PF prende quadrilha que fraudava documentos para emitir registros para falsos médicos
Os investigados pagavam de R$ 45 mil a R$ 400 mil e recebiam documentos com selo e logotipo iguais aos de universidade

Três pessoas foram presas pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fasificação de documentos de faculdades de medicina para obter registros de Conselhos e vendê-los para falsos médicos.
Segundo as investigações, os suspeitos criavam documentos falsos muito parecidos aos originais, utilizando papel de qualidade, e reproduziam o logotipo de universidades, sendo a maioria com dados da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Pelo menos 65 registros foram obtidos junto ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) com documentos falsos.
Com as documentações, qualquer um poderia se passar por médico formado. Como são as universidades que enviam a primeira documentação dos alunos formados para os conselhos regionais de medicina, os criminosos também criaram e-mail falso em nome das instituições de ensino. No caso da Uneb, a quadrilha usava o e-mail "validacao@portaluneb.gov.br" e conseguiu enganar o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com a investigação da PF, os falsos médicos pagavam de R$ 45 mil a 400 mil e recebiam documentos com selo e logotipo iguais aos da Uneb com histórico escolar, diploma e até monografia.
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Falsos Médicos
Diego da Silva Jacome de Lima está entre os suspeitos investigados pela PF. Em depoimento, ele disse que que nunca foi ao campus da Uneb, que pagou R$ 45 mil e recebeu em casa toda a documentação falsa.
Já Jonny Teixeira Carreiros contou à polícia que estudou medicina no Paraguai, mas não se formou e que pagou R$ 80 mil pelo esquema. Ele foi preso em fevereiro deste ano, quando trabalhava como médico e passou 9 dias na cadeia. Os advogados dele disseram que ele foi vítima de um golpe.
Enfermeira de formação, Cássia Santos de Lima Menezes admitiu em depoimento que chegou a gastar R$ 400 mil com os documentos falsos e que chegou a dar plantões como médica.
Marcelo Salgueiro Bruno, dono de uma empresa de ambulância e enfermeiro, também disse em depoimento que pagou R$ 45 mil por documentos. Ele recebeu uma pasta com selo e logotipo iguais aos da Uneb com histórico escolar, diploma e monografia.
Prisões
Em junho, a PF cumpriu quatro mandados de prisão e três pessoas foram presas: Valdelírio Barroso Lima, Reinaldo Santos Ramos e Francisco Gomes Inocêncio Junior, que é médico. A quarta pessoa, Ana Maria Monteiro Neta, apontada como chefe da quadrilha, está foragida.
O que dizem as instituições
A Uneb disse que todos os documentos recebidos pelo Cremerj não foram emitidos ou assinados pela universidade e são ilegítimos.
O Cremerj percebeu uma das fraudes quando uma funcionária desconfiou de documentos e avisou à Polícia Federal, que começou uma investigação. O órgão mudou o processo de checagem e anulou todos os sessenta e cinco registros obtidos com documentação falsa.
O Conselho Federal de Medicina quer criar protocolos de checagem em todo o país. De acordo com o presidente do conselho, José Hiran Gallo, uma equipe vai aos conselhos regionais para levantar dados e entender a fragilidade do sistema para trabalhar numa correção.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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