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Número de vítimas de médico cirurgião de Novo Hamburgo deve passar de 100, diz a polícia

A Justiça negou a prisão e determinou apenas o afastamento do cirurgião

Luciana Carvalho
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O médico especialista em cirurgias do sistema digestivo, João Couto Neto, é investigado por lesões e mutilações durante procedimentos cirúrgicos. Cerca de 18 famílias afirmam que seus entes queridos morreram após atendimento feito pelo cirurgião em Novo Hamburgo, Região Metropolitana de Porto Alegre (RS). Nesta semana, subiu para 73 o número de vítimas afetadas pelo médico, mas a polícia afirma que o número de vítimas deve passar de 100. As informações são do jornal O Globo.

Há duas semanas, a polícia realizou uma operação de busca e apreensão e pediu a prisão preventiva do médico. Mas a Justiça negou a prisão e determinou apenas o afastamento do cirurgião, por entender que, fora do centro cirúrgico, Couto Neto não oferecia riscos à sociedade.

Desde a primeira denúncia, a Polícia Civil de Novo Hamburgo segue recebendo novos relatos. O cirurgião só atendia em hospitais particulares e chegava a acumular 25 cirurgias em um mesmo plantão.

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As autoridades trabalham com duas linhas de investigação: a primeira aponta que o médico queria aumentar seus ganhos financeiros com o trabalho intenso, o que levava à negligência durante a cirurgia e no pós-operatório. A outra é a hipótese de “crueldade deliberada”, já que as falhas médicas são consideradas “graves”.

“Não conseguimos entender por que ele fazia isso com as pessoas. Às vezes, operava uma região do corpo, mas cortava outra que não tinha a ver com a cirurgia. Houve casos de pessoas que definharam no hospital, morrendo aos poucos. Isso é recorrente nos depoimentos. Ainda vamos evoluir para traçar o seu perfil”, disse o delegado Tarcísio Kaltbach, que defende que seja feita uma avaliação psiquiátrica.

Uma das vítimas era uma idosa de 72 anos. Ela faleceu com uma uma infecção generalizada no abdômen após ter tido o intestino perfurado durante uma cirurgia de retirada de pedras na vesícula realizada por Couto Neto. A idosa é uma das 18 pacientes já identificadas pela Polícia Civil que morreram após serem operadas pelo cirurgião.

“Entre os casos, há uma senhora que está em estado vegetativo há cinco anos, por causa de uma perfuração no fígado. Gente que teve perfuração de veia. Há outra ex-paciente que passou pela nona cirurgia tentando arrumar o intestino. Atribuo tudo o que ele fez de errado à falta de conduta. Faz tanto tempo que isso vem ocorrendo que a gente fica se perguntando por que precisaram acontecer tantos casos para alguma coisa ser feita”, disse Cristiana Costa, filha da idosa.

De acordo com o delegado Kaltbach, o médico esteve na delegacia para prestar depoimento e optou por ficar em silêncio. Os documentos, prontuários e relatórios ainda serão analisados pela perícia. Enquanto isso, a defesa de Neto afirmou que está “aguardando a integralidade do inquérito” para se manifestar.

“É estarrecedor o que ele fazia. Temos fotos de pessoas com a barriga aberta, apodrecendo, e ele não receitava nada, nenhum medicamento. Dizia que não era nada e que tudo ia passar. Temos relatos de tentativa de suicídio dentro do hospital, por causa de tanta dor. Uma vítima, por exemplo, ia fazer a correção de uma hérnia e tinha o intestino perfurado. Uma outra vítima ia fazer uma cirurgia de uma pedra na vesícula e tinha o fígado cortado”, contou o policial.

Dentre os casos ainda há depoimentos que apontam infecção generalizada, trombose, embolia pulmonar e demência após a realização de procedimentos pelo cirurgião.

A polícia também vai investigar a conduta dos hospitais em que o cirurgião trabalhava. Especialmente o Hospital Regina, que concentra todas as denúncias registradas. A depender da investigação, a direção do hospital pode responder por crime de omissão.

Em nota, a assessoria do Hospital Regina disse que está colaborando com a investigação e reforçou que não indicou o cirurgião para nenhum paciente. Segundo o Hospital, das 14 vítimas citadas no processo, apenas quatro formalizaram reclamações. “O médico usava a estrutura do hospital para exercício de sua profissão, sem que a unidade o indicasse a paciente. A direção criou uma Comissão de Comunicação Interna para acolhida e escuta dos representantes dos pacientes e familiares”, diz o comunicado.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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