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Um a cada quatro trabalhadores é demitido por causa da idade; entenda o que é o etarismo

Pesquisa levantou que etarismo ainda é presente nas empresas; especialista afirma que preconceito não tem embasamento científico

Daleth Oliveira

A cada quatro profissionais, um é demitido por causa da idade, revela a pesquisa realizada pelo site Vagas.com. Os dados apontam que 24% dos funcionários já foram dispensados por serem considerados velhos para o cargo. A especialista em gerontologia e diretora executiva do Grupo Cynthia Charone, Ana de Sá, fala que não existe embasamento científico para pensar que pessoas podem ser menos capazes que as outras por causa da idade.

"O talento não tem idade! Todas as pessoas, independentemente da sua idade, podem ter diferentes talentos, inclusive na fase mais madura da vida. Até porque na maturidade as pessoas já têm uma experiência muito mais relevante e importante para as organizações. Então de fato não é a idade que determina o talento”, defende.

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O levantamento foi feito em agosto de 2022 e contou com a participação de 252 profissionais de recursos humanos (RH). Os resultados mostram que a discriminação com profissionais mais velhos começa no momento da seleção - 21% dos entrevistados afirmaram que considerariam eliminar um candidato por causa da idade, enquanto 79% disseram que seriam contra essa possibilidade.

Questionados se a empresa para qual trabalham já contratou alguém com mais de 50 anos nos últimos seis meses, 58% dos profissionais de RH, responderam que sim. Porém, 42% deram uma resposta negativa, ou seja, não contrataram profissionais mais velhos.

Além disso, 81% dos entrevistados falaram que as empresas não realizaram nenhum programa voltado para a contratação de trabalhadores com mais de 50 anos no último ano. Apenas 19% deram resposta positiva.

Etarismo

Etarismo é a discriminação com uma pessoa pela idade, acreditando que ela é menos capaz de exercer certa função ou trabalho. Palestras sobre o tema são praticamente inexistentes dentro do mundo corporativo, revelou também a pesquisa. Dos entrevistados, 90% responderam que nem sabem o que é etarismo e apenas 10% afirmaram conhecer o tema.

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Outra questão levantada é que 55% disseram que precisaram convencer o gestor sobre a importância de contratar um profissional mais velho. Outros 45% responderam que não precisavam passar por uma situação como essa.

Para a Ana de Sá, é preciso conscientizar cada vez mais as organizações da importância da diversidade, inclusive de faixa etária. "A idade é um dos fatores que pesam nessa inclusão corporativa. Então, é importante que as empresas possam cada vez mais estar preparadas para essa troca intergeracional. E que possamos construir uma sociedade cada vez mais livre de preconceitos, inclusive os de natureza etária”, declara Ana de Sá.

A especialista explica que as transformações físicas e mentais do processo de envelhecimento não justificam o preconceito, e complementa dizendo que nunca é tarde para buscar uma nova carreira profissional.

"Infelizmente, há ainda um preconceito muito forte em relação à idade, e isso é cultural. Claro, há transformações biológicas próprias nesse processo e, com isso, conforme a pessoa vai envelhecendo, muitas vezes vai sendo associada a declínios, a perda de uma função social. Mas, muitas pessoas fazem transição de carreira aos 40, 50, 60 anos e descobrem uma nova profissão, realizam uma nova faculdade ou um desejo guardado ao longo da sua vida. Então é muito importante e extremamente saudável esse tipo de mudança para a vida das pessoas", pontua.

O doutor em administração Eduardo Vasconcelos destaca que as empresas ganham em deixar o etarismo de lado e passar a considerar a responsabilidade, experiência, comprometimento e a inteligência emocional como um diferencial dos mais velhos.

"Profissionais com mais de 50 anos costumam ser mais leais aos seus empregadores, muitos conseguem demonstrar características de liderança, com capacidade de mentoria, ou seja, consegue direcionar os outros colegas mais jovens justamente por serem mais pacientes, experientes e resilientes. E isso é muito importante para o mercado de trabalho”, diz o especialista.

Eduardo complementa que a idade não é um fator que seja via de regra para determinar se é ou não um bom profissional. Porém, na maioria dos casos, “os mais velhos costumam ser profissionais que demonstram responsabilidade, com um equilíbrio maior na hora de lidar com situações adversas”.

“Precisamos entender que a diversidade veio pra ficar na sociedade e mercado de trabalho. Então, para as empresas serem mais competitivas, elas precisam se atentar para a ordem do dia. E elas ganham com isso, pois, com a contratação de pessoas mais velhas, as empresas recebem experiências riquíssimas. Além disso, quando você tem clientes de outras faixas etárias, é legal que eles se vejam nos profissionais que estão prestando serviço, gerando uma identificação. E isso é um ponto que pode ser explorado por parte da organização”, considera Vasconcelos.

Envelhecer é natural

Ano passado, a Organização Nacional da Saúde (OMS) desistiu de classificar o envelhecimento como doença. Portanto, ele pode ser saudável, descartando o preconceito de que a passagem do tempo relaciona-se às doenças. “A sociedade deve entender que o envelhecimento é um processo natural pelo qual todos nós estamos passando ao longo da vida, e não pensar que ele acontece apenas aos 60 anos”, diz Ana de Sá.

“Então é importante que as pessoas saibam que o envelhecimento deve ser um aspecto pensado por toda a sociedade, porque vai acontecer com todos nós, e por isso devemos estar engajados com essa questão para que possamos favorecer um envelhecimento cada vez mais ativo e mais saudável para as pessoas e para a sociedade”, finaliza a especialista.

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