Cinema Brasileiro em dupla comemoração Marco Antonio Moreira 05.11.21 19h53 Os dias 05 de novembro e 19 de junho, respectivamente, são lembrados como os dias do cinema brasileiro. Em 05 de novembro de 1896, ocorreu a primeira projeção de filmes no Rio de Janeiro, em salas temporárias, ou seja, lugares adaptados para exibição de filmes. Foi a primeira exibição pública de cinema no país realizada quase um ano depois da sessão histórica dos irmãos Lumière, em Paris, quando foi apresentado publicamente o aparelho cinematógrafo por meio de diversos filmes de curta duração dos Lumière. Em 19 de junho de 1898, Afonso Segreto realizou as primeiras filmagens em solo brasileiro, a partir de um navio, na baía da Guanabara (historiadores consideram que as primeiras gravações brasileiras teriam acontecido em 1897, em Petrópolis). Nas constantes polêmicas que cercam nosso país, em diversos campos de atuação, ter como referência dois dias do ano como o dia do cinema brasileiro, pode parecer, no mínimo, um exagero. Mas, de certa maneira, é admissível considerar como referências para o cinema brasileiro as datas da primeira exibição de filmes e a primeira filmagem realizada no país. Afinal, ainda precisamos comemorar duplamente a trajetória do cinema nacional, que em todos os anos de sua existência, nos provoca reflexões, pesquisas e valorização de sua trajetória. Entre diversos argumentos para reforçar a necessidade de se comemorar duplamente a existência do cinema nacional, entendo que a principal razão tem relação com o público brasileiro que, infelizmente, mantém-se ,muitas vezes, distante da produção cinematográfica realizada no Brasil. Para entender a trajetória do cinema nacional e sua relação com o público, é necessário contextualizar suas produções. Os filmes do cinema silencioso (anos 1910 e 1920), em sua maioria, poucas vezes conseguiram chamar atenção dos espectadores. Nesse período, o grande destaque foi Limite (1930) de Mário Peixoto. Felizmente, nos anos 1950, com as comédias protagonizadas por Oscarito e Grande Otelo, foi possível perceber uma intensa aproximação do público por meio das Chanchadas que lotavam os cinemas daquele período e permitiram que produções brasileiras chegassem às salas de cinema nacionais com mais frequência graças aos seus sucessos. Nos anos 1960, o movimento Cinema Novo, liderado por Glauber Rocha e Nelson Rodrigues dos Santos tornou nosso cinema mais atento a questões políticas e sociais, mas não teve sucessos de público que, raramente prestigiou de modo expressivo a exibição destes filmes nos cinemas. Nos anos 1970, com evidência para os filmes infantis e pornochanchada, o público brasileiro voltou a prestigiar as produções brasileiras, mas sem notar efetivamente o surgimento de novos cineastas e filmes de excelente produção, renomados pela crítica e premiados nacional e internacionalmente. Nos anos 1980, a proposta de aproximar o cinema nacional por meio de diversos filmes foi bem sucedida, diversas vezes, mas no início dos anos 1990, com a extinção da Empresa Brasileira de Filmes (EMBRAFILME), a produção, distribuição e exibição de filmes brasileiros ficaram comprometidas durante muitos anos. O cinema nacional da retomada de produções e exibições, a partir de 1995, começou a conquistar seu espaço com filmes como Carlota Joaquina (1995) de Carla Camurati e Central do Brasil (1998) de Walter Salles Junior. Neste período, diversos sucessos fortaleceram a relação do cinema nacional com o público. Nos anos 2000, os desafios continuam. Alguns filmes brasileiros são premiados no exterior, novos e veteranos cineastas realizam filmes de qualidade, mas muitas vezes a distância com o espectador ainda é percebida. A comparação dos filmes nacionais com os filmes estrangeiros, que obviamente têm outras condições de realização incluindo altos investimentos públicos e privados, é injusta. Mas entendo que o mais grave é o preconceito! Avalia-se o cinema nacional por um filme ou dois, de décadas anteriores, e se generaliza seu status de evolução técnica e estética, de maneira incompreensível. Diversas vezes em sala de aula perguntei aos alunos sobre o cinema nacional e muitos não conheciam os filmes mais recentes, assim como os clássicos. Em outras ocasiões, em debates sobre os filmes brasileiros, percebi o pouco interesse de alguns espectadores sobre o que foi realizado no cinema em nosso país. É preciso novas perspectivas para o cinema brasileiro. Conhecer sua história é um bom começo para se valorizar sua trajetória. Logo, por essa e outras razões, entendo que ainda é necessário celebrar o dia do cinema nacional em duas datas. Quem sabe, um dia, não precisaremos de nenhuma data especifica para saber e lembrar que temos uma bela cinematografia! Confira a relação dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos de acordo com a Associação Brasileiras de Críticos de Cinema (ABRACCINE): 1. Limite (1931), de Mario Peixoto 2. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha 3. Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos 4. Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho 5. Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha 6. O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla 7. São Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person 8. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles 9. O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte 10. Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade 11. Central do Brasil (1998), de Walter Salles 12. Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco 13. Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado 14. Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman 15. O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho 16. Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho 17. Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho 18. Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues 19. Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias 20. São Bernardo (1974), de Leon Hirszman 21. Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna 22. Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri 23. Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra 24. Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro 25. Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci 26. A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1968), de Roberto Santos 27. Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos 28. Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho 29. Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos 30. Tropa de Elite (2007), de José Padilha 31. O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade 32. Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci 33. Santiago (2007), de João Moreira Salles 34. O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha 35. Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (2010), de José Padilha 36. O Invasor (2002), de Beto Brant 37. Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos Oliveira 38. Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Julio Bressane 39. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto 40. Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra 41. O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga 42. A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral 43. Sem Essa Aranha (1970), de Rogério Sganzerla 44. SuperOutro (1989), de Edgard Navarro 45. Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach 46. À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins 47. Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas 48. A Mulher de Todos (1969), de Rogério Sganzerla 49. Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos 50. Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach 51. A Margem (1967), de Ozualdo Candeias 52. Toda Nudez Será Castigada (1973), de Arnaldo Jabor 53. Madame Satã (2000), de Karim Ainouz 54. A Falecida (1965), de Leon Hirzman 55. O Despertar da Besta – Ritual dos Sádicos (1969), de José Mojica Marins 56. Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor (1978) 57. A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha 58. Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles 59. O Grande Momento (1958), de Roberto Santos 60. O Lobo Atrás da Porta (2014), de Fernando Coimbra 61. O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco 62. O Homem que Virou Suco (1980), de João Batista de Andrade 63. O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes 64. O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto 65. A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Junior 66. O Caso dos Irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person 67. Ônibus 174 (2002), de José Padilha 68. O Anjo Nasceu (1969), de Julio Bressane 69. Meu Nome é… Tonho (1969), de Ozualdo Candeias 70. O Céu de Suely (2006), de Karim Ainouz 71. Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert 72. Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bondanzky 73. Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda 74. Estômago (2010), de Marcos Jorge 75. Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes 76. Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira 77. Pra Frente, Brasil (1982), de Roberto Farias 78. Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1976), de Hector Babenco 79. O Viajante (1999), de Paulo Cezar Saraceni 80. Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach 81. Mar de Rosas (1977), de Ana Carolina 82. O País de São Saruê (1971), de Vladimir Carvalho 83. A Marvada Carne (1985), de André Klotzel 84. Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna 85. Inocência (1983), de Walter Lima Jr. 86. Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis 87. Os Saltimbancos Trapalhões (1981), de J.B. Tanko 88. Di (1977), de Glauber Rocha 89. Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade 90. Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins 91. Cabaret Mineiro (1980), de Carlos Alberto Prates Correia 92. Chuvas de Verão (1977), de Carlos Diegues 93. Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach 94. Aruanda (1960), de Linduarte Noronha 95. Carandiru (2003), de Hector Babenco 96. Blá Blá Blá (1968), de Andrea Tonacci 97. O Signo do Caos (2003), de Rogério Sganzerla 98. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger 99. Meteorango Kid, Herói Intergaláctico (1969), de Andre Luis Oliveira 100. Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (*) 101. Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de Hugo Carvana (*) (*) Empatados na última colocação, com o mesmo número de pontos. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave cine news cultura cinema COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Cine News . Desculpe pela interrupção. 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