão seus parceiros em uma viagem com lembranças de sua vida pessoal que surgem combinadas com sentimentos, ressentimentos, frustrações e desilusões.

Premiado em diversos festivais e considerado um mestre do cinema após o lançamento destes filmes, Bergman não se acomodou. Nos anos 1960, escreveu e dirigiu obras primas com uma sequência admirável de produções como Através do Espelho (1961), Luz de Inverno (1962), O Silêncio (1963), Persona (1966), A Hora do Lobo (1967) e Vergonha (1968), entre outros filmes. Nos anos 1970, Bergman escreveu e dirigiu Gritos e Sussurros (1972), visto como sua maior obra fílmica por vários especialistas. Trata-se de um belo e triste drama sobre a relação de três irmãs que precisam conviver com a doença terminal de uma delas, além de lembranças e ressentimentos que geram amor e ódio.

Consolidado como um cineasta inquieto e sempre atuante, Bergman seguiu realizando outras obras importantes nos anos 1970, como Cenas de Um Casamento (1973) (produzido para a televisão sueca), Face a Face (1976), O Ovo da Serpente (1977) e Sonata de Outono (1978), entre outros filmes. Nos anos 1980, ele anunciou sua aposentadoria do cinema com a obra prima Fanny e Alexander (1982). Mas felizmente ainda seguiu escrevendo e dirigindo filmes para a televisão sueca, além de escrever roteiros que foram filmados por vários diretores, principalmente, por Liv Ullman que se destacou como extraordinária atriz em diversos filmes de sua autoria. Seu último filme foi Saraband (2003), com os personagens criados em Cenas de um Casamento (1973).

Sua filmografia revela uma insistente preocupação com o ser humano por meio de histórias pessoais e familiares, a busca de razões para a existência humana, questões de fé e religiosidade, a existência e permanência do amor, a dificuldade de comunicação entre o ser humano entre outros temas. Todos os filmes que dirigiu foram realizados de maneira brilhante, marcante e inspiradora. Cada trabalho apresentou uma preciosidade estética que merece estudo e interpretação. Sua maneira de filmar histórias, dirigir atores geniais (Liv Ullman, Bibi Andersson, Ingrid Thulin, Harriet Andersson, Erland Josephson, Gunnar Björnstrand, Max Von Sydow, entre outros) e apresentar intensas reflexões sobre o ser humano deixaram um legado tão grande para o cinema que é até difícil de mensurar. Desse modo, celebrar Ingmar Bergman é celebrar o cinema como uma arte de intensa expressão que, por meio de vários filmes maravilhosos, merece ser valorizada.

Bergman faleceu em 2007. Assistir ou rever seus filmes até hoje é compreender sua genialidade expressa em cada cena. Momentos memoráveis do cinema se apresentam de modo arrebatador em seus filmes e podem inspirar novas interpretações de sua obra. 

Confira imagens de alguns dos melhores filmes de Ingmar Bergman!

Fotos - Ingmar Bergman

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