Racismo: influenciadoras que deram banana e macaco de pelúcia a crianças serão ouvidas nesta segunda
Especialista em direito antidiscriminatório afirma que o vídeo apresenta o chamado "racismo recreativo", quando alguém usa de "discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão"
Investigadas em inquérito de racismo contra duas crianças, as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves serão ouvidas nesta segunda-feira (12), às 10h, na Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi), após a advogada de defesa ter pedido remarcação da data 10 minutos antes do horário dos depoimentos, inicialmente marcados para a última terça-feira (6).
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As duas influenciadoras digitais, que são mãe e filha, publicaram na plataforma TikTok vídeos em que aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e até dinheiro para duas crianças abordadas nas ruas.
Em um dos registros, Kerollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde: "só isso?". O menino diz que não gostou e sai andando.
Em outra gravação, a mulher para uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5 ou uma caixa. A criança opta pelo "presente", abre a caixa, vê que se trata de um macaco de pelúcia, aparenta ter ficado feliz, abraça o brinquedo e agradece a influencer.
Investigação
A especialista em direito antidiscriminatório Fayda Belo fez uma denúncia em uma rede social - assim elas começaram a ser investigadas. A advogada afirma que o vídeo apresenta o chamado "racismo recreativo", quando alguém usa de "discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão".
A Decradi já sabe que os vídeos foram gravados em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. As duas vivem no bairro Jardim Catarina, também em São Gonçalo. A dupla tem mais de um milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões de inscritos no Tiktok. O vídeo em que as duas crianças aparecem foram retirados das redes sociais das duas.
Em nota divulgada por sua assessoria jurídica, as duas disseram que "não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias".
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