Vizinhos reconhecem homem flagrado destruindo relógio de Dom João VI no Planalto

Até a irmã de Ferreira confirmou a identidade do homem terrorista. No entanto, ela evitou dar mais detalhes do rapaz e disse que está “muito triste” e “preocupada” com a situação

O Liberal
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O homem que aparece nas câmeras de segurança do Palácio do Planalto jogando no chão o relógio de Dom João VI durante a invasão golpista do dia 8 de janeiro residia em Catalão, cidade do interior de Goiás com 113 mil habitantes. Doze dias depois do episódio, o Globo esteve no local onde o suspeito morava antes de sumir do mapa e entrevistou quatro pessoas que, ao assistirem às cenas explícitas de vandalismo, afirmaram se tratar do mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos. A cena do vandalismo praticado por ele chocou o país e impulsionou as redes sociais a procurarem informações sobre o rapaz. 

Até a irmã de Ferreira confirmou ao Globo a identidade do homem terrorista. No entanto, ela evitou dar mais detalhes do rapaz e disse que está “muito triste” e “preocupada” com a situação.

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"Eu fiquei sabendo que era ele mesmo pela reportagem do Fantástico. Eu queria até saber notícias de onde ele está. A gente acaba ficando preocupada. Pelas atitudes dele, eu vi que o que ele fez é muito errado. Mas estou preocupada porque não sei se ele foi preso e onde está", disse Rosinaline Alves Ferreira.

Golpista parou de pagar o aluguel

A proprietária da casa alugada por Antônio também afirma se tratar da mesma pessoa que devastou uma peça rara no Planalto. Segundo ela, desde novembro Ferreira deixou de fazer os pagamentos mensais do aluguel de R$ 400, justificando ter gastado dinheiro com as recorrentes viagens a Brasília, onde participava do acampamento em frente ao Quartel General do Exército. A dona do imóvel, que pediu para não ser identificada porque teme retaliação, conta ainda ter ficado estarrecida quando reconheceu o seu inquilino nas imagens que circularam pelo país afora.

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Fanatismo 

Na residência de Ferreira, a fachada da casa abandonada exibe uma bandeira do Brasil e um adesivo com a foto, nome e o número de campanha de Bolsonaro colado na parte superior do portão de entrada. O pintor Valderlei Gonçalves, que mora em um imóvel construído nos fundos do mesmo terreno e teve acesso ao interior da residência, relata que o suspeito deixou para trás uma Bíblia, uma faca, um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, roupas e uma panela cheia de arroz.



O pintor conta ainda que em cima do sofá havia um caderno com anotações escritas à mão ao lado do nome “Bolsonaro”, em letras garrafais. Uma delas é o endereço de um site com informações falsas sobre as urnas eletrônicas.

"Antes daquela bagunça lá em Brasília, ele colocava o hino da Bandeira e tocava durante três horas aquela barulheira", contou o vizinho, relembrando que o suspeito sumiu da residência um dia após o episódio que o tornou conhecido.

Pessoas que tiveram contato com Ferreira relatam que ele costumava mandar mensagens com vídeos em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e com registros de acampamentos golpistas localizados em frente ao QG do Exército. No perfil do WhatsApp do mecânico, há uma foto do acampamento com um boneco extraterrestre verde segurando uma faixa com uma mensagem inconstitucional: “Intervenção militar com Bolsonaro no poder”.

Investigações 

Informações levantadas por investigadores apontam que o automóvel de Ferreira foi flagrado na madrugada do dia 9 de janeiro por câmeras de uma rodovia dirigindo de Brasília para Catalão, a 314 quilômetros da capital federal. Em nota enviada ao Globo, a Polícia Civil de Goiás confirma que “tem contribuído com a Polícia Federal com informações sobre um suspeito de atos de vandalismo no Palácio do Planalto que teria moradia em Goiás”. A PF não comenta investigações em curso.

Ex-chefe de Ferreira em uma oficina mecânica da região, Fernando Zorzetti também confirma ter reconhecido o ex-funcionário após ver a imagem na televisão. Ele disse que o golpista era “uma pessoa simples” e que acredita que “pode ter confundido” o relógio centenário “com um vaso de planta”, sem ter noção que era um patrimônio histórico ou relíquia.

"Eu vi na televisão. Era ele mesmo. Eu tenho 100% de certeza que é ele. Fiquei assustado. 'Como assim, o Claudinho?!'”, afirmou Zorzetti.

A relíquia de Dom João VI

A relíquia de Dom João VI estilhaçada no Planalto é uma das duas peças existentes do relojoeiro francês Balthazar Martinot. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França, no quarto que foi da rainha Maria Antonieta, e tem metade do tamanho do item destruído pelo mecânico. Símbolo do vandalismo provocado pelos invasores, o presente histórico só poderá ser reconstruído com ajuda internacional.
 

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