Paciente que acusa médico de cárcere privado dá detalhes do caso: 'me ajudem a sair daqui'

O cirurgião Bolívar Guerrero Silva está preso desde segunda-feira (18)

Luciana Carvalho
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Em entrevista ao programa “Encontro” da TV Globo, Daiana Chaves Cavalcanti, de 36 anos, contou que foi internada após complicações causadas por uma cirurgia estética no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O médico responsável foi o cirurgião Bolívar Guerrero, que tem seu nome envolvido em polêmicas por manter a paciente em cárcere privado.

Ela fez um apelo em vídeo afirmando que a pele necrosou e que o médico que a atendeu acabou com seus planos. As informações são do portal G1 Rio de Janeiro.

“Quando ele fez o meu peito, que eu fiquei super feliz, que eu juntei dinheiro para poder realizar o meu sonho. Infelizmente, necrosou tudo. Estou aqui muito triste, já chorei. Não aguento mais chorar”, afirmou Daiana. Bolívar está preso desde segunda-feira (18).

A paciente disse ainda que não vê seu filho, de 2 anos, desde junho, quando foi internada. “Eu peço muita ajuda para vocês, que me ajudem a sair daqui, que é isso que eu preciso ser transferida, sair daqui. Porque eu tenho um filho de 2 anos que precisa de mim. Eu não aguento mais esse sofrimento”, disse.

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Segundo o inquérito do caso, enviado à Justiça, há sinais claros de que Daiana pode estar com uma infecção generalizada e em situação grave. A polícia também acredita que a vítima estaria sendo mantida no hospital para ocultar uma atividade criminosa do médico.

Depoimento

Em depoimento à Polícia Civil, o médico negou que a paciente era mantida em cárcere. Ele disse que foi a mulher quem não quis ser transferida e afirmou que dava toda a assistência para ela. Bolívar alega que não houve erro médico e que a paciente tinha acompanhante e acesso ao telefone celular.

Uma amiga de Daiana afirmou em depoimento que o médico fazia chantagem com a paciente para dificultar a transferência. A testemunha contou aos investigadores da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) que paciente estava sendo mantida isolada por causa do cirurgião, que dizia que não usaria a máquina para drenagem da secreção expelida pelo corpo da vítima.

Funcionários do hospital também prestaram depoimentos. Uma profissional chegou a ser questionada se Daiana estava sendo mantida na unidade de saúde por livre e espontânea vontade. Ela disse que nenhum paciente é obrigado a permanecer no hospital. A mulher contou que, mesmo quando não há alta médica, o paciente pode sair da unidade assinando um documento de alta à revelia.

Liminares

A família da paciente conseguiu duas liminares na Justiça, que ainda não foram cumpridas. A primeira, na esfera cível, do dia 14 de julho, que determinava que o Hospital Santa Branca e o médico fizessem a transferência da paciente, sob pena de multa de R$ 2 mil em caso de descumprimento.

Na segunda-feira (18), a Justiça concedeu uma outra liminar, dessa vez na esfera criminal. Mas, ainda assim, Daiana não conseguiu sair do hospital Santa Branca.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) manteve a prisão temporária do cirurgião durante a audiência de custódia na terça (19). Ele foi preso após a denúncia de que estaria mantendo Daiana em cárcere privado na unidade de saúde, da qual é sócio.

Outra vítima

Vanessa Miranda, de 41 anos, uma das oito pacientes que prestaram depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Caxias, na Baixada Fluminense, contra o cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva, afirmou que seu procedimento médico terminou em sérios problemas de saúde. Ela entrou na Justiça contra o médico em 2019 por conta das fortes dores que sente nos seios após a intervenção cirúrgica realizada por Bolívar. Para se prevenir de um possível câncer, ela resolveu passar por uma mastectomia dupla e colocar silicone.

O procedimento de Vanessa com Bolívar foi feito em 2013. Após receber alta, a mulher começou a sentir dores intensas, calor no local, além de vazamento de secreções.

Segundo Vanessa, o médico nem chegou a olhar os exames de risco cirúrgico e nem fez uma visita após a cirurgia. “Quem tirou o dreno do meu peito foi a secretária dele, e deixou um buraco enorme”, afirma.

Após uma ressonância, foi comprovado que ainda restava um pouco da mama e que a prótese estava por cima. “Tentei falar com ele, mas nunca mais me atendeu desde o dia que me chamou de louca. Desde então, vivo com dores, não consigo dormir direito, parei de trabalhar e faço tratamentos psicológicos para lidar com as dores que sinto dia e noite”, completa.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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