'Você sabe com quem está falando?': relembre os principais casos de carteiradas no Brasil
Atitude de invocar a posição social para intimidar pessoas ou impedir uma interpelação ou um questionamento são recorrentes no país

No último domingo (28), uma mulher ofendeu uma chef e um auxiliar de cozinha do restaurante Casa de Saulo no Museu do Amanhã, no Centro do Rio de Janeiro. Durante a agressão, Juliana de Almeida Cezar Machado disse, em tom de ameaça, que era desembargadora, mas na verdade, ela é psicóloga. Casos como o que aconteceu no estabelecimento, mostram que a atitude de invocar a posição social para intimidar pessoas ou impedir uma interpelação ou um questionamento são recorrentes no Brasil. Relembre os principais casos de "carteiradas" no país:
Humilhação a agentes públicos
Em julho de 2020, um homem que se apresentou como "desembargador Eduardo Siqueira" foi flagrado confrontando agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) de Santos, no litoral paulista. Um dos guardas ainda foi chamado de "analfabeto" pelo magistrado, que estava sem máscara, cuja utilização à época era obrigatória na cidade, medida essa instituída por um decreto municipal.
Na mesma época, um fiscal que também chamava a atenção para as regras de distanciamento social foi humilhado por um casal no Rio de Janeiro. Na ocasião, a mulher destilou todo o seu preconceito ao corrigi-lo quanto à posição social de seu marido: "Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você".
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Homem diz ser familiar de padre em briga de trânsito em Belém
Durante uma briga de trânsito em Belém, um homem usou o “status” de supostamente ser familiar de um conhecido sacerdote da capital para tentar coagir outro. Um vídeo mostrando a confusão circulou nas redes sociais, em dezembro de 2021, onde o homem diz ser sobrinho do Padre Elói. Após a repercussão negativa, o homem se desculpou e admitiu que mentiu.
Nas imagens, o homem identificado apenas como Jhonny, aparentemente bêbado e com uma garrafa de bebida na mão, disparou: “Eu estou falando que sou polícia, ‘otário’. Tu sabes quem eu sou? Eu sou sobrinho do padre Elói”, declarou, aparentemente bêbado. Em seguida, passou a xingar o outro envolvido, que também se dizia policial.
Filha de juíza usa parentesco para intimidar policiais ao estacionar
A filha de uma juíza usou seu parentesco com a magistrada para tentar intimidar policiais militares na cidade de Ubá, em Minas Gerais. A "carteirada" aconteceu em agosto de 2022, quando Paula Carneiro, filha da magistrada Vilma Lúcia Gonçalves Carneiro, da Vara da Família, Infância e Juventude da cidade, desceu do carro e pediu para os agentes tirarem a viatura do local onde estava para que ela pudesse estacionar.
Imagens gravadas pelos próprios policiais mostraram quando Paula, que é psiquiatra, desembarca de uma SUV branca e aborda os agentes dizendo: "Sou filha da juíza da Vara de Infância e Juventude. Só queria um lugar para parar, sem confusão", disse. Os policiais então respondem que não podem fazer nada e que não são flanelinhas. E a psiquiatra pergunta: "Está de sacanagem?". Paula então pede o celular, começa a ameaçar os policiais e repete que é filha da juíza.
Casal tenta dar a famosa 'carteirada' em Jericoacoara
Um vídeo que circulou na internet em fevereiro de 2021, mostra uma mulher que se diz dentista insultando os funcionários da prefeitura que trabalham no controle da entrada e saída de turistas e veículos da vila.Tudo porque havia sido solicitado o comprovante de pagamento da Taxa de Turismo Sustentável de Jericoacoara, necessário para acesso à vila.
Em certo ponto ela chega a dizer que no seu estado, a Paraíba, "não existe isso, não". "Eu paguei lá atrás para estar nesse caral** aqui, tá bom? Porque trabalhei a semana toda, contribui com meus impostos para poder estar aqui dando privilégio para vocês, e vocês querendo me tratar como uma vagabunda? Eu sou uma dentista, minha querida!", esbraveja antes de voltar para o veículo.
Mulher humilha funcionários de quiosque
Outro vídeo que viralizou nas redes sociais, em agosto de 2020, mostra uma mulher discutindo com funcionários de um quiosque na praia do Leblon, no Rio de Janeiro. Nas imagens, a agressora aparece visivelmente irritada e afirma: "Vocês mexeram com a mulher errada, sou filha de homem poderoso (...), sou filha de juiz". E segue com as ofensas contra os funcionários dizendo: "Você é um merda, não é nada perto de mim." Testemunhas disseram na época que a mulher ainda proferiu ofensas racistas contra um dos homens da equipe do estabelecimento.
(*Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)
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