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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Cinema escrito

Marco Antonio Moreira

O texto sobre os 70 anos da revista Cahiers du Cinema, publicado na semana passada, me estimulou a pensar, novamente, sobre a importância da crítica cinematográfica na trajetória de cinemaníacos e cinéfilos. Particularmente, desde minha adolescência, procuro ler com frequência críticas de cinema. Lembro que meu pai, Alexandrino Moreira, tinha coluna de cinema semanal no jornal A Folha do Norte e depois, em O Liberal, e era frequente ler seus textos repletos de informações sobre os filmes. Posteriormente, acompanhei as colunas diárias de cinema de Pedro Veriano e Luzia Álvares com ótimas análises fílmicas. Na turma de críticos paraenses tive o privilégio de ler as publicações de Acyr Castro, Vicente Cecim, entre outros. É importante conhecer a história da crítica de cinema do Pará para se compreender como tivemos ótimos críticos de cinema. É significativo conhecer o livro A Crítica de Cinema em Belém (1983) de Pedro Veriano (com colaboração de Luzia Álvares, Maiolino Miranda e José Augusto Afonso II) que tem um excelente trabalho de pesquisa sobre a crítica cinematográfica paraense.

Diversos críticos de cinema no Brasil foram expressivos no procedimento de compartilhar informações e críticas sobre filmes. Muitos se tornaram referências para várias gerações de cinemaníacos como Antonio Muniz Vianna, Ely Azeredo, José Carlos Avellar, Maurício Gomes Leite Sérgio Augusto, Rubens Ewald Filho, Pola Vartuck, Hélio Nascimento, Luiz Zanin, entre outros. Atualmente, novos críticos estão em atividade e têm contribuído com a formação cultural de vários cinemaníacos. Para conhecer novos nomes da crítica brasileira sugiro a leitura das publicações sobre os melhores filmes brasileiros (ficção, animação e documentário) da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) com a participação de críticos de vários estados brasileiros.   

Como referência internacional, entendo que é imprescindível ler as publicações do crítico francês André Bazin que elevou o ato de escrever sobre cinema a um nível mais elaborado com influências de outras áreas de conhecimento. Para ser aprofundar na obra de Bazin indico o livro O Que é o Cinema? (2014). Outros críticos franceses merecem destaque como François Truffaut e Jean-Luc Godard (que depois se tornaram cineastas). Com a disponibilidade da internet para diversas pesquisas sobre cinema, ficou acessível a obra de vários críticos de cinema de várias épocas como Otis Ferguson (crítico norte-americano que escreveu sobre cinema durante os anos 1930), Iris Barry (escreveu sobre cinema entre os anos 1920 e 1950), Pauline Kael (crítica norte-americana com influente atuação nos anos 1970), Roger Ebert (primeiro crítico de cinema a ganhar um prêmio Pulitzer, em 1975), Jonathan Rosenbaum, entre outros.

Como leitor e crítico de cinema, entendo que escrever sobre filmes é um ato democrático colaborativo com a interpretação do espectador. Evidente que, de modo distinto, o leitor lê opiniões diferentes da sua visão sobre um filme, mas é preciso ter consciência que as diferenças de opinião reforçam a importância da troca de ideias e interpretações sobre uma obra artística. Percebo que os críticos podem ser mediadores entre uma obra e o espectador ao oferecem alternativas de pensamento cinematográfico que incentivam outras reflexões sobre um filme. Afinal, os conhecimentos adquiridos por muitos críticos, estudiosos e teóricos de cinema podem ser compartilhados e sou muito grato a todos aqueles críticos de arte que conheci por meio de artigos, críticas e textos me estimularam a desenvolver um senso crítico mais exigente sobre a sétima arte.

Ao valorizar a crítica cinematográfica, estou de acordo com a diversidade das análises fílmicas que contribuem com o estimulo de ideias relacionadas a outras premissas de uma obra cinematográfica. Dessa maneira, entendo que é essencial ampliar conhecimentos sobre os filmes por meio de teorias, conceitos e reflexões sobre o cinema.  Cabe ao leitor perceber as diferenças de premissas de cada crítico que pode ter referências vinculadas, por exemplo, a diversas áreas de estudo. De acordo com Angelo Moscariello em Como ver um Filme (1985), existem diversas tendências de pensamento crítico sobre os filmes e o leitor pode ter contato com, por exemplo, críticas formalistas, conteudistas, psicologistas, sociológicas, psicanalíticas, experimentais, estruturalistas, entre outras.

Segundo o crítico José Geraldo Couto, o papel do crítico de cinema é aprimorar o olhar, aguçar a sensibilidade e incitar a inteligência do espectador. Em total concordância com Couto, desejo parabéns a todos aqueles que estão nesta função e que demonstram em cada artigo, de certa maneira, um grande amor pelo cinema!

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